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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

29 Jun, 2014

S. Pedro popular

São Pedro tem lá no céu

um estatuto popular

em vinte e nove de junho

desce à terra pra reinar

 

trouxe grande reinação

durante uma noite inteira

com grande satisfação

até saltou a fogueira

 

e até de madrugada 

distribuiu simpatia

 ao raiar da alvorada

continuava a folia

 

foi-se embora santo António

foi-se embora são João

está quase a partir S. Pedro

mas fica a exploração

imiiimagem net

 

Faz hoje cem anos. O arquiduque Francisco Fernando era assassinado em Saravejo. Foi a pequena fagulha que faltava para incendir a pradaria. Foi o acontecimento que despoletou a Primeira Guerra Mundial. Contudo já estavam reunidas todas as condições para que a pradaria se incendiasse. A conjuntura que se vinha desenvolvendo, os interesses económicos entre as grandes potências, o controle de riquezas mundiais apontavam um conflito armado. Com este acontecimento, com esta fagulha ou com outra a Grande Guerra mostrava-se inevitável.

 

MG

A minha pátria é a língua portuguesa, escreveu Pessoa. Com efeito, a língua é uma componente indissociável da nacionalidade. Com ela nos entendemos num vasto espaço geográfico, que ultrapassa as fronteiras originais. Com ela expressamos sentimentos e pensamentos. E muitos o fizeram ao longo de oitocentos anos. Palavras que encheram páginas manuscritas e impressas. Prosadores e poetas que mantiveram com a língua uma intimidade permanente. Páginas onde se inscreve a nossa memória colectiva. Textos onde está o ADN que nos caracteriza como uma nação secular. A língua e a portugalidade caminharam sempre lado a lado. Sem o seu contributo é impensável imaginar a nossa autonomia. Libertamo-nos da hegemonia castelhana, com a língua a autonomizar-se da sua matriz latina e das suas variantes peninsulares. Faz hoje oitocentos anos que foi escrito o primeiro documento em português. Depois, muitos outros se foram fazendo. Depois, cresceu e tornou-se adulta, ganhou asas e voou, com a ajuda de grandes mestres. Lembro apenas alguns a título de exemplo: D. Dinis, Fernão Lopes, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Gil Vicente, Camões, António Vieira, Garret, Camilo, Eça,  Pessoa,Torga. E muitos, muitos outros. Hoje, continua viva como sempre. E nela se expressam milhões de falantes em todo o mundo. Oitocentos anos é muito tempo, mas quase nada na vida de uma língua que ganhou a imortalidade.  

 

MG

Define-se milagre como um acontecimento não explicável pelas leis da natureza. Esta definição, não permite, a aplicação do termo, a uma eventual passagem de Portugal à fase seguinte do mundial de futebol. Se Portugal for apurado em função de uma conjugação de resultados favoráveis, não acontece nenhum milagre. Acontece, simplesmente, a aplicação de leis da matemática, inseridas nas leis da natureza.

 

Independentemente de resultados de terceiros, para se dar o aludido "milagre" a equipa tem de fazer, com profissionalismo, o seu trabalho. Para usar uma expressão do mundo do futebol, devem jogar à bola. O que significa que têm que jogar a um ritmo muito mais elevado, com atitude, raça, competência. Resta saber se o conseguem. Uma coisa é querer e outra é poder. E, pelo já visto, é difícil acreditar, que estes jogadores, tenham condições físicas e psicológicas para superarem as suas insuficiências. Para além disso, não jogam sozinhos.

 

MG

 

  

Falência da selecção de futebol? A culpa é do Sócrates. Este podia ser o título principal do Correio da Manhã. De facto, para jornal de grande audiência (porque será?) o ex-primeiro ministro é uma espécie de figura maléfica, um ogre que transporta todos os males de Portugal e arredores. Fez a dívida crescer até cerca de 90% do PIB (agora é mais de 130). Mandou construir estradas, auto estradas, escolas e hospitais, quase levando o país à bancarrota. Sócrates foi penalizado politicamente. Pagou com língua de palmo o mal que fez ao país.

