Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

"Não vamos lá com cantorias", disse o homem do Pingo Doce. Parafraseando um banqueiro arrivista, atrevo-me a escrever: ai vamos, vamos! E vamos porque a canção é uma arma. O homem que enriqueceu (sem produzir nada) com a distribuição, tem uma enorme capacidade para fazer dinheiro com o negócio das mercearias modernas, honra lhe seja feita. Mas parece perceber pouco de psico-sociologia. Se assim não fosse perceberia que as motivações humanas se estruturam não só à volta de um prato de lentilhas, mas sobretudo com apelos a valores simbólicos. Como exemplos pode-se referir que faz mais pelo culto mariano a canção "nossa senhora" de Marco Paulo, que centenas de prédicas religiosas. Do mesmo modo, fez mais pelo conhecimento do Pingo Doce, um famoso anúncio cantado, que os discursos do seu administrador.

 

"Nós somos letras vencidas" disse o mesmo senhor, tendo em conta os seus cabelos brancos e querendo afirmar que o futuro é dos jovens,  alías, um pouco de acordo com a sua visão contabilística do mundo. Discordo. No mundo não há do ponto de vista das ideias e da acção velhos e jovens. No mundo, há pessoas que contribuem , em diferentes planos para o seu funcionamento. E é no caldeamento de conhecimento, experiência e imaginação entre jovens e menos jovens que a vida flui. As grandes mudanças são fruto de saber acumulado por gerações que indirectamente estão presentes nas vitórias futuras. Não há letras vencidas. Há letras e músicas que podem ajudar a vencer, como Grândola Vila Morena, porque a canção é uma arma. Como muito bem percebeu essa "letra nunca vencida"que foi (e é) Zeca Afonso. E como bem cantou José Mário Branco.

 

MG

 

 

 

 

As palavras abandonaram-me. Recusam sair do esfera da esferográfica recusando, por sua vez, à tinta liberdade de expressão. As letras das teclas do computador boicotam, sem arrependimento, a livre vontade dos dedos. Até os insignificantes sinais, penalizados pelo acordo ortográfico, teimam em duplicar-se, provocando erros inadmissíveis. E os parênteses, amuados por falta de protagonismo, não querem ser mais almofadas de ideias intercaladas. Em desespero, recorri à velha Royal, mas de depois de tanto tempo ostracizada, afaga de má vontade a velha fita que foi perdendo o viço de outrora. Como a compreendo. Para alguma coisa servem as nossas vivências.

 

Quando as palavras, forçadas a sair do seu conforto, saem, para o suporte que as suporta, fazem-no de má vontade. Ensarilham-se, baralham-se, numa atitude claramente provocatória. Algumas, mais politizadas, juntam-se numa estranha melopeia, formando frases como "o povo é quem mais ordena dentro de ti ó cidade...terra da fraternidade", frases puramente retóricas e desfasadas da real realidade. Consta que essas palavras, tomaram o freio nos dentes, e  num atitude claramente anarquista andam por aí à solta, incomodando figuras e figurões (que não de estilo) e proibindo-os de usar as suas palavras rigorosamente amestradas.

 

A indignação das palavras, usadas e abusadas por carroceiros da ,pode ter a sua razão de ser. Não nego. Mas gaita, por que raio me estão a fazer isto a mim. Procuro tratá-las com polidez e correcção. Procuro usá-las com respeito pelas regras gramaticais. Garanto-lhes igualdade e liberdade. Não faço distinção entre as suas classes. Tanto emprego um vulgar substantivo, como dou espaço a um imaginativo adjectivo. Não concedo qualquer privilégio ao aristocrático verbo, nem abuso da diversidade dos advérbios. Bem, admito que às vezes barro a entrada a alguns "palavrões,como esse de "tomar no cu". Porra, tenho justificação: eu não fui membro ressabiado deste governo. Que me perdoem os ditos, cada macaco no seu galho, isto é cada texto tem o seu contexto.

 

Possivelmente, as palavras sentem-se enganadas  por mestres de retórica politicamente correcta e levam tudo a eito. Como eu entendo a sua humilhação. Entendo a revolta do adjectivo "mais" ao ver-se despromovido  para "menos" na promessa "menos impostos" quando na realidade são mesmo mais. E não posso deixar de entender a frustração da contracção "da" ao descobrir que foi substituída por uma reles preposição "de" na transcrição de uma lei. E para ser mais revoltante, verificar que  o lapso foi descoberto por um sujeito omisso na frase, que se intitula Presidente "da" República, quando nem Presidente "de"  República parece ser. E tudo a propósito de uns dinossauros autárquicos que querem cumprir a lei de delimitação de mandatos (discutível) no verdadeiro significado da palavra, isto é, continuar a mandar.

