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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

18 Abr, 2011

Gaivota

 

A gaivota pousou sem pedir licença no parapeito da varanda de um aparthotel de qual sou ocupante transitório. Com uma pose blazé e um ar despreocupado, se é que às gaivotas podem ser atribuídos sentimentos humanos, fitou-me, foi assim  que interpretei ,com curiosidade.

Como não consegui descortinar o motivo da sua visita, nem possuo técnicas de comunicação com gaivotas, limitei-me a admirar a sua presença e como qualquer cidadão embasbacado com uma situação incomum, pensei aprisioná-la no meu álbum de recordações. Foi então que saquei da máquina fotográfica e desatei a disparar sobre o impávido animal. Impávida , serena e aparentemente indiferente, suportou toda a sessão sem nada exigir. Quando assim entendeu partiu com a mesma falta de cerimónia com que chegou. Voltará? Não sei, mas tenho curiosidade em saber se foi apenas uma visita ocasional.

 

MG

18 Abr, 2011

Paternalismos

Em resposta a um desafio lançado por VA, no blogue Vistas Largas sobre as novas relações entre o mundo ocidental e os países Árabes, aqui reproduzo o meu contributo, já publicado nos comentários do referido blogue:

 

Caro VA o assunto que lança para reflexão, é  muito interessante no contexto de perturbação que atinge o mundo árabe/muçulmano. Sem possuir o conhecimento e a experiência que permitam abordar com rigor essa problemática, gostaria de deixar aqui uma pequena achega, tão despretensiosa quanto empírica.  
A democracia moderna implantou-se, no ocidente, durante o século XVIII, mas as suas raízes mais remotas entroncam na democracia grega e as mais recentes no Renascimento quinhentista. E resulta da conjugação da cultura clássica, com o humanismo cristão e o progresso científico, que não é alheio à expansão portuguesa. O regime político liberal tem atrás de si vários séculos de mudanças políticas, económicas e sobretudo no âmbito das mentalidades. E penso que só com esta mudança foi possível chegar às transformações que se verificaram no século XVIII, pondo em causa o poder teocrático e fazendo a separação entre igreja e o estado.
Ao invés, o Mundo Muçulmano cristalizou-se numa forma de poder em que a sociedade ficou totalmente prisioneira do poder religioso. Este poder condicionou a renovação de formas de pensar e de agir. E foi adiando, século após século, a revolução das mentalidades.
Os dois mundos, divididos pela crença religiosa, excluíram-se mutuamente, fechando fronteiras a uma aproximação que permitisse, uma cooperação aberta. Acresce que a aproximação do mundo ocidental, fez-se mais com base em princípios economicistas, talvez com o intuito de conseguir por esta via, também a mudança dos comportamentos.
Querer fazer mudanças no Mundo Muçulmano, com o enxerto da democracia formal em regimes na sua maioria teocráticos, parece-me que é colocar o carro à frente dos bois. O falhanço dessa experiência ficou bem demonstrada, na África tribalista.
A mudança no Mundo Muçulmano tem de partir de dentro e não de fora. E passa por alterar mentalidades que aceitem com naturalidade o divórcio entre a religião e a política. Só esta mudança, necessariamente progressiva e lenta permitirá um relacionamento diferente.  Colocar a tónica do actual relacionamento no paternalismo do Sul desfocaliza a análise . Acredito que a chave do problema também passa e muito pela evolução dos povos Árabes . O que não sei é como será o processo, nem qual a sua duração. Quem sabe se estes dois mundo na sua caminhada paralela, não subverterão as leis da física e se encontrarão num ponto desconhecido. Até lá não vejo muito espaço de manobra. 
Cumprimentos , MG

15 Abr, 2011

Rebanhos II

Sem prescindir dos seus princípios, das suas crenças Zeca Afonso conseguiu passar pela vida sem se engajar a nenhum rebanho. Embora alguns tentassem incluí-lo na sua manada, mostrou que é possível ter uma intervenção cívica que está muito para além dos horizontes fechados dos campos de qualquer pastor. Um exemplo. Quanto é doce .

