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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

15 Dez, 2010

Heresias

 Perdoem-me a heresia. Lady Gaga pode estar no top do show business. A sua voz pode encantar multidões. Os seus temas podem partir corações. O seu corpo seminu pode atrair olhos gulosos. Mas eu não sou muito de modismos. Prefiro estes dois sons, em português: 

 

   rtp

 

Belem, uma miragem?

 ww1.rtp.pt

 

Começou o show das presidenciais via TV. O primeiro debate foi pobre e desinteressante. De um lado o candidato Francisco Lopes. Percebe-se o que está a fazer ali: aproveitar tempo de antena gratuito, para manter viva a chama que mantêm acesa a militância e a sobrevivência partidária. Mas o outro? Não dá para entender patavina, porque se meteu nestes assados. De facto, o Doutor Fernando Nobre , não tem projecto, não tem estratégia, não tem ideias, não tem carisma e não sei se tem competência para a função em causa.

 

Fernando Nobre, ganhou notoriedade como o médico que pôs a sua vida ao serviço de causas de justa solidariedade. E neste campo desenvolveu, na sua AMI, um trabalho meritório e digno de todos os elogios. Penso que está , com esta candidatura a desbaratar esse capital precioso de generosidade e também o outro, o do vil metal,  que possivelmente não tem.

 

Escuda-se atrás de uma retórica frouxa e pouco convincente, como candidato apartidário, quase apolítico, como se esta fosse uma condição para se impor eleitoralmente e exercer a função de alto magistrado da nação. E até poderia ser, se acompanhada de outras valências que não tem demonstrado. A presidência da República é um cargo político, quer queiramos quer não.Exige firmeza, competência, sabedoria, bom senso, rigor.  Não pode ser exercida apenas com boas intenções. Destas está o inferno cheio. 

 

O candidato Fernando Nobre é, para mim, um erro de casting. Não sei se é o o autor do seu próprio casting ou se foi deslumbrado por mãos ocultas que o empurraram para a ribalta, sabe-se lá com que desígnios. Inclino-me mais para esta segunda hipótese. Vejo por detrás desta candidatura, alguns gatos com rabo de fora, que se estão a aproveitar da ingenuidade politica de Nobre, não para ganhar a presidência (missão impossível) mas para fazer vendetas pessoais. Se assim for é lamentável. A política não é uma arte nobre, mas devia ter mais um pouco de nobreza. 

 

MG

14 Dez, 2010

PEF

 

Carlos Pinto Coelho agraciado pelo governo francês,

 

lux.iol.pt

 

O veterano jornalista Carlos Pinto Coelho, esteve hoje numa estação de televisão como comentador ocasional. Com o prestígio que possui e a franqueza que o caracteriza comparou os serviços  noticiosos dos media a um restaurante, onde apenas se servem três pratos: um prato de bacalhau à Brás, igual a política; um prato de frango no churrasco, igual a economia; um prato de hambúrguer, igual a futebol. Para quem gosta de siglas, PEF é a receita. Nesta ementa faltam as saladas ou seja cultura em geral e a fruta, mais especificamente, como literatura.

 

Eu concordo plenamente com esta abordagem. Não que a política não seja importante. Não que a economia não tenha interesse. Não que o futebol não mereça o seu espaço. Não está em causa o tratamento destes assuntos, mas o tempo exagerado e muitas vezes inócuo que ocupam na comunicação social. Isso tem uma explicação simples: audiências. É que o grupo de consumidores de notícias não se interessa por essa coisa chata da cultura. Um programa com esses temas, arrisca-se a ser um pouco como este blogue, com uma ou duas dezenas de visitantes com pachorra para ler os desabafos que aqui se fazem. Ora esta situação é insustentável numa indústria que vive da publicidade. Nenhum comprador de espaço telivisivo paga programas sem retorno. É pena que assim seja, mas o mundo caro Pinto Coelho é como é e não como nós gostaríamos que ele fosse. Talvez um dia!

 

 

14 Dez, 2010

Coimbra forever

 

Ontem foi um dia especial, embora tenha sido chateado por um buzianão, sem qualquer razão. Sempre que visito Coimbra a minha boa energia melhora consideravelmente. Coimbra tem aquele encantamento que deslumbra o espírito e enriquece a alma, sem esquecer o prazer com que deleita todos os sentidos, dos visuais aos  gustativos e se houver oportunidade, aos tácteis.

