Namorar: a gabardina e outras técnicas
em "roupas femininas loja"
Sala de professores de uma escola. Intervalo. Os professores chegam das aulas onde acumulam imenso stress. É altura de deixar sair a pressão. As conversas tendem a pender para o chinelo. Manda-se às malvas o racionalismo, o pensamento estruturado, o rigor da análise, a crítica política. Mesmo a terapia sobre a indisciplina, o significado de respeito, a ideia de educação reserva-se para reuniões institucionais. O que predomina nas no bate papo são as emoções feitas banalidades do quotidiano: amores, humores, sexo, aventuras e outras coisas boas da vida.
Dia dos namorados. O assunto está na ordem do dia. As mulheres em grande maioria enredam-se em considerações sobre a sua condição de namoradas. Trintonas quarentonas e cinquentonas discutem qual a lingerie mais adequada para esse dia. Há quem se lembre dos sutians que reagem a estímulos externos da pessoa amada. Uma dama das mais bem informadas disse que a nova tecnologia estava nos seus planos, mas fora do alcance da sua bolsa. Contudo, já tinha preparado uma alternativa. Usando a sua capacidade criativa ia colocar por cima de uma lingerie sexy apenas uma gabardine. Logo aí outra namoradinha contestou o êxito da técnica no seu caso pessoal, pois tendo em consideração que o seu marido estava muito entrosado com a arte de bem beber, teria que se disfarçar de garrafa. Uma outra dama, discreta, tímida, silenciosa e que parecia pouco à vontade, pediu licença para dar opinião acrescentando: "conserva essa ideia da garrafa...quem sabe se ele não resolve usar o saca-rolhas? Ipsis verbi. Gargalhada. Corou! O que foi que eu disse? Campainha. Dispersão. Salva pelo gong. Nova corrida, o dia dos namorados pode esperar.