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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nunca percebi as primárias do PS. A questão da liderança, despoletada por António Costa, após as eleições europeias, devia ter sido resolvida, de acordo com os estatutos, ou seja com a convocação de um congresso extraordinário. Não foi essa a decisão de Seguro, que controla os principais órgãos de decisão. Preferiu diferir a disputa da liderança para as calendas. Como diz o povo "enquanto o pau vai e vem folgam as costas". Entretanto, o país vai ficar sem oposição eficaz durante meses. Mas como diz o outro: que se lixe!

 

Começaram hoje as inscrições  de simpatizantes interessados em participar nas tais primárias. De acordo com os números divulgados na comunicação social, já se inscreveram mais de três mil candidatos. E a procissão ainda nem vai no adro. Pela amostra, as ditas primárias têm mercado. Agora mais complicado é definir o conceito de simpatizante. E ainda mais complicado é garantir que o é de facto.

 

Vi na ficha de candidatura online, que os candidatos têm que declarar que concordam com a Declaração de Princípios do PS e que não estão inscritos em qualquer outro partido político. Desta forma todo o processo assenta na seriedade do putativo simpatizante. Em rigor, a sua declaração não é, minimamente, comprovável. A avaliação de candidaturas está portanto prisioneira da bondade de quem se candidata. A aaceitação da condição de simpatizante é um tiro no escuro. Mas o pior é que pode dar azo a manipulações estranhas aos próprios candidatos que vão concorrer ao cargo de primeiro-ministro. Em conclusão, é um processo que pode correr bem, mas tem todos os ingredientes para poder correr mal. Ou seja, ninguém pode garantir que existe transparência.

 

MG

Isto estava a ficar uma pasmaceira neste inicio de verão. Digo pasmaceira mesmo pasmaceira, porque pasmaceira só pasmaceira já é desde há mais de três anos. Para bom entendedor. Mas do nada, de onde parecia imprevisível, saiu uma bomba que está a despertar este país de sonâmbulos. Já percebeu caro leitor? Claro, clarinho, é isso mesmo. O BES ou o GES, pois. Aí está uma dose cavalar de adrenalina para animar a malta. E vem mesmo a calhar para despertar as consciências. E vem mostrar que esta narrativa da recuperação é uma história da carochinha para entreter papalvos. O que isto mostra depois do BPN é que a desbunda continua. E continua com total impunidade. Se continua a acreditar, ao fim de três anos, nesta ficção de que vive acima das suas possibilidades e tem que empobrecer, quando já é pobre, então se calhar merece o que lhe está a acontecer. Como perguntou a original deputada Odete Santos "quantos mais pobres serão precisos para fazer um rico" ? Ora aí está! Muitos . Porquê? Porque os ricos ganham e gastam cada vez mais. Esses sim acima das suas possibilidades. 

 

MG

imagem net

 

A Alemanha acabou de ganhar o campeonato do Mundo de 2014. Justamente. Foi a melhor equipa em todas as vertentes E reforço a palavra equipa, porque o futebol é um jogo colectivo. 

Messi um futebolista acima da média acabou de ser considerado o melhor jogador. Injustamente. Este prémio, deve ser atribuído ao atleta com a prestação mais competente durante a competição. Apesar de todo o seu valor, não foi. 

A atribuição deste galardão a Messi, em detrimento de futebolistas com actuações muito superiores, traz água no bico. Num outro mundial, Maradona disse que houve mão de Deus. E agora, não terá havido "mãozinha da reaça" ?

 

MG

Vivemos num país de passa culpas. Ninguém se assume como culpado de nada. A culpa é sempre do outro. Da situação que o país atravessa, a culpa continua a ser do Sócrates, quando já não risca nada há anos. O mais preocupante, é que esta imagem, continua a ter aceitação na vox populi. Agora, na voz do economista Daniel Bessa, apresentado como papa da infalibilidade, a culpa de tudo, uma espécie de pecado original, começou com Vítor Constâncio. O Sócrates foi apenas o "executante (ou terrorista) que atirou o avião contra as torres gémeas". Não deixa de ser uma variante a merecer alguma atenção sobre o pensamento dominante. 

