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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Em 1974, no pós vinte e cinco de Abril fui um dos pioneiros que ajudaram a organizar as estruturas locais do PS em Lisboa. Com outros companheiros imbuídos de espírito de missão e por amor à causa conseguimos, com escassos recursos, arrendar um andar onde instalámos a secção da freguesia de S.Jorge de Arroios. Na adjacente freguesia dos Anjos, os militantes desta área, não conseguiram encontrar um espaço para a sua sede. Levantou-se, a seu pedido, a hipótese de, pela proximidade geográfica, e pelo vasto espaço de que dispúnhamos, de com eles partilharmos as mesmas instalações. Logo se levantou  forte oposição a esta solução, com alegações de tipo clubista e bairrista. Durante a análise da situação, um companheiro de cabelos brancos, de profissão taxista, pediu a palavra para dizer: -mas que raio de socialismo é este? Vocês lutam por uma sociedade igualitária e solidária e fazem o contrário na vossa própria casa. Qual é o problema em partilharem estas instalações com companheiros de outro bairro? Não somos todos do mesmo partido? Estas sábias palavras, se bem me lembro, não caíram em saco roto, pois a sede foi utilizada pela secção dos Anjos, pelo menos temporariamente.

 

A filosofia do taxista continua actual. E aplica-se que nem uma luva à situação da Europa actual. Com efeito, não se entende porque se fomenta esta divisão entre as "formigas" do Norte e as "cigarras" do Sul. Ao fim e ao cabo, não somos todos europeus? Não pertencemos todos à mesma união política? Não devemos todos remar na mesma direcção? Onde estão os valores de comunhão e slidariedade que originaram o projecto da União europeia? Porque se alevantam do chão os demónios de egoísmo e do nacionalismo que levaram a terriveis guerras? Porquê?

 

MG

15 Mar, 2013

Lugar de velhos

A pastelaria onde tomo o meu café é uma espécie de retiro de idosos. Ali se planta gente bem acima da ternura dos quarenta. Distribuem-se por mesas previamente reunidas. Esta organização do espaço, fomenta uma aproximação, que acaba por se traduzir numa cumplicidade/intimidade. Assim, aleatoriamente, vou percorrendo os lugares disponíveis em cada dia. Chego, sento-me e pego num jornal disponível. Antes de ver o mundo real, concentro-me no mundo em papel. Esse mundo, versão Correio da Manhã, resume-se a traições, crimes passionais, acidentes, roubos, assaltos, misturados com alguns comentários políticos e a vida dos famosos, que se pode complementar com a leitura das revistas cor de rosa. É o cocktail perfeito para o sucesso jornalístico. Mas não passa disso, pois se o mundo fosse assim era apenas um vale de lágrimas. O dia a dia do cidadão comum é o afã pela sobrevivência. Esperança e desilusão, alegria e tristeza, vitórias e derrotas, pequenos nadas, como um café em amena cavaqueira.

 

A empregada, na ingenuidade dos seus dezanove anos, conhece de cor os gostos dos clientes. Por isso nem preciso de gastar latim. Mal acabo de me sentar já me está a colocar à frente um fumegante café. Umas vezes fico na mesa dos casais eternos, condenados a aturar-se até que a morte os separe, outras na mesa nos leitores de jornais desportivos, outras ainda na mesa do senhor tão discreto quanto eu a ler um livro que transporta religiosamente num saquinho. O que menos me agrada é ficar na mesa das eternas solteiras encalhadas. Não tanto pelo seu estatuto que desconheço se voluntário ou involuntário, mas mais pela "gralhice" que me desconcentra dos dramas do mundo em papel. Falam de coisas comezinhas como o tempo, insónias, achaques, problemas profissionais, oportunidades perdidas.

 

O que este microcosmo mostra, é que este é, cada vez mais, um país de velhos, sem ser um país para velhos, sem hipótese de fugir da mira das troikas. Entretanto, os jovens e os menos jovens veem-se constrangidos a emigrar. Na mesa dos bebedores de "minis" um sujeito diz: se fosse novo emigrava, deixava de vez este país da treta. Tarde piaste, disse um outro, depois de mais um gole de cerveja. -Cláudia, mais uma "mini". A jovem empregada, montada num sorriso, pousou a garrafa na mesa, entre piropos à moda antiga. Porque ri? Se calhar está feliz, por não ter de emigrar, pelo menos enquanto houver velhos.

