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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

30 Dez, 2010

Contemplação

 

 

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Indiferente à crise, aos mercados, à wikileaks, esta é uma paisagem calma, tranquila que apela à contemplação mais serena e despreocupada da vida. A natureza alentejana captada em tela com tinta  a óleo. Para todos os visitantes e amigos, com votos de um bom ano 2011. MG 2010

csmonitor.com

Poder e/ou contra poder?

 

Se fosse possível destacar a palavra mais usada neste ano que vai terminar, estou convicto que seria a palavra crise. Se tivesse a natureza do sabão ,penso que já teria desaparecido por uso excessivo. E não deixaria de ser uma bênção para a nossa sanidade mental. E salvo melhor opinião considero que a sua banalização corre o risco de ter o mesmo efeito que a história do lobo mau. Ou seja ,de tanto se invocar, quando chegar de facto ninguém lhe vai ligar. E assim , quem sabe , talvez nunca venha a existir.

 

Outra palavra, que entrou no nosso vocabulário neste arrastado final de 2010 foi a badalada Wikileaks. Políticos afastados da estrutura do poder, esquerdistas contestatários obssesssivos, ingénuos de utopias, anarquistas, rejubilaram com a denúncia dos podres da instituição chamada Estado. É como se renascesse a velha utopia do fim do Estado dos malvados e a vitória final do estado Transparente e Puro. Pura e santa ilusão!  

 

Apetece aplicar aqui um silogismo: o Estado é constituído por humanos (alguns), os humanos são imperfeitos, logo faz parte da natureza do Estado ser imperfeita. A ideia que é possível viver sem Estado ou mudar o Estado que temos não tem pernas para andar. Como escreveu (Visão) o insuspeito José Gil, " que aconteceria se se começasse a desvendar os segredos militares, políticos e financeiros? Ruiria simplesmente o Estado e todos os que dele beneficiam" que somos todos nós, acrescento eu. E o que a história nos mostra, é que o fim de um determinado Estado tem levado  ao começo de outro.  O novo Estado, total e pretensamente transparente "levaria ao totalitarismo" (Gil).

 

Na minha análise a verdade é esta. O segredo é inerente ao funcionamento do próprio Estado, como cúpula de toda a organização social. Há injustiça, corrupção, violência à sombra desse segredo. Sem dúvida. É o pior sistema que existe? Será, mas parafraseando Churchill, ainda não se inventou outro melhor, nem se mudou a natureza humana. Enquanto assim for não vejo alternativa. E o que sobrará desta investida justiceira? Possivelmente, um agitar das águas superficiais. No fundo, o mar continuará calmo e sereno como sempre.

 

MG

 

 

29 Dez, 2010

Vão indo

 

 

Há uns tipos com voz de longo alcance que nos estão sempre a dizer: vão por aqui , vão por ali, vão por acolá.; não comam, não bebam, não mexam. Como dizia o poeta "não sei pra onde vou, não sei por onde vou, só sei que por aí não vou" ou mais sofisticamente, vão indo que não vou por aí... 

29 Dez, 2010

FMI 2

 

Conho! FMI,FMI,FMI...Deixem-nos sonhar pois "sempre que o homem sonha o mundo pula e avança". Calem os economistas faladores. Engaiolam os comentadores papagaios. Viva a poesia. A poesia é livre em todos os sentidos...

 

 

AVISO

 

Este vídeo (2.ª parte) deve ser interdito a menores e a ouvidos sensíveis.

 

 

28 Dez, 2010

FMI

 

Anda p´raí gente a gritar FMI. Viva o FMI! Nunca mais chega o FMI! A nossa felicidade é o FMI... Para todos esses "fe me is" aqui deixo este vídeo. É dos anos sessenta, mas mudando alguns nomes, bem podia ser de hoje. A responsabilidade da linguagem pouco vernácula é de José Mário Branco. Lavo daí as minhas mãos. Amanhã se ainda não houver FMI, posto a segunda parte.