 

 

15 Abr, 2011

Rebanhos

apoiort.com

 

Todos nós, quer queiramos quer não, consciente ou inconscientemente, pertencemos a algum rebanho. Ou a um rebanho clubístico, ou a um rebanho político, ou a um rebanho religioso, ou ao rebanho de algum culto musical. Faz parte do ADN da humanidade e é quase tão natural como respirar.

 

No nosso(s) rebanho(S) obedecemos cegamente ao chefe do mesmo. No seio da carneirada, apaga-se o racionalismo e acende-se a emoção. Nunca ou raramente agimos em função de análise objectiva e imparcial da situação, mas de acordo com a posição oficial do pastor. Tratamos o rebanho como um filho; por mais asneiras que faça estamos sempre ao seu lado. Vejamos alguns exemplos: a nível clubístico seguimos sempre a posição oficial do nosso grupo em qualquer conflito entre pares; na religião, somos tolerantes ou  fanáticos, consoante a linha adoptada pela hierarquia; na política, seguimos a posição dos lideres: se dizem que o FMI é mau-morra o FMI; se dizem que o FMI é bom-viva o FMI; se nos mandam comer sapos, comemos sapos por mais amargos que sejam. Só que o FMI, não é bom , nem mau, antes pelo contrário, só que os sapos são uns bichos, cuja utilidade não devia servir para  degustação.

 

Eu entendo esses comportamentos de acordo com a psicologia de massas. Eu entendo o meu próprio comportamento, no contexto do meu rebanho, embora não consiga contrariá-lo. No minimo procuro ser honesto com a minha pessoa. Eu não entendo aqueles que fiéis ao seu rebanho, persistem e penso que convictamente, a fazer crer aos outros que o seu rebanho é o mais branco, enquanto os outros carneiros são filhos de ovelhas negras.

 

Todos os dias vejo gente a afirmar que se este país tivesse sido governado pela esquerda comunista, por exemplo, seria um paraíso. Concerteza que seria diferente, não sei é como. Mas para encontrar uma aproximação proponho a análise de experiências nessa área: URSS, Roménia, Bulgária, Albânia, Cuba, China, Coreia. Serão ou terão sido paraísos? Quem tem a coragem de se tresmalhar só por uns momentos?

 

Quando dentro do meu rebanho, sem pôr em causa a sua identidade, procuro ter capacidade crítica e ajudar a mudar comportamentos que acho errados por parte dos pastores, estou a prestar um serviço bem mais importante à sua condução, do que se aceitar acriticamente o rumo imposto. E ganho autoridade para me recusar a  engolir os sapos e sapinhos, agora tão preciosos até nos portais informáticos.

 

MG 

 

 

 

 

 

 

Enquanto empurrava o carrinho de compras e reflectia sobre o sarilho em que nos meteram os políticos, vi o carro estacionado com uma figura esfíngica, no seu interior, a acenar-se. Sem conseguir identificar a personagem, correspondi por uma questão de boas maneiras e continuei o meu percurso.

 

Depois de arrumar o carrinho e recuperar a moeda,que os tempos não estão fáceis, verifiquei que  o movel continuava no mesmo sitio com o condutor a cumprimentar-me insistentemente. Senti que pretendia contactar-me. Aproximei-me da viatura e debrucei-me sobre  a janela aberta.

 

-Como está ,disse, uma voz saída de um corpo esquelético e de uma boca que quase submergia debaixo de uns enormes óculos escuros. Perante a minha cara de espanto , a voz replicou.

 

-Não se lembra de mim? o  cabelo, de facto, está diferente, expressando-se em minúsculas para respeitar o acordo ortográfico. Entretanto ia tirando a máscara raiban e mostrava uma cara macilenta de fuinha, de um ser algo andrógino. Rebusquei, um pouco comprometido, nos sítios mais recônditos da minha memória mas em vão. A estranha  personagem, olhava-me com um ar acusador e cada vez mais enigmático. um silêncio de chumbo parecia eternizar-se . Arrisquei:

 

- De onde o conheço? Será da escola? Quando se lida com centenas de alunos durante anos é impossível guardar com nitidez a imagem de tanto rosto. E ele, continuando a pôr à prova a minha incredulidade disparou:

 

- Veja lá...Pedro não lhe diz nada.