 

Coimbra não é perto nem longe do litoral, está no ponto certo. Coimbra não é Norte nem é Sul é no meio e diz o ditado,  no meio que é que está a virtude, no bom sentido. Coimbra é a mais antiga Universidade do país, o local de nascimento de vários Reis, o maior rio genuinamente português, uma das maiores concentrações de massa crítica, de juventude , de esperança.

  Portugal poderia existir sem a a cidade do Mondego? Sim, mas não seria a mesma coisa, diria o senso comum , parafraseando um batido slogan publicitário. Não, digo eu, com a mania da originalidade, pois seria qualquer outra coisa, mas não esta nação que se chama Portugal.

 

MG  

 

 

 

A educação começa cedo!

lisboalisboa.blogspot.com

 

 

As buzinas nos carros são um acessório completamente inútil. Raramente são usadas para a função que deviam desempenhar: avisar algum cidadão incauto no sitio errado à hora errada, avisar algum animal tresmalhado fora do seu território, enfim (tolero) cumprimentar um amigo de passagem para ver que temos uma grande máquina.

 Normalmente a buzina só serve para chatear o condutor da frente que por cautela, distracção ou aselhice , nos está a roubar preciosos segundos nesta corrida desenfreada para lado nenhum que é a puta da vida. Os cidadãos, melhor os tipos,  que usam e abusam da buzina, dentro das suas armaduras de lata, como guerreiros século XXI,  deviam ser proibidos de usar a viatura para bem da civilidade e da despoluição sonora.

 

Sugiro duas hipóteses de resolução desta praga de buzianões que nos infernizam os tímpanos e a tranquilidade. Em primeiro lugar se eu mandasse alguma coisa, decretava o fim das buzinas dos carros, além de que ainda se poupava nos custos de produção. Mas como não mando porra nenhuma, sugeria como alternativa que todos os condutores fossem sujeitos a exame psiquiátrico, para ver se sofrem de alguma patologia no âmbito da afirmação pessoal. Se este exame se revelasse positivo, deviam ser inibidos de conduzir até à cura completa. E  esta seria uma solução duplamente vantajosa para a sociedade: diminuíam drasticamente as armaduras motorizada,s com benefício para o excesso de trânsito poluição e economia. A bem da renovação do transporte público.

 

MG

 

PS - Abria uma excepção para as buzinasdelas, quando pretendem dizer-nos: estou aqui, ninguém me vê?

 

11 Dez, 2010

O senhor cinema

humorgrafe.blogspot.com

 

Podemos não gostar dos seus filmes por achar que lhes falta acção. Podemos não nos empolgar com as suas histórias algo intimistas. podemos aborrecer-nos com os seus longos planos. Mas o certo é que Manoel de Oliveira é o senhor cinema.

 

Embora a origem do cinema português se encontre no século XIX com Aurélio Paz dos Reis,  o início da ficção cinematográfica começa com a curta metragem, O rapto da actriz, realizada em 1907. Manuel de Oliveira nasceu em 1908 e completou cento e dois anos, aproximadamente os mesmos que a ficção cinematográfica em Portugal e nesse sentido confunde-se com a sua história.

 

 Quando em 1942 se estreou Aniki Bobo, um fracasso comercial na época da sua estreia, mas que viria a transformar-se num clássico do cinema, o realizador experimental não passava de um ilustre desconhecido. A sua persistência resistiu a altos e baixos. Paulatinamente e sem vedetismos foi impondo o seu estilo, alheio a preocupações, rejeições e críticas.

 

 A sua longa carreira está recheada de filmes e documentários reconhecidos mundialmente. Quando Oliveira o mais velho realizador em actividade, fechar a lente da sua câmara, a máquina de produzir ilusões continuará com outros protagonistas, mas a sua obra é desde já  um marco na cinematográfica mundial. Longa vida ao centenário mestre e à sua Singularidade. 

 

 

 

10 Dez, 2010

Efeito Gaga

 

 

Muito suor, alguma inspiração natural, uma voz melodiosa, uma pitada de excentricidade, provocação qb, eis um coktail explosivo. Lady Gaga.

