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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

14 Fev, 2011

Hoje não namoro

 

asminhas1001ideias.blogspot.com

 

Estes cumprem a tradição?

 

A invenção dos dias é tão útil como indispensável. Mas o homem sempre insatisfeito, resolveu aprisioná-los. E assim nasceram o dia disto, o dia daquilo, o dia daqueloutro. E lá fomos condicionados com o dia dos namorados, o dia da família, o dia da sopa de pedra...Peço desculpa, mas não entro nesse rebanho, nem contribuo para esse peditório. 

 

Dêem liberdade aos dias. Deixem sê-los o que são, o que quiserem ser. Deixem-nos construir a sua própria agenda: momentos de alegria, pedaços de amor, minutos de inveja, horas de incerteza, bocados de ternura, acessos de raiva, centelhas de generosidade, encontros, desencontros, euforia, desânimo, paixão, ciúmes...

 

Com os dias rigorosamente condicionados podem ganhar floristas, ourives, pasteleiros...dá-se mais um beijo por obrigação...escreve-se uma frase de ocasião...

Só para contrariar, hoje não namoro. E não perco nada porque restam 365 dias para o fazer.

 

MG

 

 

 

 

Nasci, no pós -2." guerra mundial numa pequena aldeia de um país pasmado chamado Portugal. Os meus pais eram pequenos e humildes proprietários agrícolas. Não tive acesso ao ensino liceal, privilégio, como muitos outros jovens dessa época. O ensino médio e secundário era frequentado por uma elite com emprego sempre garantido. No meu primeiro trabalho recebia uma gratificação sem qualquer tipo de recibo. Fiz a minha formação académica no ensino nocturno como trabalhador estudante.

 

As gerações anteriores, hoje no fim da linha, não tinham acesso a saúde educação ou qualquer outra protecção social. Sobrevivem com reformas de poucas centenas de euros. Alguns sós , tristes, infelizes, desamparados. Não tiveram mordomias na infância, não têm privilégios na velhice. São a geração trezentos.

 

As pessoas nascidas depois da década de 70 beneficiaram de uma prosperidade, embora artificial, como nunca tinha existido neste país. Tiveram acesso a ensino gratuito e universal, a protecção na saúde, fundo de desemprego, subsídios. Criaram os seus filhos como príncipes e criaram-lhes a ideia de que tudo era fácil. Apesar de muito desperdício os níveis de escolaridade aumentaram, os licenciados cresceram, embora  mais que as necessidades do mundo do trabalho.

 

Uma canção "que parva que sou" descreve o que já se sabia: jovens sem emprego ou com trabalhos desqualificados para a sua formação e com salários baixos (geração quinhentos). E em jeito de revolta questiona se vale a pena estudar. Discordo. Apesar das dificuldades, prefiro esta situação aquela que existia no passado.  E adquirir conhecimentos é sempre uma mais valia. A aprendizagem não pode reduzir-se a uma contabilidade de deve e haver. A  maior ou menor riqueza monetária de um país é um valor transitório, a riqueza intelectual e cultural é um valor perene e garantia de progresso futuro.

 

MG