 

27 Dez, 2010

Frustrados na vida

Ontem escrevi sobre o Butão, um país onde a felicidade não se mede pelo ter , mas pelo ser. Ao contrário, nas sociedades ditas desenvolvidas o conceito de felicidade está associado ao poder de consumir. Estar bem, significa poder conduzir uma máquina de encher o olho, a vomitar fumaça diesel por montes, vales e planícies. Estar bem, significa circular no ventre dos centros comerciais, embebedar-se de neons, consumir, consumir, consumir. Esta forma de vida de que somos reféns, vai-nos criando uma ilusão de bem estar , comparável a uma dependência de que não nos queremos libertar. É assim que funciona a sociedade do ter. Tem prazeres imediatos e tem custos irreversíveis. Um deles é o o endividamento com mais endividamento, num ciclo de difícil retorno. Posta a máquina em movimento é impossível pará-la sem por em causa a própria sobrevivência, mas ainda é tempo corrigir o seu andamento desenfreado por aquilo que pode designar-se uma evolução na continuidade.

 

Neste barco, chamado progresso estamos todos,  navegando, há muitos séculos. Enfrentamos tempestades, tivemos rombos, alguns naufrágios mas voltamos à tona e continuámos. Num artigo intitulado os Vencidos da Vida (Visão), Mário Soares, traça um paralelismo, entre um grupo de intelectuais chique, que nas tertúlias alcatifadas do século XIX, punham em causa a sobrevivência da nação portuguesa e os que neste início do século XXI ocupam as cadeiras estofadas dos meios de comunicação social com o mesmo estafado discurso. Chama-lhe os novos vencidos da vida. Prefiro chamar-lhes os frustrados na vida. Talvez por algum trauma da infância, nunca tratado, destilam pessimismo baptizado de realismo, reduzem tudo a números, transpiram contabilidade, decretam o fim do estado social, o apocalipse da nação, adoram os mercados , babam-se com com mais um corte nos ratings, sonham sem parar com FMI (IS) desconfiam de uma notícia positiva, abjuram qualquer réstia de optimismo.

 

Portugal está numa boa fase? Claro que não, tal e qual como quase todo o mundo capitalista. É preciso fazer ajustamentos? Concerteza. Frear a ganância dos especuladores, controlar paraisos fiscais, repartir com mais equidade, preservar o ambiente, refrear o consumismo, em suma equilibrar o ter e o ser. Não tanto de sonho americano, um pouco mais do espiritualismo do Butão. Muitos profetas da desgraça já passaram e outros passarão. Esta país secular sempre ficou e continuará a ficar. Portugal tem passado, Portugal tem futuro.

 

MG

 

 

 

 

26 Dez, 2010

O último paraíso

neteye.com.br

 

O Butão é um pequeno país situado a dois mil metros de altitude entre a China e a Índia. Ali vivem cerca de sentecentas mil pessoas, num recanto perdido do planeta, que teima em ficar fora da globalização e da ditadura dos seus omnipresentes mercados. Na capital do Butão as ruas são limpas, tranquilas e despoluídas. Com uma política de desenvolvimento controlado, evita-se a exploração massiva dos recursos naturais e preservam-se as suas montanhas da destruição alpinista. É contribuinte líquido para a pegada ecológica.

 

O Butão encontra-se em oitavo lugar no índice FNB(Felicidade Nacional Bruta). Entre outros indicadores encontram-se a educação e a saúde gratuitas. País essencialmente agrícola, privilegia o bem estar colectivo em detrimento do trabalho sem regras e do consumo como felicidade. Mas não existe pobreza no Butão? Existe como em todos os países desenvolvidos. A diferença é que aqui procura-se diminuí-la pela via de uma repartição mais equitativa da riqueza, dentro do princípio do equilibrio entre valores materiais e espirituais.

