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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Equações ou a arte de tirar o que não deu?

 

Ministério cancelou prémios de 500 euros a dias de entregá-los aos melhores alunos do país»

 

 

Esbulho ou esmola forçada? Retirar um prémio já atribuído neste ano lectivo, contra todas as regras de um Estado de Direito e à revelia de todos os princípios éticos, nem ao diabo lembraria. Mas lembrou ao Sr. Crato promovido a ministro da Educação, depois do tirocínio no programa Plano Inclinado da TV. E lembrou-se ainda de uma emenda bem pior que o soneto: devem os espoliados dizer a que alunos carenciados deve ser distribuída essa verba. Espantoso! E saberá o ministro se os alunos vencedores são carenciados? Esta alarvidade já nem se enquadra no "mudar as regras a meio do jogo", mas  antes a alterá-las depois do jogo acabar, para assim construir o seu resultado. Que exemplo de coerência, respeito pelas leis e "palavra" se dá a jovens em formação? Que exemplo sobretudo vindo de um Ministro da Educação! Ministro? Talvez. Da Educação? De certeza que não.

 

MG

 

25 Set, 2011

O ocaso da cultura

tribunademolayubaense.blogspot.com

 

Num lúcido artigo publicado na revista Única do Expresso, sobre a situação actual, Clara Ferreira Alves, põe o dedo na ferida. Na sua abordagem, chama a atenção para a importância da cultura  na matriz das sociedades.  Basta recordar o exemplo do Império romano que se desmoronou económica e politicamente mas sobreviveu como projecto cultural que manteve a Europa Unida nos valores civilizacionais que hoje a caracterizam. E depois das derivas autoritárias e do regresso à democracia foi a cultura que deu alma ao projecto de unidade europeu. Foi o período em que o saber  ocupou um lugar central, com o debate centrado no conhecimento. Foi o tempo da leitura dos filósofos, dos escritores, das nonas sinfonias, das teorias que podiam melhorar o mundo.

 

No final do século XX a cultura começa a ser substituída pela economia. A utopia dá lugar ao pragmatismo. O Saber é despromovido pelos "yupis" e pelos gestores. Os valores humanistas dão lugar ao cifrão. A utopia dá azo ao consumismo. Nas escolas desvalorizam-se as humanidades em detrimento do saber técnico sem alma. Pessoa, Camões, Stendhal Tolstoi ,Proudhom, Marx, entre outros são fósseis sem futuro. O resultado é uma geração de políticos incultos e de economistas ignorantes. O resultado é a ascensão de demónios financeiros sem princípios, ditos mercados, que se pautam pela ganância e ausência de humanismo. Isto explica a barafunda em que está mergulhada a economia mundial em que tudo se resume a dívidas, défices, números...mas que, como noutras épocas da história, será ultrapassada, quando a cultura retomar o seu lugar determinante no verdadeiro progresso da humanidade.

 

MG

23 Set, 2011

Saudade

 

Em 23 de Setembro de 1973, morre Pablo Neruda poeta, diplomata , político com intervenção cívica por uma sociedade mais justa. Diz-se que morreu de tristeza por não resistir ao fim da primavera democrática e socialista do seu país, esmagada pelas botas cardadas da bestialidade e de um ditador sem nome que se perderá na poeira da história. Mas Neruda ficará vivo para sempre na saudade da sua poesia.

 

Saudade

 

Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage

 

 

21 Set, 2011

Cinema

 

Sempre vi o cinema como uma arte de entretenimento com capacidade para fazer pensar e sentir. Como noutras formas  expressão artística a sua mensagem para ser entendida tem de se adequar à situação dos receptores. Cumpre o seu papel quando assume a dimensão de nos emocionar e/ou fazer rir .O cinema como exercício mais ou menos exotérico de intelectuais, pode ter a sua validade, mas é visto pelo espectador-tipo como uma tortura mental.

 

O cinema português dos anos trinta e quarenta impôs-se pela sua simplicidade na abordagem da situações, pela linguagem do cidadão comum, pela especificidade da nossa cultura popular, no fundo  pela identificação com o espectador. Cumpriu a sua função libertadora de um quotidiano amargo.Por isso, teve sucesso nessa época e continua a ter hoje. Pôde ainda contar com um naipe de actores de grande craveira e de realizadores atentos ao pulsar natural da vida. Entre esses profissionais destacou-se Francisco Ribeiro-Ribeirinho faz hoje cem anos que nasceu. Aqui fica a recordação singela de um cinéfilo do cinema evasão, patente neste pequeno vídeo:

 

 

