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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

31 Jan, 2011

Cigarras e formigas

 

Na fábula, a cigarra é apresentada como exemplo da falta de responsabilidade. Para comentadores, analistas, economistas e outros capitalistas Portugal é considerado um país cigarra. Come  bebe, canta, dança e descansa. Entretanto a laboriosa formiga que não sabe fazer mais nada, acumula, empresta alimenta e contesta a irresponsável cigarra. Fartou-se. Não a alimenta mais.  Que se dane! Coma cantorias.

 

Nas últimas eleições, a nação cigarra elegeu um presidente formiga. Trabalhador, honesto qb, sisudo, vingativo. Podia estar pacatamente a gozar as belas reformas douradas, mas quer continuar a trabalhar para o país. E pasme-se, até prescindiu do seu vencimento de Presidente, por força da lei, mas prescindiu. Se o exemplo pega lá se vai a nação cigarra. Adeus preguiça, adeus crise, adeus folgança. E do que é que vão viver as cigarras analistas? 

 

Zé Cavaco

 

 

31 Jan, 2011

Mães coragem

terceiraidadebr.blogspot.com

 

 

Ninguém nasce de geração espontânea. Todos temos um passado. Todos temos mãe e pai, mas do ponto de vista formal pode haver filhos sem pai (pais incógnitos) mas é raro haver filhos sem mãe. A mãe aconchega o filho desde a concepção até à nascença. E sem menosprezar o papel do pai, alimenta-o, limpa-o, veste-o até dar os primeiros passos e progressivamente começar a ganhar asas virtuais e voar para outros horizontes.

 

Durante o nosso voo na vida, podemos ter outras mães no sentido em  que nos acarinham e apoiam para além da mãe matricial. Quando as asas perdem força e deixamos de conseguir voar sozinhos, voltamos a uma última infância. Voltamos a ser dependentes de quem nos alimente, limpe, vista e acarinhe. Na ausência da mãe original, entram em acção as mães coragem, porque é preciso muita coragem, para exercer voluntária ou involuntariamente, essa nobre tarefa de cuidar da "infância" final. As mães coragem do ocaso da vida, muitas vezes ignoradas, merecem ser lembradas e respeitadas com todo o carinho do mundo. 

 

MG 

 

 

29 Jan, 2011

Construtores

Ficheiro:View from the Window at Le Gras, Joseph Nicéphore Niépce.jpg

Imagem da primeira fotografia permanente do mundo feita por Nicéphore Niépce, em 1825.

O processo ficou conhecido por daguerreotipia. 

 

 

Naquele tempo, século XVI, já se tinham feito algumas experiências, para captar imagens utilizando uma máquina. As imagens conseguidas eram muito rudimentares, mas o Homem sempre sentiu necessidade de aprisionar momentos da sua existência.

 

No século XVII, depois de milénios evolução e de aperfeiçoamento técnico, a arte de pintar tinha atingido as raias da perfeição. Os pincéis dos artistas funcionavam como a mais avançada objectiva. Com uma vantagem, a de transmitirem, alem da visão quase real da realidade, a sensibilidade do espírito que lhe dava corpo. Da galeria desses construtores do passado virtual faz parte  Diego Velasquez e que hoje 412 anos após a sua morte, continua tão jovem como as suas meninas.

 

[59890616.060403VelasquezLasMeninas]

 

 

 

Há um outro pintor, não  na arte de manusear pincéis e tintas numa tela, mas na de deixar a sua marca indelével na moldagem da realidade, na de colorir com os pincéis da sua abnegação o destino dos povos. Filho de um país dominado por colonizadores, dedicou a vida à sua libertação. Com imaginação, galvanizou as energias de um povo subjugado, para a luta contra os ocupantes. Sem disparar um tiro, com a força da desobediência civil, forçou a poderosa Inglaterra a devolver a autonomia aos indianos. Curiosamente, a vida do paladino do pacifismo acabaria de forma violenta, no dia 29 de Janeiro de 1948, às mãos de um fanático a quem devolveu a liberdade. Gandhi é um exemplo de entrega a causas, sem querer receber nada em troca. Um exemplo que deveria fazer parte da cartilha ética da política. Se assim fosse, o mundo seria melhor.

