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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

27 Dez, 2016

O úlltimo Paraíso

neteye.com.br
 
O Butão é um pequeno país situado a dois mil metros de altitude entre a China e a Índia. Ali vivem cerca de sentecentas mil pessoas, num recanto perdido do planeta, que teima em ficar fora da globalização e da ditadura dos seus omnipresentes mercados. Na capital do Butão as ruas são limpas, tranquilas e despoluídas. Com uma política de desenvolvimento controlado, evita-se a exploração massiva dos recursos naturais e preservam-se as suas montanhas da destruição alpinista. É contribuinte líquido para a pegada ecológica.
 
O Butão encontra-se em oitavo lugar no índice FNB(Felicidade Nacional Bruta). Entre outros indicadores encontram-se a educação e a saúde gratuitas. País essencialmente agrícola, privilegia o bem estar colectivo em detrimento do trabalho sem regras e do consumo como felicidade. Mas não existe pobreza no Butão? Existe como em todos os países desenvolvidos. A diferença é que aqui procura-se diminuí-la pela via de uma repartição mais equitativa da riqueza, dentro do princípio do equilibrio entre valores materiais e espirituais.
 
Em época natalícia, considerada de paz e solidariedade, vem a talhe de foice lembrar um conceito de vida que está nos antípodas das valores dominantes nas sociedades do liberalismo capitalista  - a corrida atrás de uma ilusão de felicidade para parte nenhuma. Ali naquele canto perdido dos Himalaias reside o verdadeiro Shangri-la. Ali está, talvez, o último reduto onde o espírito do autêntico Natal ainda existe.
 
MG 

25 Dez, 2016

Nasceu um menino

Nasceu um menino
como  anunciado
sem maternidade
sem berço dourado,
numa manjedoura
se encontra deitado,
por reis adorado
por reis odiado.
Do homem nascido
na mulher gerado
com dor foi parido
 em palhas deitado,
José, o protege
o louva Maria,
a estrela cadente
dança de alegria.
Destino traçado
pregado na cruz
mas não derrotado
seu nome é Jesus,
nascido em Belém
para ser louvado
para sempre, amém
e trazer a esperança
ao ano que vem.

Ó meu menino Jesus
nas palhas adormecido
acorda por um momento
que este mundo está...lixado
 
Meu amado menino,
 
Vais fazer dois mil e catorze anos. Que linda idade. E continuas sempre menino. A noite de 24 de Dezembro comemora o teu nascimento, apenas o teu nascimento. Contudo, os homens associaram a esta data uma outra figura a que chamaram Pai Natal e que te tem roubado protagonismo. Mas tu com a tua humildade não te importas. Para mim serás sempre o aniversariante. Era assim na minha infância e assim continua a ser. Era com enorme alegria que nessa noite punha o meu sapatinho na chaminé e ia dormir ansioso pela tua visita. Nunca me desiludiste. Ao acordar havia sempre uma prendinha. Modesta, certamente, mas era o que podias dar. Compreendia a dificuldade em satisfazeres tanta solicitação. Como compreendia que não conseguisses responder a todos os pedidos. Tanto mais que havia criança que nem sapato tinha no pé, quanto mais na chaminé. Havia e há. Não é culpa tua os homens não seguirem o teu exemplo.
 
Agora já não ponho o sapatinho na chaminé. Isso é fantasia de menino que já não sou. Mesmo aqueles que o são já nada te pedem. Entregam a sua lista de prendas ao dito pai Natal e esperam junto de um simulacro de pinheiro, carregado de bugiganga, que ele lá as deixe. Muitos certamente não te conhecem. Não tardará tempo em que tudo se passará na Net. Sinal dos tempos. Deixa lá, ficas mais liberto para outras tarefas. É por isso e em honra da nossa velha amizade e da minha fidelidade que ouso pedir-te um pouco de atenção.
 
Não te vou pedir aquelas coisas vulgares e repetitivas: paz, amor, felicidade etc. Seria interferir no livre arbítrio que generosamente deste à humanidade. É certo que alguns confundiram-no com lixar o próximo. A ideia de "amai-vos uns aos outros" foi submergida pelo egoísmo que pauta a natureza humana. Haverá excepções, mas o que interessa é a regra. O que te peço neste mundo onde nem todos têm sapatinho é que faças o milagre de iluminar aqueles que te representam. Que não se limitem a repetir rituais seculares. Que retomem a tua mensagem de menino em palhas deitado. Que denunciem as injustiças sociais. Que critiquem os poderosos e a sua luxúria. Que se escandalizem com a pobreza no meio da abundância. Que não bajulem o cinismo de políticos demagógicos. Que sejam uma voz de esperança para uma vida digna de todos, sem excepção. Dois mil anos depois é tempo do reino dos céus descer à terra. Pela nossa amizade e pela nossa confiança volto a colocar o meu sapatinho na chaminé.
MG
 
BOAS FESTAS