 

No fundo(onde já estamos) fazem o mal e a caramunha e eu, amigo e admirador da palavra, é que pago o pato. O pato, o coelho e toda a bicharada que vive à sombra da TLEBS, mais os tachos onde cozinham. Desculpem ter feito deste assunto uma perifrase(figura que quer dizer sujeitp palavroso), mas é a minha vingança por me fazerem sujeito, predicado e complemento da vossa revolta. De facto tudo se pode comprimir numa síntese: revoltem-se contra a cambada que vos tira o significado. Recusem, de vez, ser manipuladas. Não me lixem. Lixem os coirões que nos lixam. Estamos na mesma barricada. Cortem-lhes o pio. Apliquem um poderoso Ajax. Pode ser a Grândola Vila Morena. Mas há mais.

 

MG  

,

 

26 Fev, 2013

Opiniões

Seria pior com Gaspar marceneiro

por FERREIRA FERNANDES

 

Ainda fevereiro não acabou e Vítor Gaspar já confessa um erro: a recessão não vai ser a que previra, mas o dobro. E um dobro provisório (no ano passado ele teve de retocar as contas várias vezes). E depois? Porque se há de julgar uma pessoa pelos erros, insistindo em não lhe reconhecer os méritos? Gaspar faz erros de contas? Faz, mas conta-o devagar. É de uma comovedora inocência dar-nos tempo para ler-lhe nos lábios os números enganados. Reconheço que os erros dele podem fazer mal a muitas pessoas, mas temos de lhe agradecer por ter ido para ministro das Finanças, onde esses males só ganham dimensão ao fim de um, dois anos... Se Gaspar tivesse ido para marceneiro faria as portas das discotecas a abrir para dentro e, aí, os erros dele matariam centenas de pessoas numa madrugada. Reparem, também não foi para copiloto. Uma vez, no Verão de 1983, um Boeing 767, da Air Canada, reabasteceu-se em Montreal. Devia ter posto 22300 quilos de fuel, mas o copiloto mandou encher 22300 libras, menos de metade. Típico de Gaspar, se lá estivesse. A meio caminho o avião teve de planar. Será que anunciaram devagarinho aos passageiros as perspetivas em baixa (oh, quanto!) dos depósitos? Felizmente o avião pôde aterrar num parque industrial em Gimli, no Manitoba. Trago este exemplo para mostrar que os erros nem sempre são trágicos. Às vezes, até são gloriosos: Colombo enganou-se nos cálculos, supondo a Índia, descobriu a América...

 

em DN

25 Fev, 2013

Ó gaspar vai tomar

Ó gaspar vai tomar um drink

 num bar

e deixa  de nos amedrontar

cum multas e previsões.

Põe uma gravata pink

Disfarça-te de linda lovelace

E numa de love e peace

vai tomar um jetlink

 

Ó gaspar vai tomar inteligência

na cachola

e para de nos pedir esmola

 cum facturas.

Mete no saco a prepotência

Já não estás no estalinismo

Deixa-te de tanto cinismo

Não mostres tanta demência.

 

Ó gaspar vai tomar um espumante

nos anos

e não te armes em ditador

cum bufos.

Usa essa cara hilariante

Recusa ser garganta funda

Recusa ser cara de bunda

E torna-te num emigrante.

 

Ó gaspar vais  levar  tautau

no rabo

Não faças aquilo que não podes

cum diabo.

Já deu pra ver qu,és mesmo mau

E com sonsice bem  nos phodes

Não acertas nem no sudoku

Pequeno grande chefe bonzoku.

23 Fev, 2013

Instalados

Miguel Relvas considerou que a situação dos desempregados é culpa dos "instalados". E quem são os instalados? Sou eu, é você se ainda tem sorte em ter trabalho. São os pensionistas e todos os trabalhadores em actividade. Agora percebe-se melhor porque se especializou este governo em destruir empresas e empregos. É que não gosta de "instalados".

21 Fev, 2013

Grandolada

A Grândola está a ser adoptada como senha de movimentos de contestação informal, isto é sem enquadramento partidário. Cantar a canção de Zeca Afonso foi a forma de expressão mais eficaz de tornarem a contestação visível. Não vejo nestas acções pacíficas de protesto, qualquer limitação da liberdade dos governantes, como deputados PSD e outros papas da opinião (ex: Barreto) querem fazer crer. É que o conceito de liberdade não pode ser unívoco como muito bem se lembra neste texto:

 

"Num país onde todas as conquistas sociais estão sendo devoradas em nome dos desvios colossais inventados ou criados premeditadamente por Gaspar a grandolada que foi dada a Relvas despertou vários lutadores pelas liberdades. Lutadores que não levantaram a voz contra a destruição grosseira de direitos sociais, mas vieram a público defender a liberdade de quem se faz acompanhar de segurança, de quem manda na televisão pública, de quem tem uma das vozes mais ouvidas deste país.