 

Politicamente está morto, mas o seu fantasma continua a pairar sobre o nosso destino. Tanto no que aconteceu, como no que está a acontecer, a mão socrática está sempre presente. E quando se prova que não está, de certeza que estão os socráticos, uma linhagem maldita, que não tem direito a existir. Ou melhor, deve existir como seguro de vida daqueles que nos governam.

 

Aí está. Os jogadores da nossa Selecção estão presos por arames (não havia outros?); a equipa de todos nós não joga puto; o seleccionador orienta-se (ou será orientado?) por critérios muito duvidosos. A quem atribuir responsabilidades? Ao Sócrates, claro. Neste país encontrou-se o bode expiatório perfeito. E o mais curioso é que o povão acreditou e continua a acreditar. A gente que tomou conta do país, construiu o álibi perfeito. Por mil anos. Os fantasmas não morrem.

 

MG 

 

 

Este governo, salvaguardadas as devidas diferenças, faz-me lembrar o partido NAZI de Hitler. Aproveitou  o desencantamento com algumas medidas do governo anterior para chegar ao poder. Com muita demagogia ganhou as eleições. Fez o contrário daquilo que tinha prometido. Enfim é o costume. Mas o mais grave é que trazia no seu ADN as sementes de um poder absoluto. Com uma maioria parlamentar absoluta, com um Presidente  da República da sua área política, com um comportamento titubeante e a denotar algum esclerosismo, governa a seu bel-prazer.

 

Por outro lado, com um PCP que na sua atitude, meramente contestatária, acaba por ser um aliado objectivo da direita e com um PS entregue a personagens mediocres, não tem oposição política eficaz. Resta um sindicalismo cristalizado em atitudes do século passado, sem capacidade de mobilização para uma luta consequente dá-se ao luxo de tratar os trabalhadores, conformados, abaixo de cão vadio.

 

De facto a este governo, para ter poder absoluto só lhe falta um bocadinho. Um bocadinho que eles pensavam , também, ter no bolso. Daí governarem como se não existisse Constituição, ou seja sem balizas legais. É esse bocadinho, denominado Tribunal Constitucional que está a travar o seu projecto de poder totalitário. Não fora haver neste órgão cidadãos respeitadores da lei (alguns da área do governo) e a impunidade era total. Compreende-se a sua sanha contra estes magistrados. Compreende-se os ataques a raiar a boçalidade. Os tiques totalitários já não são disfarçáveis. Compreendo, pois estiveram tão perto. Faltou um bocadinho de nada. Mas faz toda a diferença. A diferença entre a liberdade e opressão.

 

MG

Está na ordem do dia. Não se fala de mais nada. Futebol, futebol, futebol. Debates, comentários , previsões , especulações ocupam os meios visuais de comunicação. Fazem-se directos de treinos. Seguem-se autocarros a transportar atletas. Se um extraterrestre chegasse agora há terra julgaria estar no planeta futebol. O Tribunal Constitucional pronuncia-se dobre inconstitucionalidades. Os ministros e deputados contradizem-se no contraditório. Ninguém liga. Conversa acabada. O que interessa é a cabeça do A, o joelho do B, o golo do C o fim de ciclo do D. O  futebol, não é um desporto, não é espectáculo, é só quase obsessão.

 

Embora não pareça há vida para além do futebol. E muita. Há muita gente de mérito na investigação, na medicina, na astronomia, nas tecnologias. Trabalhos feitos no silêncio dos laboratórios, mas muito úteis para melhorar a qualidade de vida da humanidade. Há gente que labuta para nos pôr comida  na mesa. E há gente que não tem mesa nem comida. Há gente que com suor paga os comentadores e os comentários de que não usufrui. Há gente, milhões, que sem visibilidade, são o sustentáculo desta obsessão colectiva que nos aliena e nos desvia da realidade.

 

MG 

Vinde, senhores, assistir à espantosa história da bela adormecida. Entrou vaidosa e confiante, na sua incomparável beleza, na Arena e até deu um ar da sua graça. Mas foi sol de pouca dura, foi um ar que lhe deu. Imprudente, depressa se picou e voltou a picar nos picos que lhe colocou a bruxa má, com a ajuda do feiticeiro de OZ que fez dos seus guadiões  meros espantalhos.  E foi tão rija a picadela que adormeceu. É certo que ainda se tentaram levantar uns príncipes, mas grande ilusão. Eram apenas príncipes com orelhas de burro, sapos escalorados e anões de perna bem curta. A princesa adormeceu profundamente.

