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Romeu contrata uma profissional do sexo para o iniciar sexualmente. O inspector Shakespeare aproveita para lhe montar uma armadilha. Vai enviar-lhe a agente Julieta no papel de prostituta.
Epílogo
Shakespeare resume o plano que Julieta tem de executar: às vinte e três horas apresenta-se como a prostituta contratada. Diz a senha combinada. Vou colocar-lhe uma discreta pulseira com um transmissor para nos contactar. Estamos no lado de fora. Reproduzimos a chave do apartamento e entramos de imediato quando nos chamar.
Quem é ? perguntou Romeu . À noite todos os gatos são pardos, respondeu Julieta. Romeu abriu a porta: segue-me. A agente estagiária seguiu-o por uma sala obscurecida. No quarto perguntou: porque estão as luzes apagadas? Contratei-te para me dares umas lições de sexo. Sou um pessoa conhecida e prestigiada e não quero ser reconhecido. Acontece que me apaixonei por uma bela dama que ainda não o sabe. Consultei uma cartomante e um astrólogo que me garantiram que serei correspondido, mas que tenho de mostrar proficiência. Deixa-te de tretas Romeu, eu também faço o meu trabalho com profissionalismo e gosto de ver o que faço. Acende a luz, sei ser discreta. Quem te disse o meu nome? Ninguém me disse. Basta-me ouvir o te discurso. Ok…Vou acender a luz.
Romeu viu então uma figura alta, com a silhueta disfarçada por um casaco comprido. A suposta prostituta virou-lhe as costa e foi-se libertando lentamente da peça de vestuário exterior. Por debaixo vestia uma t-shirt ousada e uns calções curtos. Virou-se sem pressa. Romeu embatucou. Julieta de olhos semicerrados desinibiu-se no seu papel: perdeste o pio? Eu não acredito-balbuciou-és a mulher que me tira o sono …e prostituta. Julieta observou o corpo de Romeu seminu e deu uma sonora gargalhada: mas és o tipo que me costuma comer com o olhar. Sou. Afinal já reparaste em mim? Reparei. E digo-te mais, eu não acredito em cartomantes mas que acertam, acertam. Como assim? Em cada dia que passava junto à loja para o meu trabalho me interrogava: será hoje que este pasmado se declara? Caramba, foi preciso o inspector Shakespeare suspeitar que és um assassino para desencalhares da fase do galanço. Raio! O amor se tem mesmo que acontecer salta todas as barreiras e ironia das ironias, regra geral, os namoros acabam na cama, este é onde começa. Sou Julieta Queiroz da polícia Judiciária em serviço de investigação e que investigação...
Romeu e Julieta cruzaram olhares ternurentos e entrelaçaram as mãos. A intensidade do gesto despoletou o alarme. Quieto ,disse o agente Damião de arma apontada ao peito nu de Romeu. Shakespeare aproximou-se: bom trabalho doutora. Apanhamos o bandido? Bandido? que bandido?, respondeu Julieta. Este é apenas o meu bandido. Mas o alarme, tocou . Foi falso alarme inspector. Isto é uma longa história. Está tudo sobre controle. Pode sair descansado. Deixe-me acabar o meu trabalho.
Happy end
Advertência: no cumprimento dos princípios da moral judaico-cristã esta história acaba aqui. Obrigado
Pós epílogo
O agente Damião arrastou suavemente o inspector para a rua. Pela primeira vez viu-o perder a compostura e desafivelar a máscara de policial. Lágrimas corriam-lhe pela face. Não se sente bem chefe? Aconteceu uma desgraça Damião. Vou fazer-lhe uma confidência. Na juventude tive uma relação com uma moça de boas famílias. Preconceitos de classe não nos deixaram ser felizes. Desse amor nasceu uma criança. A moça casou com um rico comerciante e sumiu com o filho. Hoje voltei a vê-lo. Reconheci-o por um sinal inconfundível no ombro. É o Romeu. Porra inspector, como o compreendo. Isto até parece uma novela mexicana. Não parece é, Damião, porque o mais trágico é que Julieta também é minha filha! Passou-se dos carretos doutor Shakespeare? Antes me tivesse passado. Para matar o meu desgosto de amor envolvi-me com uma corista do Parque Mayer. Essa relação foi passageira e dela só sobrou Julieta. Nunca assumi a paternidade mas sempre a acompanhei, incógnito. Fiquei feliz quando veio para a polícia. Da mãe herdou a beleza e tem os meus genes de investigadora. Sou mesmo um biltre. Criei as personagens e perdi-lhes o controle. Acalme-se inspector, é a vida. A vida meu amigo Damião é uma ficção escrita pelo destino. Umas vezes escreve tragédias, outras escreve comédias. Não sei qual preferir.
Deixe para lá inspector. O que tem que ser é. São jovens, estão felizes, o que quer fazer? Os tempos mudaram Shakespeare. Os criadores já não controlam as personagens que criam. Olhe, vamos até à casa da Mariquinhas, comer um galo capão de cabidela para matar a dor e beber um alvarinho para afogar as mágoas. A seguir logo se vê...
MG