 

- Pedro só por si não, pode ser mais concreto, disse,cada vez mais comprometido com a minha falta de memória, mas já  esclarecido sobre o sexo do indivíduo, não da sua sexualidade.

 

- O Pedro da farmácia, afirmou peremptório...Há sim , respondi, sem muita convicção, mas está tão diferente...vocês jovens mudam muito...nunca o reconheceria.

 

- Compreendo, como nós dizemos,vocês é que estão sempre na mesma, mas agora já não estou na farmácia, estou na Worten( não cobrei taxa publicitária) e se precisar de alguma coisa vá visitar-me. Tome o meu número de telemóvel e estendeu-me, numa mão raquitica  um papel amarrotado.

 

- Concerteza, se precisar irei, disse enquanto me despedia com um "prazer em vê-lo" de circunstância, aliviado por ter terminado este diálogo quase absurdo.

 

 

Quando me afastava, ouço de novo o motor do carro aproximar-se, parar e sair do seu interior um corpo esguio , quase transparente, que me colocou nas mãos uma caixa, ao mesmo tempo que dizia "guarde é uma lembrança". Agradeci e fui-me a afastando com a embalagem, onde se lia eau de cologne, mas o som da voz estridente recusava abandonar-me!

 

- Espera...nós recebemos um prémio de compensação de encomendas e em vez de ir para outro vai para ti. -"Chega aqui", ordenou. Agastado, mas rendido pela persistência, aproximei-me do carro. O lingrinhas, pegou numa bolsa que continha o que parecia ser uma máquina de filmar e depois de uma brevíssima informação sobre o produto entregou-ma, "guarda é para ti".

 

 Algo atarantado, fiquei com o objecto nas mãos ao mesmo tempo  que balbuciava: - mas ...não quero...não preciso. E ele, "fica com isso, é um último modelo, enquanto tirava do carro outra e outra bolsa idêntica, que me ia entregando. De repente e já sem mãos para segurar tanta generosidade, meio anestesiado, caí em mim e senti-me a pensar: mas que é isto? que te está a acontecer? Fui buscar coragem  e discernimento nem sei onde e atirei os objectos para o banco da viatura do trinca-espinhas. Este, ofendido, insistia "pega nisso" porque não posso entrar com o material...e eu "não quero, não tenho nada a ver com isso".

 

Segui o meu caminho durante uns bons metros, aliviado por me livrar daquela sarna inesperada, levando sem me aperceber a caixa de perfume. De novo  pressenti estar a ser perseguido. As palavras saíram marteladas pela janela aberta:

 

- Ao menos dá-me 10% que é o imposto do perfume; custa cem euros. Atirei a embalagem para dentro da viatura e afastei-me sem mais comentários, enquanto via, com alivio, o carro a afastar-se e a voz a sumir "depois telefone".

 

Moral da história: Se um conhecido(?) desconhecido(a) lhe entregar um perfume, mesmo em tempos de crise, isso é... vigarice.

 

MG

 

 

 

 

 

 

 

caminhosdamemoria.wordpress.com

 

 

" Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade"

 

                        Kennedy, aquando da chegada à lua.

 

 

Durante a guerra fria as duas superpotências que se digladiavam pelo controle do mundo, iniciaram também a guerra das estrelas, com utilização de avultados recursos que poderiam ter sido utilizados em missões mais úteis para colmatar graves problemas terrenos.

 

Essa fase já passou e hoje o projecto espacial, bem mais moderado, enveredou pela via da cooperação. Afinal somos todos passageiros da mesma nave e o insondável Prestes João do Universo, só se atingirá com o esforço colectivo. Mas isso não invalida que se valorize o trabalho até agora realizado. E nessa galeria de valorosos, temos de incluir, a pegada de Gagarine, o primeiro terrestre a pôr o pé fora do nosso planeta. Faz hoje 50 anos.

 

MG

 

 

12 Abr, 2011

Firmeza

 

O PEC 4 foi rejeitado por uma oposição no mínimo ensandecida. A burrice, caiu para os especuladores financeiros como sopa no mel. E aproveitaram a "asnice" para tirarem ao país a bóia a que ainda se agarrava.