 

 

MG

 

28 Jan, 2011

Mozart

 

 

Mozart nasceu no dia 27 de Janeiro de 1756. Sobredotado na arte de conjugar sons musicais deixou uma obra vasta. Pela qualidade das suas sinfonias, pela sua vida atribulada e pela sua morte prematura criou uma imagem de Icone popular, que tem inspirado a arte cinematográfica. Aqui recordo o 1.º andamento da sinfonia n.º 40.

 

MG

 

 

 

 mazungue.com

 

Era uma infância sem tecnologia. Rádio só na casa do povo, televisão uma miragem, computadores uma utopia. Um fogareiro a petróleo era o utensílio mais avançado que tenho na lembrança. Jogávamos ao riol (berlinde) , lançávamos o pião ou a sua versão feminina, a piorra, pontapeávamos bolas de trapo, corríamos pelas ruas lamacentas no Inverno ou por vielas poeirentas no Verão.

 

Coloquiávamos junto ao fogo, nas longas noites de Inverno, com família e vizinhos. No largo principal reuníamos nas quentes noites do estio e formávamos coros improvisados para cantalorar cantigas em voga. Nas festas, feiras, feriados, arrastávamos os pés de chumbo nos bailes dos crescidos, ao som desafinado do fole, (acordeon) procurando imitá-los. Assim fazíamos o nosso tirocínio para a idade adulta.

 

Na escola, aprendíamos a  juntar letras, lidar com números, decorar rios, distritos, linhas de caminho de ferro. Na escola, conhecíamos os Reis e as suas glórias e formávamos a nossa identidade. À noite, dormíamos o sono dos justos, realizados na singeleza das nossas vidas simples, despreocupadas e felizes à nossa maneira. Comparados com os Príncipes do Nada da reportagem da RTP, fomos reizinhos de alguma coisa. 

 

 

 

Os filhos da tecnologia, acordam ao som de MP3, embebedam-se de imagens, integram-se nos mundos virtuais dos jogos. O filhos do consumismo, procuram o seu bem estar no ter. Fazem da escola apenas um local de convívio. Convivem nos espaços exteriores, convivem nas sala de aula, ignoram uma figura estranha (professor?). Consideram a aprendizagem um desperdício, o trabalho escolar uma seca, o docente um chato. Entram e saem analfabetos, muitas vezes, com o beneplácito dos próprios progenitores. O país consome enormes recursos que não aproveitam. Ninguém exige responsabilidade. São príncipes do quase tudo, futuros reizinhos da ignorância.

 

MG

 

 

olhares.aeiou.pt

 

 

Um poema, uma música, uma voz, uma época. Um poeta, um cantor, uma melodia, uma força. Tempo de luta, tempo de esperança, tempo de  encantamento, tempo de solidariedade. Tão perto e tão longe. Tão perto do sonho que há em nós. Tão longe do derrotismo, da descrença, do comodismo que impregnam estes dias. Que saudades do anti-pragmatismo. Que saudades da poesia que comandava a vida.

 

MG

Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo á estrela polar


António Gedeão.

 

 

 

25 Jan, 2011

Rua da Saudade

 

Alice

 

O ano de 1975 foi a mãe (ou o pai ) de todas as emoções: revolução, liberdade, democracia, discussão, convívio, utopia. Vivia-se em constante turbulência, uma espécie de Maio de 68 retardado. Todas as ilusões, todas as utopias estavam em aberto.

 

Frequentava o ensino nocturno num colégio privado. Todos os que lá estávamos queríamos aprender mais. Discutíamos entre nós e com os professores a situação política. Estudava numa turma de preparação para o exame AD Hoc à Universidade. Foi nessa turma que  conheci a Alice. Apareceu, tardiamente, com um ar algo perdido, discreto, tímido e um sorriso luminoso.  No final do ano o grupo turma combinou um convívio nocturno numa boîte. Reunimos ao fim do dia num café das avenidas novas e decidimos o destino a seguir. Calhou-me e ao meu Fiat 850 coupé, transportar a Alice.

 

Chegámos ao local combinado depois dos outros companheiros. Ao entrar na boîte um porteiro com ares maneiristas, disse-nos que a lotação estava esgotada. O nosso grupo tinham partido para outro local. O tal porteiro fora avisado do endereço, mas não se lembrava. Fizemos uma lista de possíveis locais e fomos em sua demanda.