17 Set, 2011

Pobreza real

Há dias vi no consultório de um dentista  uma avó com dignidade, resignação e humildade  cancelar a consulta da neta por não ter dinheiro para a pagar. Hoje vi num minimercado um casal, ainda relativamente jovem, comprar três carcaças e pedir à empregada um euro de paio do mais barato. Este iria ser, possivelmente, o seu jantar. Esta não é a pobreza das estatísticas, nem a pobreza do verbo fácil dos políticos dos gabinetes climatizados, mesmo dos ditos de esquerda. Esta não é a pobreza que pontua nas manifestações organizadas agitando bandeiras e declamando slogans ensaiados. Esta é a pobreza, melhor a miséria real e desconhecida de carne e osso.Esta é a pobreza que no nosso comodismo e egoísmo não conhecemos ou não queremos conhecer. Esta é a pobreza que nós sociedade de bem-estar sacudimos do nosso capote, mas da qual também somos responsáveis com os políticos de todos os matizes. Esta pobreza que não aparece nas tiradas dos revolucionários das redes sociais é a pobreza que nos devia envergonhar e indignar para além do posicionamento pretensamente justicialista que assumimos, só da boca para fora, para tranquilizarmos a nossa consciência. Esta é a pobreza que me deixa céptico sobre a natureza humana.

 

MG   

 

A Madeira não é um Jardim. A Madeira é o Jardim. A Madeira é do Jardim.Trinta e seis ano de "ditadura democrática" incensada ou tolerada por todos os governantes nacionais. Trinta e seis anos de desbarato de recursos nacionais (de todos nós) para alimentar as suas clientelas. Trinta e seis anos de "fraudes" eleitorais baseadas na compra de votos ao bom estilo terceiro-mundista. Trinta e seis anos de poder pessoal, sofisticadamente, similar ao de caudilhos como Ben Ali, MubaraK e outros. Trinta e seis anos de prepotência, de arrogância, de desrespeito pelas instituições da República, de gastos ocultos. E fica impune?

 

MG

16 Set, 2011

Onde está o wally

 

Onde está o Wally é um quebra cabeças difícil, mas se procurar com persistência e paciência vai encomtrá-lo.

 

Tente agora descobrir neste mapa o cidadão Aníbal Cavaco Silva, eleito Presidente da República Portuguesa, desaparecido desde a eleição do novo governo. O que aconteceu a este cidadão tão activo durante o governo socialista ? Será que depois dos seis trabalhos para ajudar a derrubar José Sócrates ao sétimo descansou? E será que vai voltar para expulsar do seu paraíso aqueles que desobedeceram à sua imposição de não se poder sobrecarregar mais os portugueses? Ou será que está a preparar um pronunciamento e o justo direito à indignação que reconhecia ao povo nos tempos idos?

 

MG

 

15 Set, 2011

Torres com gente

 

No dia 11 de Setembro de 2001 o mundo ficou espantado com o ataque terrorista às torres gémeas e ao Pentágono. Quatro dias depois, há dez anos, concretizou-se o  pior cenário: da queda das torres  resultaram milhares de mortos e mais de um milhar de desaparecidos, ou seja de corpos não encontrados. Estes números para quem assistiu aos acontecimentos, no conforto de um sofá, não são mais que estatísticas que rapidamente saem da nossa memória no voragem da sociedade da informação.

 

Reportagens recentes, trouxeram a público uma visão diferente desta tragédia. Vários documentários mostraram que essas vítimas não são apenas números mas pessoas: pais, filhos, avós, com nomes, sonhos, expectativas. Gente inocente e sem qualquer responsabilidade nas injustiças do mundo ou da luta pela sua hegemonia. Quem programou e quem executou estes atentados, está nas antípodas dos valores de uma sociedade humanista. Os responsáveis por esta barbárie, sabem que estas matanças não trazem qualquer benefício para os povos que dizem representar, nem contribuem para um mundo mais justo. São expressão de sectarismos que roçam a loucura, sem respeito pela vida seja de quem for e assentes na revolta de populações miseráveis. Daí que mais do que combater este terrorismo com violência é fundamental melhorar as condições de vida desses povos.

MG

 

PS: Sobre a autoria dos atentados têm surgido teses que os consideram uma conspiração decidida dentro dos EUA, como forma de ter justificação para invadir o Afeganistão e o Iraque e aproveitar as suas riquezas. Além de ser discutível que os Estados Unidos precisassem da referida justificação para as invasões, depois de pesados os custos de longas guerras e os lucros obtidos não sei se o saldo será positivo. E se as "evidências" apresentadas nas teses da conspiração estão certas há um coisa que me deixa perplexo: Se os atentados não são da autoria da Al qaeda, porque razão é que esta organização os assumiu? Primarão pela total ausência de inteligência ou serão aliados ocultos dos EUA?    

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