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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

22 Dez, 2010

Lado B

 

 

No início dos anos 70, era tempo de vinil. Os sons, as letras, as emoções viajam em 45 rotações, por todas as galáxias. Primeiro na rádio, depois nas máquinas públicas e finalmente nos gira-discos mais ou menos roufenhos. Ouviam-se no recato da família, mas também nos bailes sem orquestra das sociedades recreativas. Era um gosto ver como o vinil alegrava os corações e aquecia os corpos unidos na enebriação da dança. Havia o lado A, a canção chamariz e o lado B a canção para encher. Para o caso tanto fazia. O que interessa eram as famílias que se constituíam nas  rotações do vinil, umas vezes no lado A, outras vezes no lado B da vida. E nesse aspecto, contribuiu muito mais para o aumento da natalidade que todos os decretos governamentais. C`est la vie, cantava Alain Barrière em 1972...

 

MG

 

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 Neste poema Pessoa dá corpo à conhecida frase "o poeta é um fingidor" pois embora, por um lado, com ironia e humor, apresente uma critica ao natal da obrigação, por outro mostra uma certa nostalgia por não ser também protagonista desse  mesmo Natal..

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Chove. É dia de Natal

Chove. É dia de Natal.

Lá para o Norte é melhor:

Há a neve que faz mal,

E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente

Porque é dia de o ficar.

Chove no Natal presente.

Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse

O Natal da convenção,

Quando o corpo me arrefece

Tenho frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra

E o Natal a quem o fez,

Pois se escrevo ainda outra quadra

Fico gelado dos pés.

       Fernando Pessoa, Obra Poética

 

 

 

Este bonito presépio é de Machado de Castro e é considerado um dos mais espectaculares presépios setecentistas portugueses. A Adoração dos reis magos, obra prima do mestre escultor, pode ser visto na Basílica da Estrela.

presepios.cm-lisboa.pt/index.php?id=1459

 

 

20 Dez, 2010

Presépios

O presépio nasceu associado à Natividade. Em Portugal conhece-se a existência de representações sobre o nascimento de Cristo desde o século XVI. Na comemoração natalícia a tradição portuguesa sempre esteve ligada à elaboração de presépios especialmente nos espaços públicos. A árvore enfeitada está ligada a rituais pagãos oriundos do norte da Europa e só entrou em Portugal depois de 1950. Vários escultores portugueses deixaram, ao longo do tempo a sua marca artística na construção de figuras do presépio. O presépio da igreja Madre de Deus, do século XVII, encaixa-se nesse exemplo de simbiose entre arte e religião.

 

 

  

19 Dez, 2010

Justileaks

manosmetralha.blogspot.com

 

O mito do justiceiro acompanha a evolução da própria humanidade. Até porque sempre reinou a injustiça. Em vários locais e épocas há justiceiros que tiram aos ricos para dar aos pobres, sejam Robin Hood, Zorro ou Zé do Telhado em versão lusa. Existiram e continuarão a existir enquanto a natureza humana se mantiver egoísta.

 

Em tempos de galáxia informática, eis que surge um novo paladino da luta individual e heróica contra os poderosos, de seu nome Julian Assange.  Conseguiu com os seus homens de mão, sacar informação confidencial ao governo americano. Para além de ganhar com o seu espaço na rede, visibilidade e notoriedade, o que trouxe de novo para a construção de um mundo mais justo? O que contribuiu ou irá coontribuír  para os grandes males como a desigualdade , a miséria, a exploração? Se for como os seus virtuais antecessores possivelmente nada, ou melhor, talvez crie matéria para alimentar a máquina da ficção e do  entretenimento. 

 

A confidencialidade é uma componente do próprio funcionamento do Estado. A tomada de decisões pouco ortodoxas faz parte da lógica do funcionamento do sistema. Desde que existe Estado que assim foi e estou convicto que assim será. Para além da história visível sempre existiu uma outra subterrânea e desconhecida. Um Estado transparente e com paredes de vidro só existirá se mudar a natureza humana. Esta é a questão. O justicialismo romântico é fogo de artifício. 

