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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

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07 Jun, 2011

O erro de Sócrates

 

O PS perdeu as eleições. O PSD ganhou-as. É esta a mecânica da democracia. Mas o PS e o seu Secretário Geral, perderam as eleições devido ao desgaste dos últimos três anos. Durante esse período o governo teve de enfrentar a pior crise económica desde 1929. Isso conduziu ao crescente endividamento do país para manter o Estado Social: Serviço Nacional de Saúde, Escola Pública, subsídios de desemprego, reformas. O governo de Sócrates, extremamente condicionado pela conjuntura continuou a modernização do país, nas novas tecnologias, no investimento público, no apoio a uma indústria e a uma agricultura com vertente exportadora. Também cometeu alguns erros de avaliação em relação à dimensão da crise. Cometeu ao longo do seu mandato, possivelmente, outros menos visíveis.  Mas a sua queda começou com um erro de palmatória e que teve de pagar com língua de palmo.

 

O maior erro de Sócrates foi ter constituído um governo minoritário após as eleições de 2009. Na impossibilidade de conseguir um apoio maioritário para formar esse governo, deveria ter recusado assumir funções governativas e teria virado o feitiço contra o feiticeiro. Era evidente que o Presidente Cavaco que o suportara durante a anterior legislatura, para poder ser reeleito iria derrubá-lo na primeira oportunidade, ou seja após a  sua reeleição.

 

Não foi a mistificação da bancarrota que não aconteceu, não foi a mistificação do endividamento que é responsabilidade de todos os governos desde Cavaco, não foi a mistificação do fraco crescimento económico que é fruto de décadas de políticas erradas, nem foi a mistificação do desemprego que é resultado, em toda a Europa, da crise desencadeada pelos especuladores. Quem derrubou Sócrates foi sua excelência o Sr Cavaco, quando percebeu que estavam reunidas todas as condições para entregar o poder à sua gente. E Sócrates, com toda a sua sagacidade não o percebeu. Mas estava evidente, logo no mais vingativo discurso de vitória eleitoral de que há memória. Ficou ainda mais evidente no discurso de tomada de posse de sua Excelência. Sócrates confiou ingenuamente no seu carisma, na sua determinação, na sua boa estrela. Não percebeu que há lobos vestidos de cordeiros, mesmo quando trazem o rabo de fora. Em política há erros que custam muito caro.

 

MG