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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

30 Jun, 2013

Verão quente

Para mais, o uso dos raios solares ainda não se paga e o mergulho nas águas mais ou menos poluídas do oceano, ainda não é cobrado. E uso do ainda não é inocente  porque nada está garantido. Diga-se que é uma benesse dada à plebe, uma espécie de pão e circo dos tempos contemporâneos. Até ver.

 

Em 1975 também tivemos um Verão quente. Quente ou até escaldante na temperatura das consciências, no calor da acção cívica. Uma hidra de contornos obscuros chamada PREC que prometia sol para todos preparava-se para instalar um inverno siberiano. Contra O PREC se levantaram os povos de Norte a Sul. Lutaram e venceram.

 

Um novo  PREC, de sentido ideológico oposto, está a roubar-nos o direito a sermos felizes. Está a construir um Inverno de indignidade por cima da 

apatia e da indiferença. O calor que empurra os corpos afogueados para a orla marítima é aliado do adormecimento colectivo. Este é um Verão de perdição. Precisa-se de um Verão de salvação, de um Verão nascido das vontades de não desistirmos de sermos cidadãos livres. Como em 1975.

 

MG 

 

28 Jun, 2013

A Pátria primeiro

 

O respeitinho é bonito e eu gosto. E respeito sobretudo (ou sobre nada), todos aqueles que nunca me faltam ao respeito. Refiro-me logicamente, aos que não protestam, não fazem greve, não se indignam, se contentam com pouco, acham a pobreza uma inevitabilidade e um destino nacional. Para abreviar, refiro-me aqueles que comem e calam.

 

Os outros, os que não se encaixam no perfil do quanto mais me lixas mais gosto de ti, não merecem muito respeito para não dizer nenhum. Ainda ontem dia de greve geral, uns trezentos arruaceiros mal contados, puseram à prova os interesses da pátria. De S. Bento às Amoreiras, das Amoreiras ao viaduto Duarte Pacheco, pintaram a manta. Explicitando em português vernáculo: uns jovens inúteis que só chulam a nação, quiseram impedir de circular os exemplares cidadãos trabalhadores, de utilizar a ponte Salazar, corrijo 25 de Abril (talvez deixe de o ser). A bem da nação, tivemos que mandar as forças da ordem, enquadrá-los como energúmenos que são. Umas centenas de polícias devidamente armados, preparados e bem motivados, fizeram identificações massivas. A seguir serão julgados sumariamente. Assim devem ser tratados os perigosos agitadores. Não podemos ser moles a lidar com párias. A Pátria primeiro.

 

O Processo Revolucionário em Curso para colocar a nação nos carris de onde descarrilou, não pode transigir. O caminho de empobrecimento iniciado há dois anos, não pode ser parado. Sabemos muito bem o que queremos e para onde vamos. Deus, Pátria e Família voltará a ser o lema de Portugal. Não haverá piedade para Quem desrespeitar estes valores.

 

Comunicado do porta voz do Conselho de Ministros 

 

Briefing diário 1 

27 Jun, 2013

Respeitinho

Uma personagem da ópera bufa que é este Governo, chamado Marques Guedes, disse que respeitava as pessoas que fizeram a greve geral, mas que respeitava muito mais os que foram trabalhar. E assim de respeito em respeito fez uma hierarquização do respeito, uma espécie de equação com as variáveis respeito + e  respeito -. Pode estar-se perante uma fórmula genial da matemática: + respeito-respeito=0, isto é, não se respeita ninguém, porque os que são + hoje podem ser - amanhã. Ou seja, para quem não domina a linguagem matemática, respeito e Governo são antónimos.*

 

* Antónimo ou antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado contrário.

