Empobrecimento
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Temos de empobrecer, disse o primeiro ministro de Portugal com todas as letras. A frase em si já é no mínimo estranha, mas dita pelo chefe do governo português é insólita e incompreensível. Em primeiro lugar contradiz toda a lógica que suporta o sistema económico burguês construído e desenvolvido no espírito de uma sociedade de abundância e bem estar. Em segundo lugar põe em cheque a função de um político que deve governar com realismo, mas com esperança.
Mas a aludida frase coloca, ainda, uma série de interrogações sobre o empobrecimento. Empobrecimento de quem? Dos mais abastados? Da remediada classe média? Dos reformados de poucos centenas de euros? Dos jovens de salário mínimo? Em suma como se pode desejar o empobrecimento de quem já é muito pobre? E se esta injustificável pretensão se justifica com constatação de que consumimos mais do que produzimos, não seria mais inteligente defender que a solução está na mais equitativa distribuição da riqueza?
MG