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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

06 Nov, 2011

No fio da navalha

danifelix.tumblr.com

 

A diferença entre a loucura e a genialidade é um caminho estreito. Neste sentido há quem tenha visto no acto de convocar um referendo por Papandreou uma jogada genial. Também há quem considere tal atitude um rematada falta de lucidez. Não me parece nem uma coisa nem outra. Parece-me antes uma tentativa desesperada de percorrer a pequena margem que do tal caminho estreito para poder salvar a pele. Sem espaço de manobra  viu-se empurrado para o fio da navalha. Contrariando os vesgos comentadores que temos e os ingénuos escribas das redes sociais, Papandreou deu o dito pelo não dito em menos de 24 horas. Sobreviveu até ver mas, no entretanto, acrescentou mais crise à crise existente. Ao fim e ao cabo esteve mais perto da loucura que da genialidade. 

 

MG

Em Defesa da Democracia, da Equidade e dos Serviços Públicos

 

Os signatários reconhecem a necessidade de medidas de austeridade, mas aquelas medidas são excessivas e iníquas


As medidas extraordinárias inscritas na proposta de Orçamento para 2012 põem em causa alguns dos princípios fundamentais do Governo democrático e do Estado de Direito, porque contrariam em absoluto vários compromissos eleitorais fundamentais, bem como a necessária igualdade e justiça de tratamento dos portugueses, a qualidade dos serviços públicos e a motivação dos seus servidores.

Essas medidas, que comprimem brutalmente o nível de vida dos portugueses, são múltiplas: a eliminação dos subsídios de férias e de Natal dos servidores públicos e dos pensionistas, em 2012 e 2013; a eliminação das promoções e progressões na carreira, bem como o corte de salários (entre 5 e 10 por cento), apenas para a função pública (FP); o aumento de meia hora de trabalho diário para o sector privado; o brutal aumento da carga fiscal, sobretudo sobre consumidores e assalariados, ampliando o fosso de rendimentos entre capital e trabalho e as desigualdades sociais, num dos países mais desiguais da UE.

Os signatários reconhecem a necessidade de medidas de austeridade para o saneamento das finanças públicas e que a redução do défice se faça prioritariamente do lado da despesa. Porém, aquelas medidas são excessivas e iníquas e, não estando inscritas no memorandum, podem por isso ser alteradas em sede parlamentar sem pôr em causa uma necessária trajectória de consolidação orçamental.

O Governo alega estar a corrigir, assim, um diferencial de remunerações e estabilidade no emprego pretensamente favorável aos trabalhadores da FP. Porém, esta alegação parece ignorar os resultados de diversos estudos que mostram que se os servidores públicos menos qualificados recebem de facto um "prémio" salarial quando comparados com os do privado, entre as profissões mais qualificadas acontece precisamente o inverso. Como é reconhecido nesses estudos, há profissões públicas que não têm equivalente no privado. Acresce que há no sector público cerca de 45 por cento de pessoas com formação superior, enquanto que no privado há cerca de 13 por cento. Mais, excepto para as funções de soberania, há hoje um novo "contrato em funções públicas" que mostra que o diferencial de estabilidade no emprego é cada vez mais reduzido: basta ver as longas listas de "excedentários".

Finalmente, ou o corte de salários e subsídios é definitivo, mas nessa altura ofende a Constituição, por significar uma restrição brutal, desproporcionada, desrazoável, não indispensável e não suficientemente justificada dos direitos à retribuição e à segurança social, ou é transitório, sendo então equivalente a um imposto extraordinário embora contabilizado como um corte de despesa. Mas, neste caso, viola o princípio constitucional da igualdade por pretender resolver uma dificuldade conjuntural, de natureza e responsabilidade nacionais, à custa de um encargo gravíssimo incidindo exclusivamente sobre uma parte dos portugueses em função da sua situação económica e condição social.

Ao "tributar" fundamentalmente os quadros médios e superiores do Estado, o Governo está a desmotivar uns e a incentivar outros à saída, além da violência psicológica e da punição que isso significa sobre milhares de quadros e funcionários competentes e dedicados ao serviço público durante décadas. O Estado ficará mais fragilizado, mais incapacitado de servir o interesse público através da prestação de serviços jurídicos, de educação, de saúde, de acção social, entre outros.