 

MG

14 Mar, 2013

Einstein

 

Albert Einstein foi um físico e humanista alemão (14 de março 1879 – 18 de abril 1955), autor da teoria da relatividade e de importantes estudos em ondulatória.

 

No dia do nascimento de Einstein vem a propósito lembrar alguns dos seus pensamentos. Adequam-se, perfeitamente, aos tempos que correm.

 

 

Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.

 

Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."

 

O nacionalismo é uma doença infantil; é o sarampo da humanidade.

Albert Einstein

13 Mar, 2013

Habemos Francisco

 

 

Francisco I, veio de longe, de muito longe. E o que ele andou para aqui chegar. Traz o rigor, o saber e a ordem dos jesuítas e o conceito de simplicidade, pureza e fraternidade dos franciscanos. Indicia que o Espírito Santo, desta vez,  esteve mesmo presente. Pode parecer irrelevante e não ter nenhum significado, mas a presença de uma ave na chaminé da  capela Sistina, possivelmente na hora da decisão, também pode ser um sinal simbólico. O Sinal de retorno aos valores humanistas do cristianismo na defesa de um mundo mais igualitário e mais solidário. Um mundo que precisa de renovação, contra os demónios da injustiça. E  nesse sentido, o nome Francisco não é inocente.

 

MG

 

 em joaotilly.blogspot.com

 

 

Este país pode-se dividir entre troikistas e troikados. Troikados são todos os sofrem no dia a dia as políticas da Troika. Aquela minoria de adeptos da Troika de que faz parte o Governo (noblesse oblige) e alguns comentadores são os troikistas. De entre eles, salienta-se um dito economista/jornalista, chamado Camilo Lourenço. Na RTP, que lhe paga o vencimento, destila calinadas  contra os irresponsáveis despesistas, que são os portugueses. Merecem por isso, segundo Lourenço, que lhes reduzam drasticamente os rendimentos. E na sua linha de raciocínio, se for necessário, que lhes tirem a pele, pois considera que toda a austeridade é pouca. Para este indivíduo, os cidadãos que sentem na pele o desemprego, a fome, a humilhação não passam de colunas de deve e haver. A sua sensibilidade humanista deve ser igual à de um elefante em loja de vidros.

 

Todo o latim que se gasta com este personagem é um desperdício. Contudo, a sua ignorância, atingiu as raias do absurdo, ao afirmar que os professores de História e/ou os historiadores são uma inutilidade e por isso nem devem existir. Só um atrasado mental, como lhe chamou Clara Ferreira Alves no programa Eixo Do Mal (SIC) pode desvalorizar a função da História. A História é a memória colectiva da humanidade. A humanidade sem memória é como um doente de alzheimer, isto é , perde a sua identidade e estando vivo é como se não vivesse. No entanto, esta manifestação de estupidez, pode fazer algum sentido, pois um povo sem memória é facilmente transformado num exército de troikados, sem vontade própria. Não é isso que pretendem os troikistas?

 

MG

 

 

 

 

09 Mar, 2013

Aleivosidades

 

Não li o prefácio do Presidente da República aos seus próprios textos. Não li, nem tenho intenção de ler. Não aprecio prosas bárbaras. Tomei conhecimento do seu conteúdo pelas releituras de comentadores. Tiro uma conclusão. O homem não disse nada, para além de confirmar o que já tenho escrito: é um homem sem qualidade(s).

 

O Presidente Silva, continua enredado nas suas contradições. E se alguma qualidade tem é em fazer o mal e a caramunha. É  como o cão sonso que morde pela calada. Foi pela calada que chegou a líder do PSD. Foi pela calada, aproveitando a boleia desse balão de ar que foi o partido eanista,(PRD) qu conseguiu chegar a Primeiro Ministro. Foi pela calada que, aproveitando os mundos e fundos da CEE, ganhou duas maiorias absolutas. Foi, finalmente, pela calada,  que aproveitando a estúpida divisão à esquerda, chegou a Presidente da República..

 

No seu cargo presidencial, para além da apetência natural pelo poder, tinha um objectivo claro: derrubar Sócrates. Pacientemente, esperou pela sua oportunidade. Como homem sem qualidade, não teve pejo em cavalgar a onda da crise europeia, potenciada pela política merkeliana, para o acusar de todos os males da nação, quiçá de todo o mundo.

