Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Ó (r)Elvas, ó (r)Elvas

Secretas à vista

És  contrabandista

De falsa verdade

Transportas  no peito

Tanta iniquidade.

 

Eu nasci em Portugal

Entre Minho  e Guadiana

Sinto vergonha quando vejo

À solta tanto sacana

 

Ó (r ) Elvas ó (r ) Elvas

Coelhinho à vista

Sois contrabandistas

Da nossa liberdade

Transportais no peito

Muita barbaridade.

 

A malta deste governo

Chamou-me de gastador

Mas nem mesmo no inferno

Deve haver tanto estupor.

 

Eu nasci num país

Com nove séculos de idade

Não é qualquer aprendiz

Que me engana com a verdade

 

Ó (r ) Elvas, ó (R ) Elvas

Cambalacho à vista

E tu não estás só

Na iniquidade

Transportas no peito

A grande irmandade

 

 

Ó relvas, Ó relvas

Com a tua grana

Atravessa o Alentejo

Bem pra além do Guadiana!

 

MG

04 Jun, 2012

Sem inspiração.

Nada é mais exasperante para o criador do que o esgotamento das fontes de inspiração. Estas estão em seca severa. A crise que agitou um pouco as águas, entrou numa fase de pasmaceira, isto é, como no sexo tântrico,não acaba nem sai de cima. Resultado: primeiro vem o bocejo e depois o adormecimento profundo. E quando se acordar está tudo bem xaringado.

O Hollande ainda criou uma onda de esperança, mas a única coisa que conseguiu foi tirar o Sarkozy dos braços da Merkell e atirá-lo para os braços da Bruna que já devia suspirar por um bom apertão. Oxalá não lhe falte inspiração! O Monti é um primeiro-ministro apagão. Tirou a Itália das páginas da imprensa criativa onde navegava com Berlusconi. Como o cão do moinho, não come nem deixa comer. Berlusconi faz muita falta. Era um criador de eventos. Apoiava a juventude. Alimentava a imaginação. Mataram o clown, o circo continua mas triste e sisudo. Talvez venha outro a caminho.

Por cá, a pasmaceira ganhou estatuto desde a saída do Sócrates. Era um actor de guião, mas que improvisava bem. Nesse tempo as corporações destilavam dinamismo, as manifestações coloriam o país, os debates televisivos tinham mais encanto e até as mentiras pareciam verdades. Foi um período rico de criatividade para todas as ficções 

O substituto, de quando em vez, tem uns rasgos geniais que estimulam a inspiração, mas depressa se esgota numa estranha apatia. Ao contrário do PCP, que cristalizou na cassete e corre o risco de desaparecer com a dita, o ministro  soporífero tirando um ou outro lapso é como um disco rígido. Não comete um deslize, não sai da formatação. O coiso perdeu a graça desde que deixou de se levar a sério. O das secretas, não, não e não. O ministro "lambretas" esfumou-se num trezentos cavalos. E o dos estrangeiros viaja tanto que não se vê. Os outros são como o homem invisível, quando aparecem não têm cabeça.

Assim, aonde vai o criador buscar matéria de inspiração? Ao rol de desgraças do Correio da Manhã?  À sisudez dos jornais de economia? Às telenovelas mil vezes repetidas? Ao conformismo dos cidadãos? Aos longos tempos de antena do futebol.Não, não e não. Só resta transpiração, muita transpiração! Aqui está o exemplo. A bem da Nação!

MG

01 Jun, 2012

Tempos sombrios

 

O fim da segunda guerra mundial encerrou um dos períodos mais negros da história europeia. As consequências desse período trágico que relegaram a Europa para segundo plano na economia mundial fizeram soar campainhas de alerta. A classe política em particular e os cidadãos em geral perceberam que o caminho do confronto tinha de ser abandonado. Num espírito de concórdia e unidade foi-se construindo uma Europa solidária. Com avanços e recuos, com erros, mas com a convicção que era possível a existência de um espaço de paz e de bem estar que serviria de exemplo para o resto mundo.

Nos últimos anos esse processo começou a ser profundamente abalado. São várias e complexas as causas que o explicam. Nem pretendo analisá-las no âmbito deste texto. Mas um factor que me parece incontornável: é a subjugação do poder político pelo poder financeiro. Por outras palavras vivemos em regimes democráticos, mas sob uma ditadura financeira.

 

O que é mais preocupante são os sinais que começam a surgir e que provam que apesar da generalização do ensino os povos continuam a ser analfabetos culturais. De facto o comportamento dos cidadãos  votantes (e os seus dirigentes)  os revela que não sabem nada de história. Colocados perante uma situação de refluxo social dirigem o seu descontentamento para situações radicais. Se tivermos memória  facilmente nos lembramos como no passado levaram Hítler ao poder.

 

Hoje o descontentamento, mau grado os erros de alguns políticos, acolhe-se em partidos que põem em causa o establishment, sem apresentarem uma solução credível e segura. O fenómeno Syrisa na Grécia é um exemplo claro destas opções. Muitos adeptos da esquerda andam eufóricos com a possível vitória dos radicais na Grécia. Não comungo dessa euforia. Syrisa promete fazer a quadratura do círculo ao dizer que mantem a Grécia na UE e simultaneamente dispensa o financiamento do país pela Troika. Também na Itália se perfila o crescimento de um movimento chamado Cinco Estrelas e que aparece nas sondagens em segundo lugar. Com um programa incoerente e  vagamente baseado na democracia directa, no anticonsumismo, no antipartidarismo no "decrescimento", uma mistura de anarquia moderna e feudalismo século XXI.

 

Sou um " iluminista"  e como tal acredito no aperfeiçoamento contínuo da humanidade, mas começo a recear que se aproximem tempos sombrios. Se a classe política ultra liberal que governa a Europa, não for substituida rapidamente, corre-se sério o risco de chegarem tempos conturbados. Urge mudar, enquanto há tempo.

MG

 

Pág. 2/2