Fidel
Fidel de Castro já é uma lenda. Derrubou uma ditadura e sobre as suas cinzas instituiu outra, mas não tinha alternativa. No contexto em que decorreu a revolução cubana, a sua sobrevivência estava dependente de um poder fortemente centralizado. A hostilidade do poderoso vizinho americano contribuiu para reforçar esse poder, e ironicamente para a sua manutenção. O embargo dos Estados Unidos colocou Fidel na órbitra da União Soviética e com o seu apoio garantiu a consolidação do regime.Fidel conseguiu libertar-se da influência do imperialismo norte americano e nesse sentido serviu como modelo para outros países da américa latina. Mas no tabuleiro da geo-política, no período da guerra fria, ficou isolado como um mau exemplo.
O regime cubano, não pode ser analisado na perspectiva dicotómica de ser uma terrível e desumana ditadura ou de um imaculado regime comunista, que trouxe a igualdade e o bem estar social. Foi o que pôde ser nas circunstâncias em que se desenvolveu. Com os limitados recursos existentes, conseguiu instituir um sistema de saúde e de ensino avançados, e ao serviço da população.Não é coisa pouca. É verdade que continuaram a verificar-se elevados níveis de pobreza. Mas poderia ser de outra maneira num pequeno país isolado internacionalmente? E era melhor nos tempos de Fulgêncio Batista? E tinham melhores condições de vida os povos de outros países latinos, mesmo onde existia democracia?
Fidel ficará na História como um líder carismático, e como o homem que ousou desafiar a grande América, e que continuou como um espinho cravado na sua hegemonia ocidental. O comunismo cubano evoluirá como outros regimes similares para uma progressiva abertura política. Cuba foi governada com mão de ferro por Fidel. Partiu o homem, mas a sua memória perdurará.