Ponto prévio: a greve é um direito constitucional e uma justa forma de luta dos trabalhadores, sem "mas". Contudo as greves gerais caíram no goto dos sindicalistas. De tal modo que usam e abusam. Vendo bem, abusam mais do que usam. Abusam tanto que a tornaram uma banalidade. Nos últimos tempos, volta e meia, toma lá uma greve geral. Tento,  mas não consigo perceber o sentido do conceito e muito menos o seu objectivo. Procurei em dicionários e encontrei este significado: aplicável a grande número de coisas ou indivíduos. Do que se conclui, que se não se aplicar a grande número de coisas ou indivíduos não é geral. Anda-se pelo país e o que se vê? Tirando o sector dos transportes, alguns serviços de saúde, uma ou outra escola, os serviços de limpeza, algumas repartições públicas, reduzido número do sector secundário, vê-se o país a funcionar. E se o conceito é dúbio o objectivo é caricato. A questão é: para que servem estas greves gerais? Vagamente e em abstracto apresentam-se como formas de protesto político. Pede-se a demissão do governo, por exemplo. Mas em concreto o seu efeito é nulo. Logo é um objectivo, permanentemente, falhado.

 

Não é preciso ser analista encartado para perceber que o Governo não hostiliza estas greves. Ao contrário de greves sectoriais, como aquela que os professores acabaram de fazer, e que prejudicam algo e complicam o regular funcionamento de instituições, esta encaixa como uma luva no entendimento que os governantes actuais têm do direito à greve. Para além de pouparem nos salários dos grevistas, ainda se podem vangloriar de, na guerra dos números, dizer pomposamente e com alguma razão que a maior parte do país esteve a trabalhar. E por exclusão de partes, fazer crer, na opinião pública, que a maioria dos cidadãos está com as políticas governamentais. O que não deixa de ser uma falácia. E se é verdade que este Governo merece todas as censuras e não aprende com os erros, também é certo que as estruturas sindicais revelam incapacidade de avaliar a eficácia e a ineficácia das suas lutas. Mesmo quando o tiro lhe está sempre a sair pela culatra. Nenhum governo cairá com este tipo de greves. Daí que, para este desgastado governo, elas funcionem como uma bênção. Em linguagem de jogos de PC, ganha mais umas vidas. Game over. O jogador inteligente tem de aprender com o erro e pensar e delinear uma nova estratégia.

25 Jun, 2013

Banha da cobra

roland...

 

No meu tempo não havia aldeia nem vila que não tivesse a sua feira anual. As feiras eram uma forma de comércio local muito ligado às actividades de cada região. Para além de se trocarem vários produtos, associava-se a esses eventos uma função lúdica. Lá estavam estavam os comes e bebes, os carrosséis, as saltimbancos , o circo com as pantominas e os saltos mortais alucinantes. E como não podia deixar de ser, eram muito apreciados os vendedores de ilusões. De entre esses salientavam-se os vendedores de banha da cobra. Com uma pomadinha milagrosa curava-se tudo, desde o flato, à sarna, passando pelos bicos de papagaio e pelas mazelas do dia a dia.

 

As feiras tradicionais têm certidão de óbito certificado. Os vendedores da banha da cobra, da verdadeira, foram reformados pelos avanços da medicina. Mas os vendedores de ilusões, mau grado todas as crises, permanecem e sobrevivem. Como os camaleões, vão-se adaptando a todas as paisagens. Continuam a vender a sua "banha da cobra" nas mais diversas áreas. Predominam, especialmente, na área da política. Entram nas nossas causas sem pedir licença pelas janelas do mundo virtual. Contudo, são bem reais, têm formatura em marketing, ou para ser mais prosaico, na arte de enganar sob o manto diáfano da ditadura de opinião.

 

Teria de escrever um tratado se quisesse particularizar. No entanto quero referir aqui um caso digno de estudo. Trata-se de um vendedor de banha de cobra do nosso quotidiano. Chama-se Miguel Poiares Maduro. Inventou uma fórmula para nos libertarmos da austeridade, do desemprego, dos assaltos do fisco, dos dias tristes, das noites de insónia. A sua pomada chama-se Consenso. Toma-se um pouco de Consenso e lá se vai do nosso imaginário a má governação, a incompetência ministerial, o desrespeito pelo Estado de Direito. A panaceia tem a mesma função que um medicamento placebo. Só actua na psicologia do doente. Mas mesmo tendo em conta que Maduro é verde e mole na arte de vender banha da cobra, convém estar atento, porque há no mundo muitos incautos. E se embarcarmos nesta terapêutica, corremos o risco de acreditarmos na pantomina e darmos um salto mortal para a longínqua idade das trevas. No meu tempo ainda se divisava num horizonte perdido. Hoje está cada vez mais visível no próximo amanhecer.