 

MG

18 Dez, 2010

Acção e emoção

Há precisamente sessenta e três anos nasceu um dos maiores criadores de ilusões da chamada sétima arte. A sua primeira namorada foi uma câmara de 8 mm, com a qual  despertou para as primeiras emoções com imagens em movimento. No cinema assinou os maiores êxitos da cinematografia mundial. Quem não se lembra da ternura de ET, ou do dramatismo da Lista de Schindler, entre outros. Muitos espectadores não conhecem, porem, a sua primeira longa metragem, Duel (Um assassino pelas costas), um filme de acção e suspense que nos prende desde a primeira até à última cena. Pouco conhecido na sua filmografia é considerado um clássico. Aqui deixo a ficha técnica, uma breve sinopse e o link do filme:

 

 

Realização: Steven SpielbergArgumento: Richard Matheson
 
Com: Dennis Weaver, Eddie Firestone, Gene Dynarski, Tim Herbert, Charles Seel, Alexander Lockwood, Amy Douglass, Shirley O'Hara
Género: Acção, ThrillerPaís: EUA1971 (M/12)
 
Antes de se tornar famoso no mundo do cinema com tubarões, dinossauros e extraterrestres com saudades de casa, um jovem Spielberg dirigiu este thriller alucinante sobre um inocente condutor aterrorizado por um diabólico camião. Sendo a primeira longa-metragem de Spielberg "Um...

http://video.google.com/videoplay?docid=5370479393460637420#

17 Dez, 2010

Sonhos

 

Os sonhos nascem no pensamento e alimentam-se dos sentidos (ou vice-versa) e estão ao alcance de todos. Não precisam da autorização dos mercados, nem do apoio do FMI. Podem ser persistentes ou fugazes mas não se podem aprisionar, pois não respeitam espaço nem tempo. Contudo, podemos fixar a sua lembrança na eternidade de uma fotografia. Eis um tema bem esgalhado pelos 30 Seconds to mars

 

O sonho não respeita fronteiras, nem precisa de tratados, pois é e sempre foi universal. Sem desprimor para outros sonhos prefiro sonhar em português. Por exemplo com este som, sem legendas:

 

 

 

17 Dez, 2010

Interrogações

 

maonarodablog.com.br

 

Continua o arrastar de pés manietados por pesadas correntes. A campanha presidencial segue triste e enfadonha. Alegre e Defensor oriundos da mesma área política  o que foram debater? Mais coisa menos coisa, umas banalidades sem interesse. Elevação, ideias, projectos "niente". Afinal para que servem estes debates? Será para degradar ainda mais a já degradada política?

 

Eu que nasci republicano e republicano me confesso, vejo-me a cair na tentação de pensar que se calhar era melhor haver um Rei. Ao menos poupava-nos a este espectáculo de vaidades pessoais, mascarado de debate de ideias. Ou serei eu que estou errado?

 

JC

16 Dez, 2010

O senhor comédia

 

 deadline.com

Tudo o que nos faz rir neste mundo cheio de sisudez e excesso de dramatismo, merece um lugar na galeria da saúde mental. O riso liberta-nos do arrivismo dos políticos, do pessimismo dos velhos do Restelo, livra-nos da psiquiatria, afasta-nos da psicologia...

 

Blake Edwards, a quem devemos duas décadas de boa disposição, deixou hoje de rir ou quem sabe, talvez continue a rir-se, onde quer que esteja, de um mundo que se leva  demasiado a sério. 

 

O legado que deixa para estas e outras gerações, é um contributo fundamental de quem prefere o lado simples e despreocupado da vida, como o inspector Closeau  (Peter Sellers), da Pantera Cor de Rosa.

 

MG

 

 

16 Dez, 2010

Mealheiro colectivo

 tostoescadecasa.blogspot.com

 

 

No tempo em que a palavra consumismo não era pronunciada em Portugal. No tempo em que o conceito Estado Providência não existia. No tempo do salve-se quem puder,no tempo da pobreza assumida, a palavra mealheiro associada à poupança privada era dominante do berço à tumba.

 

Nesses tempos sem reformas universais, subsídios ou outras protecções, cada cidadão tinha de ir pondo de parte as poucas migalhas ( daí o uso da expressão migalheiro nalguns locais) que sobravam do seu magro rendimento.

 

Nestes tempos difíceis, foi o governo que recuperou a ideia do mealheiro colectivo. Com efeito nas propostas de alterações laborais para salvar o país do colapso, surgiu a ideia de um fundo para garantir indemnizações em caso de despedimento. Quem até aqui as pagava era o patronato quando dispensava trabalhadores. Com a nova norma, acabam, em última instância, por ser os próprios a financiar o seu eventual despedimento. Dizem que é uma garantia que salvaguarda que empresas falidas possam cumprirem as suas obrigações. Poderá ser, mas o facto é que inverte o  princípio das responsabilidades numa relação laboral.

Quem diria que depois de décadas de progresso social seria esta a situação? Penso que para isto muito contribuiu esta ideia errada: a prosperidade encontra-se na tarja de um cartão de crédito. Esta falsa prosperidade já tem sido demonstrada pela história, mas a memória curta da sociedade não a consegue reter.