 

O pensamento dominante vive a sua realidade. É uma realidade sincrónica e historicamente conjuntural. Não tem profundidade diacrónica nem valor estrutural. Tudo tem a ver com a acção de um ou outro agente político no curto prazo. É como se este país não tivesse um passado de muitos séculos. É como se esta democracia não tivesse quatro décadas. É como se não houvesse um passivo, longamente acumulado. É como se, nunca antes, alguém tivesse cometido erros que cristalizaram num modelo. É como se uma mudança de paradigma não estivesse cativo desse modelo construído geração após geração. É o grau instantâneo da politica e da economia. Nesta análise superficial e sem consistência a culpa é sempre do outro. Daquele que por qualquer circunstância é mais vulnerável. Pobre pátria que tais filhos tem.

 

MG 

 

10 Jul, 2014

Não acontece nada

A pior angústia de quem escreve, por obrigação ou gosto, é a falta de assunto. Nos dias que correm encontrar assunto interessante é quase como procurar agulha em palheiro Revolve-se, revolve-se, e só sai palha. O mundial de futebol já era. Depois de não haver cão nem gato que não tenha dito uns bitaites sobre o assunto é como chover no molhado. Para mais, depois de doses maciças de opiniões e comentários, até enjoa o estômago mais robusto. O vómito está à flor da pele. Não dou para esse peditório.

 

Há pois! E o caso Espírito Santo? Bem, de mansinho como uma brisa matinal vai crescendo e está quase a tornar-se furacão. À partida parece ser assunto que apenas interessa a banqueiros. Parasitas! Que se lixem. Bem, também há os accionistas. Pois, gente de muito dinheiro. Cambada é o que é. Está certo, mas e os depositantes? Bom, os grandes que se aguentem. Exploradores! Os pequenos estão protegidos por uma garantia bancária. Então está tudo no melhor dos mundos. Conversa para encher? Não contribuo.

 

E a Bolsa está mesmo a pirar. Ou não? Pode ser, mas é bem feito. Não me interessa o que acontece a exploradores. Mas lá existem economias de pequenos accionistas. Ou não? A Bolsa é um investimento de risco, uma espécie de casino. Sabe-se. Se puseram lá economias e as perderem é bem feito. Quem tudo crer tudo perde. Garganeiros! Não se perde tempo com viciados. Assunto arrumado.

 

Os mercados começam a ficar nervosos. Aliás, ficam nervosos por dá cá aquela palha. Que fiquem. Bem, mas atrás do sector financeiro está a economia. E a economia somos todos. E lá vamos alegremente de crise em crise até à crise final. Quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão. E o mexilhão somos nós. Fazer o quê? Aguentar. Esperar que o mar acalme. Depois ocupar a orla das praias. O verão é curto. Para quê massacrar as palavras se não acontece nada.

 

MG  

09 Jul, 2014

O "jogo táctico"

O golo é a alma do futebol. O golo faz vibrar os adeptos. Os comentadores de futebol usam na apreciação de determinados jogos a expressão "jogo táctico".  Em linguagem comum, a aludida expressão significa, que as equipas em campo não se preocupam em jogar, mas em não deixar jogar o adversário. Em suma, ninguém arrisca o mínimo. O resultado mais comum do "jogo táctico" é uma igualdade a zero. Neste campeonato mundial tem-se usado e abusado desta estratégia. Daí resultam longos jogos, sujeitos a prolongamento. No fim resolve-se com penáltis.

 

Aí está. Mais do mesmo nas meias finais entre a Argentina e a Holanda. Os penaltis são o justo castigo para duas horas de sacrifício vã. Em poucos minutos haverá um vencedor, possivelmente o mais bafejado pela sorte. Nestas circunstâncias, ambos mereciam perder. Quando se chega a esta situação o mais correcto seria disputar o jogo quarenta e oito horas depois, como acontecia noutros tempos. Para valorizar o futebol espectáculo e a verdade desportiva.

 

PS: desta vez passou a Argentina.