 

MG 

Os salões de cabeleireiro deviam ter isenção de IVA. Digo-o com total convicção. É que para além de nos retocarem a aparência exterior, desempenham um importante papel social. Qualquer destes serviços devia merecer relevância de serviço público. E se a aparência é o nosso cartão de apresentação, já a promoção do convívio é um factor de identidade e coesão social. Tendo essa consciência assumo a minha ida ao cabeleireiro como um acto de participação cívica, que faz reviver  a ilusão de eterna juventude envergonhada e escondida, nos labirintos da memória.

 

Aquele mundo povoado de jovens bem cuidadas, funciona como uma antecâmara do paraíso, isto é como o imagino. Há lá coisa melhor do que sentir as mãos delicadas de fada-madrinha da jovem cabeleireira ,passeando livremente por entre as farripas de cabelos cansados pelos desgostos da vida e distribuindo champô com uma delicadeza angelical. São momentos breves, extasiantes, que nos libertam do desgaste do tempo, mas que como as coisas boas da vida, acaba depressa.

 

Os dedos maravilhosos da menina, movimentam a tesoura com mestria até ser atingida por uma dor lombar, que suporta estoicamente. Sem dar tréguas à sua tarefa, diz à colega que fazia extensões no cabelo duma dama com sotaque brasileiro: ",tenho de pedir os extensores ao teu marido". A outra, continuou serenamente a esticar o cabelo da cliente, limitando-se a fazer um sorriso amarelo. Aí, pensei, que se não fosse a maldita timidez que me acompanha desde o berço e que só me há-de abandonar na tumba, teria puxado de palavras ofendidas e teria dito: "deixe lá os extensores do marido da Bruna (nome fictício) em paz. Deve haver por aí tanto extensor desocupado". Até eu, não me importava de lhe retribuir o serviço com umas extensões gratuitas. Pensei, mas continuei calado como rato, tudo por causa  da maldita timidez.

 

A senhora de sotaque brasileiro que sofria o impacto das extensões, agora mais enérgicas, da cabeleireira com sorriso de Mona Lisa, loquaz e sem mostrar pingo de timidez deve ter-me lido o pensamento porque disparou sem poupar munição: ó Sofia Vanessa (nome fictício) porque não pede os extensores ao seu namorado?" ó dona Jeruça (nome fictício) pedia se o tivesse, enquanto soltou mais um ai . Puxa Vida, como não tem namorado?! Está tudo cego!?

 

Uma cliente sentada na cadeira de espera, folheava absorta uma revista de salão de cabeleireiro, entrou na conversa, com um conselho para a Sofia Vanessa: "ó minha amiga, porque não fazes umas férias? Estou a ver aqui oferta de casas económicas no Algarve. De férias como, dona Francisca Assunção? Há nove anos que não sou aumentada, nem sei que cor tem o subsídio de férias?

 

A estilista olhou-me pelo espelho e debitou uma frase feita para todos os clientes: "está bem assim?". "Está", foi a única palavra que consegui articular? Nas estradas neuronais circulavam caóticos pensamentos que corriam para destinos paradisíacos na companhia da mocinha a precisar de extensores. Corriam se não fossem paralisados pela mudez verbal. Maldita timidez. Garanto que bem me esforço, mas não consigo entrar na roda das conversas de cabeleireiro.

 

MG

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

Coimbra é uma lição

De sonho e tradição

O lente é uma canção
E a lua a faculdade
O livro é uma mulher
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer saudade

 

José Galhardo

 

Se pedirem, à queima roupa, uma definição de Coimbra, uma percentagem elevada de interrogados dirá que é uma cidade universitária. De facto foi à sombra da  Universidade, fundada por D. Dinis no século XIII, que a cidade do Mondego cresceu e se fez gente. Instalada pela primeira vez em Lisboa e depois de vaguear entre as duas cidades, fixou-se, definitivamente, em Coimbra no século XVI. Até ao inicio do século XX foi a única Universidade Portuguesa e hoje continua a ser uma universidade de referência pela qualidade do seu ensino.