 

Em época natalícia, considerada de paz e solidariedade, vem a talhe de foice lembrar um conceito de vida que está nos antípodas das valores dominantes nas sociedades do liberalismo capitalista  - a corrida atrás de uma ilusão de felicidade para parte nenhuma. Ali naquele canto perdido dos Himalaias reside o verdadeiro Shangri-la. Ali está, talvez, o último reduto onde o espírito do autêntico Natal ainda existe.

 

MG 

 

Na revista Visão pode ler o artigo que inspirou este texto, intitulado "Viagem ao reino da felicidade".

 

 

 

 

HINO DE AMOR

Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O bom Jesus,
O Deus Menino.

Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do Sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avezinha
Continuando
No seu gorjeio
Enquanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
A dianteira
E mal poisava,
Não afroixava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!

Assim foi indo
E foi seguindo.
De tal maneira,
Que noite e dia
Numa palmeira,
Que havia perto
Donde morava
Nosso Senhor
Em pequenino
(Era já certo)
Ela lá estava
A pobre ave
Cantando o hino
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!

João de Deus

 

 

 

Há um país

 arrepiado,

encurralado ,

 num continente

de hipocrisia

. Ele esbraceja ,

 ele resiste

e fica triste

e faz o pino ,

num desatino

mostra serviço,

aperta o cinto.

mas não acalma

o predador!

 

E está sozinho

no seu caminho,

já condenado

 a triste fado

mas afinal

que fez de mal?

E o menino

que vai nascer,

poderá ver?

Ou,

 está distraido,

desentendido

indiferente,

ou,

 vai resgatar

esse país

do encanto

dessa serpente

tão insolente?

 

MG

Presépio de José Joaquim de Castro, dito dos Marqueses de Belas

Maquineta Adoração dos pastores

Joaquim José de Barros, dito Barros Laborão (1762-1820)
Século XIX, 1805-1807

Museu Nacional de Arte Antiga, inv. 642 ESC.  

O último grande conjunto erudito português e que encerra a tradição dos sumptuosos presépios barrocos nacionais é a Natividade da autoria de José Joaquim de Barros, um dos principais discípulos de Machado de Castro. O presépio encomendado por José Joaquim de Castro, deve o seu nome ao facto de se dizer que nele estão retratados os então Marqueses de Belas, considerados o casal mais requintado da época. A composição do conjunto rompe com a tradição dos presépios, para os quais eram especificamente manufacturadas todas as figuras, tendo sido integradas nele peças de origens diversas, algumas inclusivamente compradas avulso e provenientes de outras Natividades.

Dia de Natal

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

 

António Gedeão

 

 

Presépio do Convento da Madre de Deus

Adoração dos pastores

Dionísio Ferreira (?) e António Ferreira
Século XVIII,1º quartel

 
Museu Nacional do Azulejo  

Talvez o mais belo presépio português e um dos maiores executados no território nacional, o núcleo da Madre de Deus é um exemplo eloquente da mestria dos artistas que trabalhavam o barro, ente o final do século XVII e o início do século XVIII. Obra associada a António Ferreira - ainda que, provavelmente, aí tenha trabalhado o seu pai, Dionísio Ferreira – de um dos seus presépio disse Machado de Castro “é uma peça de grande valor e estima, assim pela composição e verdade dos objectos, como pela graça e toque incomparável com que são executados”.

 

  

NATAL CHIQUE

Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.

Vitorino Nemésio

 

recados.oriza.net

 

 

 

"Presépio do Beneficiado Oliveira, da Patriarcal, hoje na Sé de Lisboa

Maquineta Adoração dos pastores

Joaquim Machado de Castro (assinado) (1731-1822)
Século XVIII, 1766 (datado)  

O presépio que hoje se encontra na Sé de Lisboa foi, segundo a tradição, encomendado por um Beneficiado de apelido Oliveira para a Basílica Patriarcal. Este é o único conjunto assinado e datado pelo Mestre, realizado quando ele ainda se encontrava ocupado com as obras do convento de Mafra. O presépio foi transferido para a Sé em data incerta, mas sabe-se que em 1837 integrava já o acervo artístico deste edifício."

presepios.cm-lisboa.pt/index.php?id=1459

 

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