Dar e tirar
Os autores do colossal aumento de impostos de há quatro anos não têm memória. Ignorando o processo que retirou rendimentos directamente aos trabalhadores, surgem agora como críticos da aplicação de alguns impostos indirectos, que o actual governo teve de aplicar depois da pressão de Bruxelas, como moeda de troca para aceitar o Orçamento do Estado. Mas a maior manifestação da falta de vergonha, prende-se com a tentativa repllicada pelos seus pontas de lança na comunicação, de que estes impostos indirectos e diversificados, são da mesma natureza e ainda maiores que aqueles com que sobrecarregaram os cidadãos.
Contra a demagogia e a mentira convém lembrar que o aumento do IRS de Vítor Gaspar correspondeu a um saque de 3 mil milhões aos trabalhadores. Ao invés, a diminuição da sobretaxa decidida por este Governo deixa nos bolsos dos contribuintes 430 milhões. Com rigor, com excepçãodo ISP, os outros impostos são na sua totalidade inferiores à devolução da sobretaxa, e incidem sobre consumos específicos: tabaco, bebidas alcoólicas, compra de carros novos e o crédito ao consumo.
A ideia que a direita pretende passar, a partir de uma abordagem irreal, de que o Governo dá com uma mão e tira com a outra é um enorme embuste. O que acontece é que ao contrário do passado, houve a preocupação de devolver rendimentos a trabalhadores e de diversificar a carga fiscal. Como disse Mário Centeno entre "dar e tirar" e apenas tirar que foi o que fizeram os governantes de má memória, vai uma distância considerável.
MG