Eu estou cismado. Cismo com a cismação que para aí vai. Cismo com Portas fechadas que querem fazer crer que estão abertas. E cismo com a credulidade que toma o ilusionismo por realidade. É como viver num circo. Os espectadores acreditam nos truques do ilusionista, sonambulam a mandado do hipnotizador, riem com as alarvidades do palhaço rico e até ajudam no número do palhaço pobre. E ainda pagam bilhete. Eu cismo.
De tanto cismar já estou grisalho. Grisalho de raiva reprimida. Grisalho de impotência contida. Grisalho de tanta falta de vergonha. Os cabelos branqueiam todos os dias com tanto sobressalto. Os cabelos brancos já não são venerados, nem sequer respeitados. Os cabelos brancos já não representam experiência e sabedoria. Os cabelos brancos são um cisma grisalho, um mau cisma, comem e não produzem, são uma praga de cigarras que é preciso exterminar.
Eis minhas senhoras e meus senhores, meninos e meninas o CISMA GRISALHO, todos os dias num cinema perto de si. Venham ver a actuação portentosa de mestres na arte do fingimento. Admirem as piruetas do BOM e o poder de falo (queria dizer fala) do MAU para nos fuck a toda a hora. Vejam o descaramento do VILÃO que não foi eleito para o papel, mas que o representa-o a preceito e gosta. Venham ver uma história hardcore onde num Império dos Sentidos todos, mas especialmente os grisalhos, acabam capados. Pornografia e terror nunca vistos! Imperdível!
PS: podia ser menos metafórico e mais explícito? Podia, mas não quero. Eu não escrevo para as massas. Nunca Passo uma linha vermelha. Estou demasiado cismado. Quero ver se fujo deste filme e mesmo grisalho, quero passar despercebido entre os pingos da chuva. É que não gosto de ser fuked. Chateia-me!
MG