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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

26 Dez, 2013

Natividade

Nasceu um menino

como  anunciado

sem maternidade

sem berço dourado,

numa manjedoura

se encontra deitado,

por reis adorado

por reis odiado.

Do homem nascido

na mulher gerado

com dor foi parido

 em palhas deitado,

José, o protege

o louva Maria,

a estrela cadente

dança de alegria.

Destino traçado

pregado na cruz

mas não derrotado

seu nome é Jesus,

nascido em Belém

para ser louvado

para sempre, amém

e trazer a esperança

ao ano que vem.

 

MG

Caro Pedro, porque bastante caro me estás a sair. Voltaste ao teu papel de cidadão, desceste do limbo ao vale de lágrimas que ajudaste a construir e  usaste o "correio" século XXI para carpir as tuas lágrimas. Comoveste-me. Mas deixa-me dizer que essas são lágrimas de crocodilo. Primeiro aplicas a receita da austeridade a qualquer preço: baixas salários, cortas subsídios, crias desemprego, fomentas miséria. Todos( ou quase) te dizem que essa receita não está a resultar: baixa o consumo, baixa a produção, geram-se falências...menos poder de compra, menos consumo... É um ciclo vicioso que se devora a si próprio. Dizem mas não ouves. Continuas imperturbável nesse caminho errático. Empobrecer, empobrecer, empobrecer. Conduzir para o abismo uma nação secular.  

Caríssimo Pedro, estás a corroer-me as entranhas, a afogar-me num mar de desvario, a contaminar-me o ar que respiro com poluição de insensibilidade. E ainda tens lata para vir fazer o acto de contrição. Tiraste-me o Natal e o que é mais grave os outros trezentos e sessenta e quatro dias. Roubaste-me a esperança da juventude, hipotecaste-me a segurança da meia-idade, desrespeitaste os meus cabelos brancos. Feito lamechas choras sobre a desgraça que estás a criar. Fazes-me lembrar os versos de Chico Buarque (fado tropical)

 "Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). Mesmo uando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

 "Meu coração tem um sereno jeito 

 E as minhas mãos o golpe duro e presto,

 De tal maneira que, depois de feito,

 Desencontrado, eu mesmo me contesto."

 

Com uma coisa tenho de concordar: Este não é o Natal que merecíamos. Este não é o governo que precisávamos. Este não é o país que os egrégios avós sonharam. Prometes um Natal melhor, quiçá um futuro mais próspero, mas não consigo levar-te a sério. Como se pode levar a sério quem abjurou todas as suas promessas. Como se pode levar a sério um moço de recados da grande Germânia? Como já te disse numa carta anterior, tu passarás e eu ficarei. Sempre assim foi há muitos séculos. Mas as mazelas que estás a causar, têm custos que vão para além do pão que estás a tirar. Recuperarei. Peço-te um favor: não voltes a desejar-me um bom Natal. A hipocrisia tem limites. A demagogia está desacreditada. Não ridicularizes mais a função da política. Ao menos ganha um pouco de pudor!

 

Zé Portugal