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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Vai para aí uma barganha por causa do esboço do Orçamento, que nem lembra ao demo. Os comentadores da perpétua austeridade, os políticos da austeridade perpétua ressabiados, andam novamente frenéticos em todos os canais da pantalha televisiva.

Tiveram uma ajuda preciosa das instâncias europeias, dominadas pela direita perpetuamente austeritária e vá de malhar no ceguinho, isto  é, no Governo e no seu ministro das Finanças. Vejam lá que despautério. Querem aliviar um pouco, mesmo só um poucochinho o austero cinto aos cidadãos de Portugal. Que escândalo! Este Orçamento é muito optimista. Dá-se a inversão do ónus da prova. Optimista agora não é bom, mas é mau, mesmo muito mauzinho.

Os ditos analistas, que nos torraram a paciência com a inevitável austeridade, apanharam a boleia e patipatá, que Comissão não vai aprovar o rascunho. E respiram alegria por todos poros. Basta vê-los. Até o abominável homem do pingo, bem amargo, que não se via para aí há quatro anos, voltou pela mão do inenarrável José Gomes Ferreira, um órfão austeritário. E perorou sobre tudo e umas botas. Mas o que mais me sensibilizou foram as suas teorias sobre educação. E eu que pensava que o homem percebia era de feijão, de morcela e de sabão macaco. Perante tal sumidade confesso a minha ignorância. Desligo os comentadores, reduzo-me à minha insignificância e só passo a ver telenovelas. Dito e feito.

 

,,Marcelo Caetano tem como uma das imagens de marca as "conversas em família". Marcelo Rebelo de Sousa afilhado, herdou-lhe, o modelo e o jeito. As prédicas televisivas de Marcelo são as conversas em família do século XXI. Mais de um milhão de fiéis discípulos ouviam-no, religiosamente, todos os domingos. O Presidente eleito teceu paulatinamente a sua candidatura durante anos. Partiu para a campanha com metade dos votos garantidos. A  sua  popularidade mediática, a sua simpatia colocaram-no muito à frente e permitiram-lhe "vender-se" como um produto com credibilidade. As ideias políticas não passaram de um acessório na sua "não-campanha"

O PS, como principal força à esquerda, não conseguiu apresentar um candidato com um peso mediático equivalente ou sequer aproximado. Os trunfos mais poderosos da sua área não foram a jogo. Apostou assim em Sampaio da Nóvoa, um académico, com currículo na intervenção cívica, mas completamente desconhecido no eleitorado menos politizado. A sua abrangência à esquerda podia ter êxito numa segunda volta, mas precisava lá ter chegado. Bem se esforçou, mas a luta era muito desigual. Acresce que teve contra si o velho PS agarrado às fidelidades partidárias.

Mas a derrota da esquerda é consequência da não apresentação de um candidato forte e de uma estratégia comum. O egoismo partidário impôs-se a uma dinâmica de convergência, capaz de mobilizar todo o eleitorado da sua área. A esquerda adormeceu com as conversas em família. Não ganhou nem quis ganhar. Mereceu ser vencida.

MG

 

22 Jan, 2016

Marcelo já ganhou?

 

Se conferirmos os títulos que resultam das sondagens sobre as eleições Presidenciais, verificamos que genericamente se baseiam nesta ideia: Marcelo vence as eleições  primeira volta. Numa situação de quase empate, a imprensa por norma ou por desejo tem tendência para valorizar os grandes e os mais mediáticos. Neste caso Marcelo.

Mas com os mesmos resultados podiam-se gerar outros títulos de significado oposto: Marcelo pode ter de disputar uma segunda volta; Sampaio da Nóvoa com hipóteses de passar à segunda volta, por exemplo. Ou de uma forma mais consensual: Sondagens, tudo em aberto.

Interpretações apenas interpretações, sempre no mesmo sentido, correm o risco de cair em saco roto. Mas se assim for, logo virarão o bico ao prego, com a mesma cara de pau. Por isso senhores jornalistas sejam sensatos. Não joguem tudo numa ficha. Podem não perder totalmente, mas perdem a vossa imagem de marca: a isenção.

MG

 

 

 

 

 

 

A campanha presidencial continua como o tempo, cinzenta e desinteressante. Não há uma fagulha que a desperte da apagada e vil tristeza. E não fora uma decisão do Tribunal Constitucional sobre as polémicas subvenções dos políticos, cairia no total esquecimento.

 As subvenções criadas pela Assembleia da República, em benefício próprio, é mais que uma regalia, é um privilégio inadmissível, num regime de igualdade de direitos. Os políticos desempenham funções públicas durante o seu mandato, e por isso são remunerados. Terminadas as suas funções políticas v,oltam a ser apenas cidadãos e como tal devem ser tratados. Criar-lhe um beneficio especial, decorrente do seu serviço público, foi uma aberração democrática. Bem fez o governo de José Sócrates em ter suprimido as subvenções, embora sem aplicação de retroactividade.

Os cortes efectuados nas subvenções em função da situação financeira do Estado, parecem-me justos, na medida em que foram aplicados a todos os cidadãos. O pedido legal, mas éticamente reprovável, feito por um grupo restrito de deputados, ao Tribunal Constitucional, para repor os cortes, revela que estes funcionam como casta, que não tem pudor em se colocar acima dos outros portugueses, com a agravante de o terem feito numa espécie de anonimato.