Esta situação de injustiça social é agravada pelo facto de ser pelo menos parcialmente desnecessária. O que consta do memorandum com a troika, e que contribuiria para a redução da despesa pública, é a eliminação de desperdícios e ineficiências no Estado, as ditas "gorduras", em 500 milhões de euros para 2012. Esse objectivo não está, no entanto, previsto na actual proposta de lei do OE 2012 e é em parte por o Governo se revelar incapaz dessa redução que é proposto o corte de salários e pensões. Se não consegue cortar, de facto, na despesa pública associada aos desperdícios, deve implementar medidas que abranjam, de forma equitativa e progressiva, todos os portugueses (trabalhadores no activo, públicos e privados, pensionistas, empresas e seus accionistas), ou seja, considerando apenas como elemento de diferenciação o nível de rendimento e não penalizando sobretudo os pensionistas e a função pública.

Por tudo isto, os subscritores deste manifesto requerem uma alargada discussão pública, quer sobre a renegociação de certos aspectos do memorandum da troika - obviamente irrealistas -, quer sobre medidas alternativas às que geram maiores desigualdades no actual OE 2012.

Nesse sentido, apelam a todos os grupos parlamentares que procurem soluções mais consensuais e universais que, não pondo em causa a consolidação orçamental, promovam o crescimento, o emprego, a solidariedade social e, simultaneamente, valorizem a qualidade dos serviços públicos e a dignidade e a motivação dos seus profissionais. Desta forma, não se poria em causa a Constituição da República Portuguesa e a qualidade da democracia alicerçada na equidade de tratamento entre todos os portugueses.


Alfredo Barroso, Comentador Político, Ex-Chefe da Casa Civil do PR Mário Soares. Álvaro Domingues, Geógrafo, Professor Universtitário (PU), UP. Amadeu Carvalho Homem, PU, FL-UC. Ana Benavente, Socióloga, Investigadora, ICS, Ex-Secª. de Estado. Ana Matos Pires, Médica Psiquiatra, PU. André Freire, Politólogo, PU, ISCTE-IUL. António Arnaut, Advogado. António Costa Pinto, Historiador, Investigador e PU, ICS. António Avelãs, Professor do Secundário e Dirigente Sindical. António Nunes Diogo, Médico, PU. Bernardo de Almeida Azevedo, PU, FD-UC. Cipriano Justo, Médico, PU, ULHT. Elísio Estanque, Sociólogo, PU, FE-UC. Eunice Goes, Politóloga, PU, Richmond University, Londres. Eurico Figueiredo, Prof Catedrático de Psiquiatria aposentado. Fernando Condesso, Jurista e Politólogo, Catedrático do ISCSP, Ex-Sec. Estado. Francisco Sarmento, Técnico da FAO/ Programa Soberania Alimentar. Frei Bento Domingues, Dominicano, PU, investigador, ULHT. Helena Roseta, Arquitecta, vereadora CMLisboa. Irene Flunser Pimentel, Historiadora, Investigadora, IHC-FCSH. Isabel do Carmo, Médica (endocrinologista), Hospital de Santa Maria. Isabel Estrada Carvalhais, Politóloga, PU, UM. João Caraça, PU, Director do Serviço de Ciência da FCG. João Caupers, Jurista, Professor Catedrático, UNL. João Constâncio, Filósofo, PU, FCSH-UNL. João Ferrão, Geógrafo, Investigador, ICS, Ex-Sec. Estado. João Miranda, Advogado, PU, FD-UL. João Pinto e Castro, Economista, PU, FCSH-UNL. João Seixas, Geógrafo, Investigador, ICS. João Vasconcelos Costa, PU, ULHT. João Wengorovius Meneses, Ex-Presidente da TESE, CML Jorge Leite, Jurista (Direito do Trabalho), Professor jubilado da FD-UC. Jorge Miranda, Constitucionalista, Professor Catedrático (jubilado), FD-UL e UC-Lx. Jorge Reis Novais, Constitucionalista, PU, FD-UL. Jorge Vala, Psicólogo, Investigador e PU, Director do ICS. José Adelino Maltez, Professor Catedrático, ISCSP. José Alberto Rio Fernandes, Geógrafo, Professor Catedrático , UP. José de Faria Costa, Penalista, PU, FD-UC. José Gama, Professor da Escola Secundária Dona Maria, Coimbra. José Manuel Leite Viegas, PU, Director do DCP&PP, ISCTE-IUL. Manuel Brandão Alves, Economista, Professor Catedrático (aposentado), ISEG. Manuela Silva, Professora Catedrática Convidada (aposentada) ISEG. Maria Antonieta Cruz, Historiadora, Professora Universitária, UP. Marina Costa Lobo, Politóloga, Investigadora e PU, ICS. Mário Vale, Geógrafo, PU, IGOT e UL. Miguel St. Aubyn, Economista, ISEG-UTL. Nuno Portas, Arquitecto, FA-UP. Palmira Silva, Engenheira Química, PU, vice-reitora do IST. Paulo Trigo Pereira, Economista, PU, ISEG. Pedro Adão e Silva, Sociólogo, PU, ISCTE-IUL. Pedro Aires Oliveira, Historiador, PU, FCSH-UNL. Pedro Marques Lopes, Gestor, Comentador SICN. Purificação Araújo, Médica. Rosário Gama, Ex-Directora da Escola Secundária D Maria, Coimbra. Rui Branco, Politólogo, PU, FCSH-UNL. Rui Namorado, Jurista, PU jubilado, FE-UC. Sara Falcão Casaca, Socióloga, PU, ISEG. Teresa Portugal, Reformada, ex-deputada PS. Tiago Roma Fernandes, Politólogo, PU, FCSH-UNL.


