Desemerdem-se
Este é um país pequeno com a mania das grandezas. Ressalvando honrosas excepções, dignas de nota, quase sempre viveu, ao mais alto nível, na onda do improviso. Umas vezes deu certo, muitas outras deu asneira. A propósito, volto ao caso da vaca fria dos agrupamentos escolares, para que não caiam na penumbra da doença de Alzheimer. É um dos mais acabados exemplos da improvisação sem rei nem roque e da ideia peregrina que grande é que é bom. Eis o coktail: escolhe-se um determinado número de escolas aleatoriamente e manda-se que se agrupem. As suas direcções com a timidez própria dos simples e ingénuos, ainda ousam perguntar: Qual o objectivo? a resposta vem óbvia: para melhorar a qualidade do ensino, pois este só é eficaz em agrupamentos com tês mil alunos. Vencidos mas pouco esclarecidos voltam a interrogar: Como vamos proceder? A resposta ainda vem mais elucidativa: desemerdem-se. Conversa acabada.
O que se passou na Escola (agora agrupamento) Damião de Goes é paradigmático. Cumpriu-se a determinação, contra a vontade de tudo e de todos. Rectificando, assinalem-se algumas excepções: as daqueles sempre dispostos a vender a alma, mesmo que já não a tenham e a dos outros que apenas sabem correr a favor do vento. A maioria, triste e derrotada, vai aceitando e baixando os braços. O que pior pode acontecer é que aqueles que estão no caminho certo se sintam derrotados. A condição mais lamentável é auto considerar-nos Vencidos da Vida. Desses está o inferno cheio.
Saiam desse derrotismo. Indignem-se. Protestem. Resistam. Não sabem como sair disto? Unam-se no pensamento e na acção. Com inteligência toda a estupidez será vencida. Desemerdem-se, com organização, rigor e lucidez, mas desemerdem-se.
MG