 

O PEC 4 está de volta, bem mais anafado,  agora pelas mãos da eufemisticamente chamada ajuda externa(FMI). Todos os partidos, quer o  aceitem ou não, vão ter que o engolir, com a maior cara de pau. Melhor quem vai ter que o engolir  somos todos nós.

 

Mário Soares afirmou que Portugal está de joelhos. Com todo o respeito pela sua lucidez de ancião, permito-me discordar. E discordo com um argumento simples: convém aos especuladores, por razões óbvias que esta ajuda se concretize, convém à UE por uma questão de sobrevivência que as negociações cheguem a bom porto, porque a queda de Portugal, arrastará consigo a queda do euro e possivelmente  o início do fim do projecto europeu.

 

 Portugal tem de jogar a seu favor com esta situação,  ser firme e inteligente nas negociações, sempre de pé e de cabeça bem levantada. Já vencemos adversários poderosos e manhosos e podemos voltar a fazê-lo se a audácia e o engenho se sobrepuserem ao medo. Não foi com medo e  hesitação que se construíu esta Nação valente e Imortal, como bem afirmou o poeta.

 

MG

 

 

 

 

11 Abr, 2011

Sobredotado

 

O Louçã não gosta do FMI. Eu também não. O Louçã acha que a melhor maneira de resolver o financiamento do Estado e dos cidadãos é tirar dinheiro aos financeiros, vulgo assaltar bancos. Eu concordo com a condição de levarem o dos banqueiros e o  dele.

 

 Mas, agora, para além desta ideia peregrina, teve uma outra, talvez, bem mais interessante. Diz ele, no seu tempo de antena, que devíamos ir buscar o pilim que começa a escassear, à economia paralela e aos offshores.

 

Aceito, se me explicar como o vai fazer. Se conseguir de uma forma convincente, que não seja apenas blá, blá, mostrar preto no branco como se realiza esse milagre, tem a minha eterna gratidão e o meu total apoio, porque acho que ainda é mais difícil que tirar o pecado do mundo.

 

MG

10 Abr, 2011

O regresso do PREC

dotecome.blogspot.com

 

Antes era o PREC, agora é o PEC. Formalmente só um R os separa. No PREC a luta travava-se entre os partidários do velho comunismo soviético e entre os adeptos da democracia parlamentar ou como diziam os seus detractores a democracia burguesa. No PEC(pedido de empréstimo ao capitalismo) a luta é entre ter ou não ter os Recursos para, melhor ou pior, ir sobrevivendo

 

A derrota do PREC, que nos .levaria para um rumo que a maior parte da população recusava, inseriu-nos no clube do capitalismo liberal que muitos diabolizam, mas do qual continuam a gozar todas as benesses. Acontece, que como não há rosas sem espinhos, não há sistemas perfeitos. Se o PREC tivesse triunfado teria levado o país para o isolamento do mundo ocidental e para uma espécie de "cubização" do regime. E hoje, com a queda do muro de Berlim, estaríamos como Cuba à procura do rumo capitalista.

 

O que me espanta, é como passados mais de trinta anos, ainda há quem queira fazer crer que podemos regressar ao PREC. A reunião entre a velha e genuína guarda do comunismo(PCP) e o oportunista albergue espanhol que dá pelo nome de BE, não passa de uma manobra de diversão, não um PREC mas um PEC, isto é Processo de Embuste em Curso. Mais do que trágico é cómico. 

 

Embora a hipótese seja absurda, eu gostaria que entregassem o governo do país a esta aliança do PREC . Das duas uma, ou tiravam o R ao PREC e ficavamos, na mesma, com um PEC 5 R(revolucionário) ou o mantinham o R e o vil metal deixava de escorrer. Gostava de ver como pagavam (já nem falo na dívida) o salário a cerca de 5 milhões de portugueses que são sustentados pelo aparelho do Estado. Talvez assim, saíssem do seu sono letárgico, aqueles que ainda acreditam em histórias da carochinha e como no PREC consideram os socialistas o inimigo público número 1. Mas se conseguissem pagar salários, aumentar regalias, domar os capitalistas, penitenciava-me e tirava-lhe o meu chapéu, porque no fundo também sou, sem ironia, pela total igualdade social.

 

MG