No ano de 1988  uma anónima cidadã americana de nome Cynthia sofria na cama da maternidade as últimas dores do parto. O seu marido, o italiano Joseph Germanotta esperava no corredor do sofrimento por uma boa notícia. Algo nervoso não ouviu o primeiro som emitido pela sua filha recém-nascida.

 

A enfermeira que assistia ao parto abriu a porta da sala e chamou Germanottta. Venha ver a sua filha. Nasceu forte e determinada. Germanotta entrou pegou na menina trémulo e emocionado. Tinha chegado Stefannie.

 

Stefannie Germanotta desde cedo mostrou inclinação para as artes. Fez a seu percurso escolar sempre ligado ao estudo da música. Aos dezanove anos envereda por uma carreira de compositora e cantora na área do pop rock. Após dois anos de trabalho, afirmação e procura do êxito, as suas canções começam a ser notadas no panorama da música mundial. Nessa altura desaparece a quase desconhecida Stefannie e nasce Lady Gaga. Mais uma pop star.

 

A  nova diva do rock - espectáculo vai hoje encher o Pavilhão Atlântico. Os seus fãs vão delirar e subir aos céus pelo menos por umas horas, com a sua arte encantatória. Neste vale de lágrimas soturno acende-se uma luz, um fogo fátuo que por um instante na brevidade do tempo, apaga das mentes a desilusão de um quotidiano e eleva a consciência para dimensões de irrealismo ilusório e libertador.

 

Quando a lady partir, a vida volta ao ritmo sem horizontes. Mas fica a promessa anunciada do seu próximo album ser cantado na língua de Camões. Uma honra que até o governo devia aproveitar, para puxar pelo patriotismo em tempos de descrença. Não é todos os dias que uma diva da música se expressa nesta dificil e maltratada, língua portuguesa...

 

 

 

 

 Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

 

 

 

A poesia reflecte a vida. A poesia é a vida na sua dimensão plena, a do sentir. A arte poética, não se aprende. Ou se é ou não se é . Por isso todos aqueles que são premiados com esse dom me merecem um carinho especial. Aqui o demonstro, com a homenagem a uma poetisa da língua portuguesa de seu nome Cecília Meireles.

 

MG

 

"Cecília Meireles nasceu em 1901, no Rio de Janeiro e faleceu no dia 9 de Dezembro em 1964, também no Rio de Janeiro. Foi poeta, professora, jornalista e cronista.
No período de 1919 a 1927, colaborou nas revistas Árvore Nova, Terra de Sol e Festa. Fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil.
Lecionou na Univerdade do Distrito Federal em 1936 e na Universidade do Texas em 1940. Trabalhou no Departamento de Imprensa e Propaganda no governo de Getúlio Vargas, dirigindo a revista Travel in Brazil (1936).
É considerada por muitos como uma das maiores poetisas da Língua Portuguesa.Em 1993 foi atribuído o Prémio Camões a Cecília Meireles

.

Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde, foi nessa área que os livros se abriram e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Cecília Meireles

 

Recado aos Amigos Distantes

 

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1951

 

 

Amália canta Cecília Meireles - naufrágio

 

 

07 Dez, 2010

Imortais

 

 A essência da condição humana é a precaridade. Tudo é precário desde o nascimento até à morte. Como dizia Saramago, um dia está-se, no outro não. Isto não tem nada de dramático e deve ser encarado com naturalidade. O que é grave é quando o Homem se considera como um deus e esquece as suas fragilidades e limitações. O que daqui resulta é o abandono da racionalidade em favor da bestialidade. Este desvio à normalidade existencial está entre outros factores, na génese de muitas guerras e na transformação do ser humano numa peça irracional da logística guerreira. Foi há sessenta e nove anos, dia 7 de Dezembro, que fruto dessa mistificação aconteceu Pearl Harbor! Recordar para não voltar a acontecer.

 

06 Dez, 2010

Inspiração

O que fazer se nos falta a inspiração? Nada, pois a inspiração não se compra, nem se vende. Ou então divulgar momentos inspirados e inspiradores. É o que vou fazer com a publicação deste vídeo de um grande criativo, precocemente desaparecido, da arte musical. Que sensação de plenitude! Carlos Paião, pois claro.