A manhã do dia um de Dezembro de 1640 estava fria e um pouco enevoada . Parecia ser mais um dia como tantos outros na vida do país ocupado. Na palácio do governo, a representante de sua alteza real Filipe IV , a duquesa de Mântua, preparavam-se para iniciar mais um dia de governação. Mas iria ser um dia diferente, o primeiro do renascimento da independência nacional.
Às oito horas, começaram a colocar-se, discretamente, junto do Paço os conjurados, como tinha ficado acordado. Era um grupo pequeno de cerca de quarenta nobres. Quando o relógio da Sé marcou nove horas, saíram dos coches, desmontaram dos cavalos, dirigiram-se com determinação para o Paço, dominaram os desprevenidos guardas, entraram no gabinete do espantado secretário da duquesa, Miguel de Vasconcelos. Um tiro certeiro demitiu-o de imediato, enquanto a duquesa, atordoada pela surpresa entrava na sala para ser imediatamente detida. Ao mesmo tempo que atiravam o corpo exangue do secretário para a rua, D. Miguel de Almeida de espada nua nas mãos gritava, com a voz algo embargada pela emoção, para o povo que se começara a juntar:
-Liberdade portugueses! Viva el-rei, D. João o Quarto.
Nesse longínquo dia 1 de Dezembro Portugal voltaria a ser um país soberano. No entanto, a consolidação da independência custaria ainda muito suor e sangue. Só passados vinte e oito anos de luta armada e diplomática foi celebrado o acordo de paz com Castela.
Em 1910 os republicanos que tinham derrubado a monarquia decretaram, ironicamente, o dia 1.º de Dezembro feriado nacional. Hoje, um século depois perdeu essa condição por patriotas de pin na lapela e apenas para cumprir determinações de potências estrangeiras, que com a total conivência dos governante actuais cativaram a nossa soberania. A restauração da independência foi apenas um episódio entre muitos outros da manutenção da independência. E quem pensa que é dado adquirido está enganado. Haverá sempre quem esteja disposto a aliená-la por dez reis de mel coado. Daí que a manutenção de uma nação soberana seja uma luta constante. Daí que os símboços que marcam essa luta como o 1.º de Dezembro ou outras sejam importantes para manter a unidade nacional. Por isso nessa ou noutra data voltará a ser feriado. Quando esta gente sem brio, sem dignidade, sem firmeza e sem competência se for embora. Já faltou mais.
MG