Esta chaminé avivou-me recordações da minha infância. Recordei-me dos serões passados à volta da lareira nas longas e frias noites de inverno. Nesses tempos não havia televisão para nos dominar a mente, nem internet para criar realidades paralelas ou vice-versa. Vivia-se a realidade real das alegrias e das tristezas do dia a dia: do pão ou da sua falta, da saúde ou da doença, do trabalho ou do lazer, da esperança ou da falta dela... Era o convívio simples e ingénuo da própria simplicidade. Era a liberdade de ser livre, livremente, sem imposições de qualquer liberdade. Era o tempo mítico em que a justiça ou a injustiça pertenciam aos tribunais e não aos media.
Esta e outras chaminés idênticas, assim como o seu simbolismo, tendem a ficar esquecidas, como pedaços de memórias de um tempo inexistente. No seu lugar erguem-se chaminés de ignomínia, de injúria, de infâmia, de devassa, de desrespeito, de falsidade. Tudo em nome da defesa da liberdade de quem nunca dela se viu privado.
MG