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Vejo o dia de Portugal como o dia de nos encontrarmos como nação, de glorificarmos o longo passado comum, de acreditarmos no presente e continuarmos unidos rumo ao futuro. Não foi assim que o entenderam os oradores das cerimónias oficiais. Um aproveitou para destilar o seu ódio a Sócrates que já considerou um delinquente político na linha da reles vendetta made in máfia. O outro, magistrado máximo da nação, enredou-se num discurso de banalidades, quase sem sentido, para não ter de dizer coisa nenhuma.
Sua excelência o Presidente da República, parecia ter descoberto a pólvora ,ao apelar ao regresso às aldeias do interior e à actividade agrícola. Mas o senhor Presidente deve ter memória curta, porque omitiu quem foi o principal responsável pela destruição da agricultura e das pescas. Mau grado a política da PAC ser uma imposição externa, uma factura que tivemos que pagar para entrar na Comunidade, só lhe ficava bem assumir essa responsabilidade.
Mas para além disso, o apelo tardio à ressurreição do sector agrícola e do interior, que começou a morrer na década de sessenta, não passa de um apelo inconsistente, que não se enquadra na evolução dos tempos. A renovação da agricultura, passa hoje por uma nova forma de produzir, que já se nota em alguns sectores, com introdução de actividades vocacionadas para nichos de mercado especializados e com orientação de gente tecnicamente preparada para o efeito. Na forma em que apresentou o seu pensamento, não passa de mais um "modismo" como o do regresso ao mar. O repovoamento do interior não se compadece com "modismos", nem se restringe a este ou aquele sector. Tem de ser um projecto pensado e integrado de desenvolvimento consistente.
Já o discurso do Dr. Barreto, muito apreciado pelos media,na linha de superioridade moral a que nos habituou, é um desfilar de acusações, apoiadas em meias verdades, contra os políticos, a política e os governantes. Até parece que António Barreto nunca foi governante nem político. O facto é que o foi e errou como erram todos os que têm que agir. Quando se é treinador de bancada nunca se erra. E tem sido esse o papel de Barreto há muito tempo por falta de clube.
A política em democracia faz-se com políticos sujeitos a contextos e conjunturas específicas e que umas vezes agem de forma correcta e outras não. Fazer política sem políticos, significa recorrer a seres iluminados e concebidos sem pecado, que por norma e lição histórica dá no que dá. Barreto tem direito a analisar a realidade como bem entender. Não tem é direito de aproveitar o importante cargo para que foi designado, nem o ponto alto das cerimónias do 10 de Junho para, contra o espírito do dia da portugalidade, atacar,desmoralizar e desunir.
MG