 

Ficará como peça histórica, de atitude de reles vingança, própria dos fracos, o discurso da tomada de posse. Disse então, entre outras aleivosidades, que os portugueses não aguentavam mais sacrifícios. Convém lembrar, que na altura, os portugueses não tinham sido esbulhados dos subsídios de férias e Natal, nem estavam sujeitos a uma carga brutal de impostos directos, com taxas e sobretaxas extraordinárias. Ano e meio passado com o desemprego a galopar, a economia de pantanas, o empobrecimento acelerado o que diz? Rigorosamente nada. Escreve prefácios inócuos para esta destrambelhada governação.

 

Para além da profissão de prefaciador de si próprio pouco se vê. Ainda bem. Quem não tem pingo de vergonha na cara é melhor que a esconda. Seja como for, apareça ou não apareça, desta figura rocambolesca, nada se pode esperar para o bem do país. Que acabe depressa o seu mandato e antes que, por omissão, cinismo e colaboracionismo, acabe o próprio país. Tarefa que bem começou como Primeiro Ministro.

 

MG

 

nikoska.com

 

Diz-se, e nunca foi desmentido, que no tempo em que os animais falavam, um escorpião de profissão, pediu a uma rã que o ajudasse a atravessar um rio. Mas o batráquio bem avisado pela mãe, questionou o escorpião. -Eu, disse, até gostava de te ajudar mas receio que me piques. Passaste-te dos carretos, disse o espertalhão a tentar inspirar confiança. Se fizesse semelhante disparate eu também me afundava. A rã de coração de gelatina cedeu ao pedido e lá foram para a outra margem. Precisamente no meio do rio, o escorpião deu forte ferroada na ingénua rã.  Na sua agonia e enquanto se afundava com o seu companheiro a rã ainda conseguiu balbuciar:-mas tu juraste! - Que queres, respondeu o agressor , é a minha natureza.

 

Eu sou escorpião de signo, mas não de comportamento. Quero dizer que não ando por aí a picar tudo o que mexe. O que não significa que não goste de dar as minhas ferroadas. Há até três indivíduos(pelo menos) a quem não me importava de ferroar mesmo a preceito. São o Gaspar, o Borges e o Relvas. Não que acredite que me ajudassem a atravessar um rio, pois estou convicto, que nem uma velhinha ajudavam a atravessar a rua. É certo, que como na fábula, também ia ao fundo com os ditos cavalheiros, mas ao menos fazia uma boa acção e libertava o meu país destes cavaleiros do apocalipse. Quanto ao quarto cavaleiro, de nome Passos, não ia tão longe. Digo porquê. É que sem os outros acredito que é inofensivo. E se não tivesse receio que estas palavras lhe chegassem aos ouvidos ( quase improvável, mas nunca se sabe) atrevia-me a dizer que sofre de debilidade mental. Atrevia-me, mas para evitar possíveis chatices, não me atrevo. Para ser politicamente correcto, fico-me pela inofensividade. Dou um nó cego na minha natureza? Pois dou.  Assumo-me escorpião condicionado, na minha liberdade de exprimir e não tenho de dar o dito pelo não dito, o qué uma característica dos escorpiões dos tempos que correm. Por outras palavras é preciso domar a natureza

 

MG

07 Mar, 2013

Golpe de estado

Quem dirige o governo e o país não é Passos, mas Gaspar. Há muito que ouço comentadores afirmá-lo. Na minha fraca percepção, também sempre me pareceu. Mas quem o afirmou recentemente foi a voz serena e abalizada de António Saraiva, o patrão dos patrões indústria. Para além da credibilidade que merece, António Saraiva, está por dentro dos meandros do poder. A sua palavra é credível.

 

A ser assim, o Primeiro Ministro efectivo de Portugal é Vítor Gaspar. Se assim é, o outro, é apenas o nominal, o que significa que não passa de um testa de ferro. Sendo assim, estamos perante uma fraude democrática. Como se sabe, os eleitores que votaram PSD, fizeram-no no pressuposto que estavam a eleger Passos para chefe da governação. Durante esse processo, ninguém ouviu falar de nenhum Gaspar, que nem sequer era candidato a deputado. Em conclusão, temos um usurpador a dirigir o país o que  linguagem corrente prefigura crime de golpe de estado.

 

Contudo, esta situação tem ainda contornos mais graves. Já deu para perceber que, o Gaspar,  é um pau mandado nas mãos da troika, ou seja, de quem manda nela, a Alemanha. Nesta perspectiva, não só não temos um Primeiro Ministro eleito, como somos governados por uma entidade externa. Desde o período liberal, com o governo do inglês Beresford, que a nação não passa por uma situação idêntica. Precisamos de um novo "felizmente há luar". Onde está um novo Gomes Freire de Andrade?

 

MG