Ser
Correr atrás do passado é como correr atrás do vento, jamais o alcançaremos.
Artesãocioso do blogue Origens
Esta frase retirada de um texto de João Gonçalves, numa lúcida reflexão sobre o passado, inspirou-me esta outra: Correr atrás do futuro é ser levado pelo vento, não se sabe para onde nos leva. Talvez por isso não me sinto nem passado nem futuro, sinto-me presente, sinto-me cada instante que conscientemente vivo, consequência do instante que já passou e antecâmara do que virá a seguir. Nesta perspectiva sou simultaneamente passado e futuro feito presente, num tempo e espaço, ora definido, ora indefinido.
Ao dizer que sinto, procuro afastar desta reflexão o acto de pensar. Pensar significa catalogar actos voluntários ou involuntários, tristes ou alegres, positivos ou negativos, temporalizá-los, embrulhá-los em certezas subjectivas ou em dúvidas objectivas. Prefiro vivê-los como os vivi, quando os vivi ou como os irei viver, sem a preocupação cartesiana do penso logo existo. O sinto logo existo dá-me uma dimensão menos estruturada do passado, ou metafísica do futuro, mas mais realista e intensa do presente que é o que estou vivendo em cada momento,sem nostalgias temporais.
MG