Petição - Em defesa da Democracia, da Equidade e dos Serviços Públicos

 

 

 

altavolt.blogspot.com

 

As execuções na idade média eram um espectáculo público. O tribunal da inquisição contribuía com o seu poder discricionário para a generalização de condenações que pelo fogo libertavam o mundo de almas pecadoras. Multidões condicionadas assistiam a estes actos de terror com a mesma naturalidade com que batiam com a mão no peito nas missas dominicais.

 

Muita água correu até ao grande oceano do humanismo que extirpou esta barbárie da civilização ocidental, onde se inculcaram-se progressivamente os valores da tolerância e do respeito pela vida humana. E com excepção de alguns períodos revolucionários e transitórios o humanismo ganhou maturidade na mentalidade e na consciência dos cidadãos.

 

Hoje a Inquisição e a sua prática hedionda é condenada até pela própria igreja que a criou. Sabemos que a violência contra cidadãos inocentes ou culpados continua a ser usada como resultado da parte mais negra da natureza humana, especialmente em situações de perseguição e guerra. Acredito que mentes tortuosas ainda se deleitem com tais barbaridades. Mas enoja-me que seja a comunicação social globalizada que leve até ao conforto das nossa casas, em tempo real ou quase, execuções institucionais ou sumárias dos tempos contemporâneos.

 

Refiro especificamente o espectáculo bárbaro e aviltante da execução de Kadafi. Terá sido um ditador sanguinário. Será responsável por muitas mortes. Carregará o sangue de inocentes. Num estado de direito existem formas até mais exemplares de  castigar os criminosos políticos. E se é condenável o acto em si e a passividade a hipocrisia dos políticos mundiais com a democracia ao pé da boca(apenas?), mais condenável é o aproveitamento feito pelas televisões com o intuito de conseguir mais uns pontos de audiência. Porque o acto e a sua divulgação são sinónimo de um retrocesso civilizacional que, paradoxalmente, apenas serve para justificar a continuidade de regimes sanguinários. 

 

MG

 

 

 

01 Nov, 2011

Acorda amor

delitodeopiniao.blogs.sapo.pt

 

Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição

 

Acorda amor

Ouço Passos subindo a escada

No bolso sinto uma mão pesada

Remexendo remexendo em nada

Que aflição

Acorda amor

não sei se é sonho se realidade

Ajuda-me a parar esta ansiedade,

pois não sei que fazer

Que confusão

 

Acorda amor

estou mesmo a ver umas criaturas

com umas auras muito escuras,

e eu aqui preso no colchão

Que solidão

 

que o bicho é bravo e não sossega
se você corre o bicho pega
se fica não sei não

 

Lamentar

Chorar só

Não chega

É preciso ser inteligente

se não o bicho come a gente

sem dó nem piedade

Chame, clame, chame a autoridade

 

Os Passos estão queimando a minha mente

como Cavacos numa chama ardente

Que dor

Você não fique aí parada,

nessa atitude meio conformada

Ajude-me a sair desta agonia

A C O R D A   A M O R

 

Com os meus agradecimentos a Chico Buarque e um abraço para o Brasil.

 

MG

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