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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

09 Jan, 2011

Ser ou não ser

À leveza do ser contrapõe-se o pesadelo  do ter. O ser concentra o conceito de felicidade no desprendimento material e no valores do espírito. O ter, ao contrário, arrasta para a ganância, para a exploração, para o desrespeito, para a corrupção.

 

 Uma sociedade baseada no ser conduz à harmonia, uma sociedade baseada no ter leva á desigualdade e ao medo. As sociedades assentes no ter, geram injustiça, acentuam diferenças, produzem miséria, atraem todo o tipo de crime. 

 

Na sociedade do ter, adora-se a concorrência desleal e cria-se a ilusão que mais e mais riqueza é igual a mais e mais felicidade. Assim funcionam as economias ditas desenvolvidas. Um dia, o ser, carregado de ter, parte como todos os outros. O que resta: ilusão perdida.

 

Vitor Alves , um capitão de Abril, partiu como o conhecemos, simples, discreto, generoso. Arriscou com outros camaradas a sua carreira por um ideal. Terminada s sua missão não tirou partido do poder que usufruiu. Terminada a sua missão, não exigiu recompensas e regressou ao seu papel de cidadão quase invisível. Partiu com a mesma leveza com que viveu e viverá porque só vive na história quem faz do altruismo uma missão .

 

MG 

Nasci e cresci numa aldeia. Era uma aldeia parecida com tantos outras. Era uma aldeia cheia de gente e de vida. Gente simples, gente modesta, gente feliz. O trabalho era o lema do dia a dia. Mas num quotidiano de trabalho duro havia sempre tempo para conviver de forma singela e saudável. A convivência aprendia-se na família e continuava na escola. A escola ainda separada por sexos fervilhava de vida, de alegria de entusiasmo. A escola era a imagem de uma comunidade cheia de vitalidade. 

 

Nos anos sessenta um processo tardio e desregulado de desenvolvimento começou a destruir a minha aldeia. A emigração e a migração começaram   a levar pessoas para horizontes mais promissores. A aldeia foi-se despovoando. Apenas ficaram alguns resistentes, fiéis, quase religiosos da agricultura de subsistência. A Comunidade Europeia destruiu o que restava das actividades tradicionais. Os mais idosos foram desaparecendo. Para os mais novos a alternativa é migrar. Mas há alguns que continuam a resistir. Merecem ser apoiados, pois são a esperança que resta para que a aldeia sobreviva. E pode sê-lo se houver vontade política de vistas largas, de desconcentração, de reordenamento, de regresso ao passado mas com futuro. A minha aldeia , que são todas as aldeias, pode voltar a ser um lugar de vida plena.

 

MG