 

O que falta saber, senhoras e senhores, é se de entre candidatos a acordar a princesa, mal escolhidos, mal preparados, mal orientados, se levanta algum verdadeiro príncipe. Há pois, porque ser um real príncipe dá muito trabalho. Não é príncipe quem quer, mas quem faz por isso. E estes julgaram que bastava ter encanto e estatuto privilegiado. No sono profundo em que caiu a bela, vai ser mesmo preciso um batalhão de príncipes, humildes, competentes, solidários, laboriosos, para a acordar.

 

Esperemos pelo próximo capítulo. Aceitam-se palpites.

 

MG 

Imagem net

 

O futebol monopoliza as atenções. Nos grandes meios de comunicação social a antena está ocupada com o mundial. São horas e horas de jogos, análises, debates, previsões. Um enjoo mesmo para quem gosta de futebol como é o meu caso. Dizem que é do que o povo gosta. É verdade. Há anos que o povo gosta de pão e circo. Mesmo que haja mais circo que pão. Para os governantes é uma benção. Pena não haver mundial o ano todo. Era uma constante manipulação. Está nos genes da humanidade.

 

No entanto, há vida para além do futebol. E muita. Vou referir-me especialmente a um acontecimento anual com grande significado cultural. Na minha opinião, mais importante que os desportos de massas, que desde a antiguidade tem variado nos gostos dos cidadãos. Falo em geral da cultura e das feiras do livro em particular. É à cultura que devemos a civilização. Esta, vista no sentido do aperfeiçoamento humano, não seria possível sem o avanço do conhecimento.

 

A feira do livro de Lisboa é mãe de todas as feiras, sem menosprezo pelas outras. E é-o por razões óbvias. Encerra hoje dia quinze de Junho. Durante as semanas em que esteve aberta, trouxe para a rua esses objectos chamados livros. Digamos que desceram ao povoado e se misturaram com o povo anónimo. Digamos que deixaram o ar condicionado e confortável das livrarias e os armazens das editoras, onde entram apenas os fiés, cada vez mais reduzidos, da leitura impressa.

 

Ao contrário do futebol que aliena pela paixão o livro liberta pela razão. A sua presença na rua agita um pouco as consciências, depois regressa às suas capelas durante mais um ano. A iletracia, mau grado o aumento da escolaridade é elevadíssima. Daí que nasçam cada vez menos livros. O que reina são as redes de comunicação visual. Imagens rápidas e rapidamente consumíveis. Mas o livro será sempre eterno. E para mim o livro em papel tem outro encanto, mesmo na hora da despedida. Tem textura, tem cheiro e tem escondida na tinta impressa a vida com as suas agruras e alegrias. Ensina, diverte, emociona, traz dentro de si a súmula da humanidade. Resta a saudade até que volte a sair à rua.

 

MG

13 Jun, 2014

Quadras populares

O que têm em comum santo António e Fernando Pessoa? O santo baptizado como Fernando morreu em Pádua em 13 de Junho de 1231. Pessoa nasceu n odia 13 de Junho de 1888. Haverá coincidências?!

 

No dia de santo António

Nasceu Fernando Pessoa

E o seu primeiro pensamento

Foi p´ras moças de Lisboa

 

 No arraial em Lisboa

Cruzou olhares com Ofélia

E num repente… amou-a

E ofereceu-lhe uma camélia

 

No Porto no são João

Voltou a sentir-lhe o cheiro

Terno pegou-lhe na mão:

Eu sou Alberto Caeiro

 

Quando são Pedro chegou

Com as chaves da paixão

A Ofélia até pensou

Em abrir-lhe o coração:

 

Embora não o  sabeis

Não sou um homem casado

Chamo-me Ricardo Reis

Em medicina formado

 

Estando triste a bela Ofélia

Perguntou a são João

A que homem da camélia

Tinha dado o coração

 

E o santo lhe respondeu

É poeta e fingidor

Finge o amor que te deu

Porque não vive o amor

 

MG

 

 Sou um guardador de rebanhos
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

 

Alberto Caeiro

 

 

 

 

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