 

Por lá passaram grandes vultos da cultura portuguesa e lá foram formados milhares de alunos. E este é o principal legados destas instituições de ensino, isto é, a acumulação do mais reprodutivo capital, o humano.  Os edifícios são apenas um suporte físico das suas funções educativas, mas que representam, simbolicamente, o seu legado histórico. E é nesse sentido que penso que se justifica considerá-la, com todo o mérito, Património da Humanidade.

 

MG

 

   

RR Renascença

Eric Moed, neto de um judeu salvo por Aristides de Sousa Mendes

 

 

Trinta sobreviventes directos e indirectos do holocausto nazi salvos por Aristides de Sousa Mendes estão em Portugal para o homenagear. Esta é de todas as justas homenagens ao Cônsul de Portugal em Bordéus uma das, simbolicamente, mais significativas. É um reconhecimento daqueles que condenados à morte por apenas existirem foram, dessa provável e previsível morte, resgatados. A vida que ainda vivem ou que puderam viver, só foi possível com um acto de altruísmo humano, que colocou o direito à vida acima de qualquer real "politik". O exemplo de humanidade presente na atitude de Sousa Mendes não revela apenas coragem, e foi muita, ao desrespeitar ordens vindas da sua tutela política. Revela a capacidade de percepção de que todos somos filhos do mesmo criador, independentemente da cor da pele, do credo religioso ou da situação social. Homenagear Sousa Mendes é elogiar a inteligência. A inteligência expressa no amor incondicional, no "amai-vos uns aos outros". A inteligência de ser capaz de pôr a salvação dos seus semelhantes acima da sua carreira pessoal.

 

No mundo do salve-se que puder, da ganância institucionalizada, da falta de respeito pelas diferenças, da brutalidade sem limites, de fanatismos sem sentido, de abusos de muitos poderes, em nome de ideologias, religiões, de obscuros interesses, precisávamos de muitos espíritos verdadeiramente esclarecidos como o de Sousa Mendes. Mas no universo de irracionalidade maioritária que continua a comandar os destinos da humanidade, os "Aristides de Sousa Mendes" são ainda estrelas isoladas. Contudo, o facto de continuarem a brilhar, não deixa de ser uma réstia de esperança num mundo melhor.

 

MG      

20 Jun, 2013

S. João

S João  que coisa triste

Tão triste que me arrepio

Do feriado desististe

Por causa de certo Rio

 

Mas não vai faltar folia

Com bailarico e sardinhas

Só desbunda e alegria

De S. Bento às Fontainhas

 

E queira o Rio ou não queira

Caia o feriado ou não caia

Vamos saltar a fogueira

Da Ribeira a Mira Gaia

 

Com o martelinho  afinado

Despenteiam-se cabelos

e tudo vai animado

entre a Sé e Massarelos

 

Na confusão da festança

Ó santo vem-me ajudar

E entre uns passos de dança

Manda pró rio o Gaspar

 

MG

Imagem em Câmara Corporativa (Via e-mail de Paula S. e Shyznogud])

 

Esta garotada que tomou de assalto o poder há dois anos, depois de terem derrubado um governo legítimo com o apoio do seu patrono de Belém, convive mal com a democracia. Como Adolfo Hitler há oitenta anos, para eles, a democracia é apenas um meio para atingir um fim: o poder. Depois de se instalarem no Governo "que se lixem as eleições". Governar  para esta garotada incompetente é fazer o que lhes dá na real gana. A Constituição é uma aberração, as leis são um empecilho, as instituições da República um inimigo. Em suma a democracia é uma chatice. Bom seria acabar com ela de vez.

 

Esta garotada sem escrúpulos, sem regras, sem princípios, sem valores, dirigida por um fanático "esquizofrénico" de nome Gaspar , não respeita nada nem ninguém. Odeiam os funcionários públicos, os reformados, os desempregados. Odeiam um país de cidadãos, preferiam um país de escravos. A democracia nas mãos destes garotos imberbes, apoiados por um ancião senil, é como menino na mão de bruxas. Desenganem-se aqueles que acreditam que a democracia é um dado adquirido. Urge acabar de vez com estes malfeitores, antes que eles acabem de vez com a democracia.

 

MG 

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