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Todos nós, quer queiramos quer não, consciente ou inconscientemente, pertencemos a algum rebanho. Ou a um rebanho clubístico, ou a um rebanho político, ou a um rebanho religioso, ou ao rebanho de algum culto musical. Faz parte do ADN da humanidade e é quase tão natural como respirar.
No nosso(s) rebanho(S) obedecemos cegamente ao chefe do mesmo. No seio da carneirada, apaga-se o racionalismo e acende-se a emoção. Nunca ou raramente agimos em função de análise objectiva e imparcial da situação, mas de acordo com a posição oficial do pastor. Tratamos o rebanho como um filho; por mais asneiras que faça estamos sempre ao seu lado. Vejamos alguns exemplos: a nível clubístico seguimos sempre a posição oficial do nosso grupo em qualquer conflito entre pares; na religião, somos tolerantes ou fanáticos, consoante a linha adoptada pela hierarquia; na política, seguimos a posição dos lideres: se dizem que o FMI é mau-morra o FMI; se dizem que o FMI é bom-viva o FMI; se nos mandam comer sapos, comemos sapos por mais amargos que sejam. Só que o FMI, não é bom , nem mau, antes pelo contrário, só que os sapos são uns bichos, cuja utilidade não devia servir para degustação.
Eu entendo esses comportamentos de acordo com a psicologia de massas. Eu entendo o meu próprio comportamento, no contexto do meu rebanho, embora não consiga contrariá-lo. No minimo procuro ser honesto com a minha pessoa. Eu não entendo aqueles que fiéis ao seu rebanho, persistem e penso que convictamente, a fazer crer aos outros que o seu rebanho é o mais branco, enquanto os outros carneiros são filhos de ovelhas negras.
Todos os dias vejo gente a afirmar que se este país tivesse sido governado pela esquerda comunista, por exemplo, seria um paraíso. Concerteza que seria diferente, não sei é como. Mas para encontrar uma aproximação proponho a análise de experiências nessa área: URSS, Roménia, Bulgária, Albânia, Cuba, China, Coreia. Serão ou terão sido paraísos? Quem tem a coragem de se tresmalhar só por uns momentos?
Quando dentro do meu rebanho, sem pôr em causa a sua identidade, procuro ter capacidade crítica e ajudar a mudar comportamentos que acho errados por parte dos pastores, estou a prestar um serviço bem mais importante à sua condução, do que se aceitar acriticamente o rumo imposto. E ganho autoridade para me recusar a engolir os sapos e sapinhos, agora tão preciosos até nos portais informáticos.
MG
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