O TC actuou de acordo com os princípios jurídicos e deu razão aos proponentes. Já o fez noutras situações. O que merece também repulsa é o aproveitamento político que está a ser feito nesta campanha, e tomadas anteriormente  pelo TC mereceram das mesmas pessoas, grande aplauso. Pelos vistos, a incoerência não é atributo da direita ou da esquerda, faz partes da natureza humana em geral, e de acordo com os seus interesses.

MG

 

A campanha para as presidenciais não anda, arrasta-se, perante a indeferença quase geral. Dez candidatos sem gosto vão debitando generalidades. Um bocejo. Para além das candidaturas folclóricas que não se percebe ao que vêm, há as rigorosamente partidárias para unir as suas hostes, mas pouco. Sobram três candidatos  com alguma expressão.

Se quisermos atribuir um cognome a cada um deles na ordem que as sondagens os colocam, Marcelo aparece como o Contorcionista, sempre de acordo com tudo e com todos. Consegue ser e não ser ao mesmo tempo. Num tom coloquial fala de tudo e nada, sem dizer seja o que for. Com o discurso vazio nunca se compromete.

Sampaio da Nóvoa mal ainda chegou já está a ser ostracizado. É uma espécie de Apóstata, colocado fora do mundo da política partidária, pelos seus pares e vários comentadores. Teve a ousadia de se intrometer nesse mundo sem ter currículo, isto é sem ter percorrido o calvário da tarimba partidária. Não se viu nas jotas, nem nas andanças dos pequenos e grandes cargos, com o amén dos partidos, logo não tem a legitimidade, para ser candidato.

Maria de Belém arrancou para a candidatura, nas costas de Costa e contra Costa, como testa de ferro da oposição interna e com o apoio dalguns velhos "barões do PS. Daniel Oliveira chamou-lhe a Sonsa. De facto opondo-se a Marcelo, acaba por ser mais uma opositora da esquerda, principalmente de Sampaio da Nóvoa. Recorrendo muitas vezes à baixa política, atacando adversários no seu carácter é o exemplo de quem não tem estatura para o cargo, apesar do seu longo currículo partidário.

Se Marcelo, um eterno perdedor, ganhar, como dizem as sondagens, consegue-o graças ao  albergue espanhol, que são estas Presidenciais e que Marcelo conseguiu transformar num não-acontecimento. Por este caminho e perante esta indiferença geral, descredibiliza-se a Presidência e a República. Porque não se repõe a Monarquia?

MG

Manuel Alegre é um dos responsáveis pelo consulado Cavaco, ao ter à revelia do PS, e com algum apoio à esquerda, se ter candidatado à Presidência contra o candidato oficial, Mário Soares. Dividiu o PS e com a dispersão de votos à esquerda e permitiu que  Cavaco Silva ocupasse a Presidência por dez anos, com a parcialidade que se conhece.

Dez anos depois o mesmo Alegre  junta a sua influência à ala segurista que candidatou Maria de Belém contra Costa. Aparece agora na campanha como mais um profeta da proclamada (um homem fora política)  de Sampaio da Nóvoa. Ocorre-me uma única palavra: tristeza. Estranha ironia. O alegre se fez triste.

A divisão das esquerdas associada à manhosice do candidato Marcelo, poderá hipotecar à partida, mais uma vez, a vitória de um candidato desta área. E se tivermos mais dez anos de um Presidente da direita, este deverá a sua vitória, também a Manuel Alegre ou melhor a Manuel cada vez mais triste. Mas pior do que tristeza é uma traição à esquerda.

MG

11 Jan, 2016

Ser poema

Quando o sol despertava

Corria pelos trigais e,

Como um espantalho andante

Punha em stress os pardais.

Gostava de ser poeta

Mas um poeta não sou

Não é poeta quem quer

Mas quem expressa a emoção

Numa taça de saber.

Enquanto reinava o dia e,

Douravam os trigais

Eu sentia poesia

Nos trinados dos pardais.

Se nas estrelas navegasse

Em caravelas de luz e,

Em metáforas me afogasse

Punha em versos decassílabos

A métrica dos trigais.

E quando o sol cansado

De tanta seara amar

Se fazia escuridão,

As aves com seu trinado

Paravam de clilrear

Sem saber bem a razão e,

Como não sou poema

Poema não é quem quer

Vou encerrar este tema e,

ver searas crescer.

05 Jan, 2016

Bons Reis

A vida às avessas eis a simbologia que se pode extrair da adoração de um menino pobre por três Reis. Ricos e poderosos, saem dos seus palácios e caminham guiados por uma estrela, para oferecer riquezas terrenas a um desconhecido nascido na pobreza de um estábulo. E para além da crença ou da não crença na sua divindade, a cena da natividade constitui uma lição, nunca aprendida por muitos, de que todos somos pó da mesma estrela. Muitos reis brilharam como fogo fátuo. Vieram e foram, sem deixar rasto visível. Mas os três Magos ,como o Menino, continuam a viver na memória e no coração dos povos, como protagonistas de uma revolução de pensamentos e valores que esteve na génese de uma cultura de tolerância, solidariedade e respeito pela dignidade humana. Os Magos estão hoje enraizados nas tradições populares, como a do cantar os reis, onde se diluem. Como há dois mil anos, sem clivagens sociais. Em tempos de retocesso humanista convém não esquecer. Bons reis.