 
O que António Barreto e outros defenderam não foi a liberdade de expressão de Miguel Relvas, esse fala pelos cotovelos e tem uma televisão por sua conta, para não falar dos amigos da Ongoing, dos compadres do Dias Loureiro e do pessoal das secretas, ou dos patrões do DN ou da Cofina. O que ele defenderam foi que os portugueses deviam ser obrigados a ouvir Relvas." (blog jumento)
 
O ministro Relvas portador de um sorriso do qual transparece gozação, é o exemplo do que de pior existe na política. Mas esse é um dos preços da democracia como regime tolerante e livre. O risco que se corre é que este e outros Relvas ocultos, sem escrúpulos, e bem piores, podem pôr em risco a própria democracia. Não são certamente meia dúzia de manifestantes (designados por alguns comentadores como perigosos totalitaristas) gritando slogans, que o farão. Mas está provado que uma pequena fagulha pode incendiar a pradaria. E se a Grândola crescer até se transformar em grandolada pode ser o caminho para o fim da destruição do país. A democracia não se pode resumir a ganhar eleições, para depois governar com medidas que não estavam no contrato eleitoral. Aí sim estamos a desrespeitar a liberdade. Por muito menos e sem razão plausível, estes senhores, derrubaram o governo anterior a meio do mandato. E não vi nenhuma indignação de anti-democraticidade da parte dos agora ofendidos democratas.
 
MG    

Está tornar-se prática corrente brindar os membros do governo com a Grândola Vila Morena. E eles querem retribuir mas não lhes está no ADN. Assim escrevi esta versão, adaptada especificamente para que essa gente possa participar nas cantorias.

 

S.Bento toca plena

para fabricar austeridade

Onde o Gaspar é que ordena

Sem pingo de sensibilidade

 

Sem pingo de sensibilidade

Esbulha-se o povo sem pena

Terra de iniquidade

Onde o Gaspar é que ordena

 

Em cada esquina um sacana

Em cada rosto ganância

S Bento pura chicana

Embrulhada em petulância

 

À sombra de um cavaco

Que já nem sabe a idade

Cá vamos enchendo o saco

Sem vergonha e à vontade

 

Sem vergonha e à vontade

E sem sequer dar cavaco

Cá  vamos sacando o taco

A canção Grândola Vila Morena de José Afonso que possui versões cantadas por cantores de todo o mundo, está a tornar-se um hino usado nas manifestações de protesto que se fazem dentro e fora de portas. Pode até, quem sabe, transformar-se numa canção, abrangente, dos movimentos contestatários destes difíceis tempos. E corre o risco de substituir a tradicional Internacional demasiado datada e muito ligada a uma ideologia em clara perda. A "Grândola" pode ser uma arma mais eficaz do que expressões de cariz violento e onde o verdadeiro povo é quem mais ordena. É o que mostra este vídeo:

 

 

 

19 Fev, 2013

Relvas

Durante algum tempo o Relvas tirou uma licença sabática. Sabia-se que existia mas ninguém o via. Era como se não existisse. Mas de um momento para o outro ressuscitou das cinzas e ei-lo que volta à ribalta na pior altura, isto é, quando a indignação está a aumentar. Ainda por cima Relvas incarna a imagem do que de pior há na política. Francamente já o tinha esquecido, mas os últimos acontecimentos levaram a recuperar no arquivo de tesouros deprimentes este texto:

 

 

 

Ó Relvas, Ó Relvas

Diploma à vista.

És um artista

da oportunidade,

transportas o vício

da facilidade!

(três vezes)

 

Nascestes no mundo Jota

E nele foste formado

Para enganares quem vota

e chegares a deputado!

 

Ó Relvas, Ó Relvas

canudo no bolso.

És um colosso

da velocidade,

fizeste num ano

a universidade

a universidade

(três vezes)

 

 

Tens orgulho quando falas

da inédita formatura,

sem nunca teres ido às aulas

Tiraste a licenciatura!

 

Fizeste o curso com tento

e muitas dificuldades,

agora serves de exemplo

às novas oportunidades!

 

Ó Selvas, Ó Selvas

indígenas à vista.

Sou ciclo turista

de universidades,

quem tem olho é rei

nas minha cidades!

nas minhas cidades!

nas minhas cidades!

 

Poeta diplomado

 

 

 Já se cruzou com o 'Aedes aegypti'? Se viu estamos conversados. Se não viu não perdeu nada. É que essa criatura não passa de um vulgar mosquito como tantos outros. Tem contudo uma particularidade: coligou-se com uma outra criatura chamada dengue. Em território nacional passa férias na Madeira. E por ali vai praxando uns humanos. Coisa pouca. Mas a malvadez humana não tem limites. E veja-se a campanha que logo se levantou para erradicar o infeliz animal que já tem de suportar o ónus de se ter aliado  a um parceiro manhoso.

 

O que me preocupa neste caso é que a associação da defesa dos animais tão activa nas redes sociais para defender um cão perigoso ou um porquinho que andava perdido na auto-estrada não levantou um dedo para defender o 'Aedes aegypti' . Será distracção ou será que nem todos os animais são iguais? Inclino-me mais para a primeira hipótese. Assim convém restabelecer a justiça. É preciso começar já um abaixo assinado para salvar o mosquito /dengue e condenar os perigosos exterminadores. Os mosquitos merecem ser felizes.

 

MG

Pág. 1/3