O futebol é um jogo imprevisivel. Daí a sua beleza. Mas e cada vez mais, as tácticas, a estratégia e a dinâmica assumem hoje carácter quase científico. Estuda-se tudo ao pormenor. O improviso e a fé às vezes fazem milagres. No entanto, no futebol como na vida, não são o método para levar um projecto a bom porto.

 

O choque entre o improviso e a organização profissional resultou no massacre da selecção do Brasil. Foi um jogo de sentido único. Uma equipa com o rumo bem definido e outra completamente à deriva. A máquina alemã alemã não esperava tanta fragilidade.

 

Já se tinha visto que esta selecção brasileira está nas antípodas de grandes equipas de outrora. É uma equipa banal com algumas estrelas e um treinador mal preparado do ponto de vista técnico. Aproveitando o factor casa e jogando com equipas relativamente  acessíveis, foi passando entre os pingos da chuva. A eliminação estava  anunciada. Aconteceria, como aconteceu, quando enfrentasse uma equipa muito competente. O que espanta não é a derrota, mas a goleada. Sem dramatismo é essa a beleza do futebol. Perde-se e ganha-se. Um espectáculo, apenas um espectáculo, que gera emoções. A vida continua.

 

MG

Há cem anos começava na Europa mais uma guerra. Foi uma guerra mortífera, quer pelos países que envolveu, quer pela destruição provocada por novas armas. Três décadas depois, a Alemanha nazi, depois de uma política rearmamento, pôs de novo a Europa a ferro e fogo. Diz-se que a última guerra é feita para acabar, de vez, com todas as guerras. Mas não é assim. Os conflitos armados funcionam com base no princípio do eterno retorno. Umas são o fermento de outras.

A derrota da Alemanha, na segunda guerra mundial, criou condições para um longo período de paz na Europa. A divisão do mundo em dois blocos provocou o equilíbrio do terror e deu origem à chamada guerra fria. Essa paz foi, ironicamente, conseguida à custa do crescimento dos armamentos. Gastaram-se rios de dinheiro, tirados da melhoria de vida das populações, para construir armas cada vez mais sofisticadas, usadas pelos blocos em conflitos regionais.

O que a história nos mostra é que as guerra, mau grado todas as intenções e discursos a favor da paz, estão de pedra e cal. Mal acaba na Síria já está a começar na Ucrânia. O recurso a conflitos armados entre e inter-povos está de pedra e cal. Justifica-se por interesses económicos e pela manutenção de uma importante indústria de armamento. 

Os conflitos armados que vão surgindo só terminarão quando mudar o paradigma em que vivemos. Sem acesso a armas é fácil por fim às lutas fratricidas. Mas enquanto a paz estiver refém da produção da indústria bélica, existirá apenas uma falsa paz. Uma paz ilusória. Esta indústria gera milhões e é a principal fautora da eclosão de guerras. Enquanto assim for estaremos sentados num barril de pólvora. A natureza humana, pouco mudou, desde a Antiguidade.

MG 

 

04 Jul, 2014

Canção de Verão

Este Verão anda muito envergonhado e pobrezinho. Talvez esteja a sofrer os efeitos da austeridade custe o que custar. Os ditos mercados já nos tiraram muita qualidade de vida em consequência, dizem, do nosso mau comportamento. Quem nos mandou viver acima das nossas possibilidades? afirmam. Mas parece que ainda não contentes nos querem tirar o nosso saboroso verão.  Não deixem. Com mais ou menos Sol, não percam a alegria e a esperança. E em vez dos antidepressivos das grandes multinacionais ouçam este som espectacular. Não se arrependerão! Aproveitem as Praias de Lisboa:

01 Jul, 2014

Poema de verão

 Fosse eu Sol

ou fosse vento,

nos teus braços

me acolhia,

e no calor do

abraço

encantado

adormecia.

 

Se fosse azul

de céu,

fosse mar

ou maresia,

nos teus olhos

me afogava

nos teus olhos

renascia.

 

 

Se fosse duna

e areia,

onda  praia

e calor,

me enroscava

no teu corpo

contigo fazia

amor.

 

Se luz fosse,

escuridão,

fosse noite

fosse

dia,

me deitava

no teu sono

e no teu sonho

vivia.

 

MG