 

De repente o céu escureceu e formou-se uma tempestade quase diluviana. Debaixo de uma chuva impiedosa descemos colinas, subimos ladeiras, navegámos por vielas inundados, por ruas desertas, por boîtes e mais boîtes, mas  rasto dos desalmados, zero. Às duas da manhã desistimos, deixei Alice na rua onde se hospedava. Não deixou de ser uma forma divertida e diferente de convívio. Falámos do tempo, da vida, dois estudos, do trabalho, de sonhos e de outras mundividências. Fiquei a saber que trabalhávamos na mesma empresa, CP, embora em sectores diferentes.

    

Depois dessa noite, voltei a encontrar Alice na Universidade. No curso nocturno, da Faculdade de Letras refizemos o grupo e começámos a trabalhar juntos. No primeiro trabalho, reunimos num café, para conferir o que estava feito e dar-lhe a versão final. Depois da Alice apresentar a sua parte, António o ancião do grupo, caiu literalmente em cima da infeliz e pôs de rastos o a sua abordagem, concluindo que ele próprio a iria reescrever. Senti que  Alice apanhada de surpresa, só não sumiu naquele momento porque não existe desmaterialização

 

Posteriormente, Alice, com toda a singeleza e generosidade, deixou ao Grupo sua contribuição, mas desistiu do trabalho, do grupo, da cadeira e saiu do nosso circulo. Ainda procurei com toda a diplomacia trazê-la de volta, mas a sua firmeza e indignação mantiveram-se.  Às vezes encontrava-a, sempre discreta e tímida nos espaços da Universidade. Trocavamos umas palavras ocasionais e seguíamos o nosso percurso. O Curso acabou, aquele grupo dispersou-se e Alice sumiu para sempre.

 

A vida é feita de encontros e desencontros. Alice saíu da minha vida tão naturalmente como tinha entrado. Saíu fisicamente, mas sua presença ainda hoje perdura na minha memória, assim como a culpa, de apesar de não ter sido o autor do vexame, ter contribuido, por omissão, para que ele acontecesse. Obrigado Alice por te ter conhecido e desculpa qualquer coisinha. Para ti esta música...

 

MG

 

 

 

24 Jan, 2011

O dia seguinte

Acabou uma campanha deprimente. Um candidato enjoado por ter de se sujeitar a tal sacrifício. Quatro candidatos a arrastar penosamente os pés de chumbo. Pareciam vítimas de uma maldição. Uns eleitores que se queixam, queixam, mas não ajudam a mudar nada.

 

Entre os que se afirmam pela ausência, os que teimam em acreditar em valores e os fiéis de uma eleição anunciada , temos o Presidente que merecemos, no país que temos: tacanho, inculto, revanchista, invejoso, medíocre.

 

Acabou a campanha . Temos o mesmo Presidente, a mesmo Estado despesista, os mesmos boys, a mesma míséria, a mesma corrupção. Estamos no dia seguinte ou talvez no dia em que estamos há muito tempo. Até quando?

 

JC

24 Jan, 2011

A bem da Nação

 

O trigo e o joio. Ri-se de quê?

 

arentim.blogspot.com

 

 

Alegre Nobre Lopes Coelho Moura. Muitos nomes ou um só nome. Para o caso tanto faz é tudo farelo do mesmo saco. Grossa moagem para justificar a farinha fina. Não entendo como há quem se preste a esta palhaçada. O senhor Silva devia estar-lhe eternamente agradecido. A bem da Nação.

JC 

A tradição ainda é o que era. Pela quarta vez o Presidente foi reeleito. Não entendo como se gasta tempo e dinheiro para eleger quem já está aprioristicamente eleito. Era mais simples criar um mecanismo de reeleição automática, baseado nalguns pressupostos, a saber:  não atrapalhou a acção dos deputados, não interferiu na governação, assinou as leis apresentadas, com uma ou outra excepção para cumprir as regra, mostrou-se ao povo e comungou das suas dificuldades. Em suma, não  fez ondas, nem se armou em carapau de corrida. Cumpriu plenamente a quase decorativa função presidencial.

REELEITO A BEM DA NAÇÃO . Alguma coisa aproveitaríamos do malfadado Estado Novo, onde pelos vistos, nem tudo era mau!

 

MG

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