Verão quente
Para mais, o uso dos raios solares ainda não se paga e o mergulho nas águas mais ou menos poluídas do oceano, ainda não é cobrado. E uso do ainda não é inocente porque nada está garantido. Diga-se que é uma benesse dada à plebe, uma espécie de pão e circo dos tempos contemporâneos. Até ver.
Em 1975 também tivemos um Verão quente. Quente ou até escaldante na temperatura das consciências, no calor da acção cívica. Uma hidra de contornos obscuros chamada PREC que prometia sol para todos preparava-se para instalar um inverno siberiano. Contra O PREC se levantaram os povos de Norte a Sul. Lutaram e venceram.
Um novo PREC, de sentido ideológico oposto, está a roubar-nos o direito a sermos felizes. Está a construir um Inverno de indignidade por cima da
apatia e da indiferença. O calor que empurra os corpos afogueados para a orla marítima é aliado do adormecimento colectivo. Este é um Verão de perdição. Precisa-se de um Verão de salvação, de um Verão nascido das vontades de não desistirmos de sermos cidadãos livres. Como em 1975.
MG