Heróis
O fraco rei faz fraca a forte gente
Camões
Correntes historiográficas ligadas ao marxismo decidiram tirar o Herói do centro da explicação da evolução histórica. Para esta nova História os acontecimentos são determinados pelo povo e não por qualquer personalidade. Sem querer menosprezar o papel das massas populares no processo histórico o certo é que, na minha perspectiva , foram os grandes líderes, que ao longo dos tempos traçaram o rumo da humanidade. E para além da influência das conjunturas transitórias, a sua acção é responsável pelo sentido progressivo ou regressivo da evolução.
Não consigo imaginar a existência de Portugal sem essa figura heróica que se chama Afonso Henriques. Não fora a sua determinação, vontade, vistas largas, sinónimos de uma invulgar inteligência e este rectângulo de matriz marítima, não passaria, para o bem e para o mal, de uma província de Espanha. Da mesma forma era impossível conceber o grande Império Romano sem a visão de Octávio, para referir outro exemplo.
O destino da humanidade está portanto refém da qualidade das elites que nos governaram. A função das massas é similar à das peças do jogo de xadrez. Servem para cumprir os objectivos do jogador e no grande tabuleiro da história tem havidos bons e maus jogadores. Na actualidade os destinos do mundo de uma forma geral estão na mão de dirigentes medíocres. Dirigentes sem sentido de estado, sem ousadia, sem rasgo, sem visão de futuro. São meros gestores contabilísticos. Mas o progresso no sentido amplo não se faz com esse tipo de gente, que não deixará marca na memória histórica. Nesta ficarão aqueles que pela sua grandeza de pensamento e acção figuram e figurarão na galeria dos heróis.