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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Os tão badalados mercados são como os interruptores, tanto estão para baixo como estão para cima. Depende do humor da mão que os manipula. O que prova à saciedade que o seu comportamento é mais motivado por aproveitamento especulativo, do que por  cenários pretensamente catastrofistas. Na mira dos mercados não estão os países economicamente mais poderosos, mas aqueles cujo peso ou melhor cuja leveza menos pesa na balança da política europeia.

 

Portugal só pode libertar-se deste garrote dos mercados com os esforços de toda a sociedade. Ou seja, a sociedade tem de unir-se num pacto de salvação nacional em cinco pontos essenciais: no controle das contas públicas, na formação real de mais valias humanas; no desenvolvimento tecnológico diferenciado para potenciar exportações; na diversificação de mercados; no aproveitamento dos inúmeros recursos ligados ao mar.

 

Neste pacto, devem unir-se até final da legislatura, todas as forças políticas, o que implica uma mudança de atitudes, até agora, direccionadas para a chicana política, visando a conquista de mais um voto a qualquer preço. Implica responsabilidade, sentido de patriotismo, espírito de nação. A ideia que tudo se resolve com uma mudança política, no actual contexto, é uma visão tacanha da realidade. Sem pôr em causa as justas diferenças ideológicas, há momentos na vida dos povos, em que precisam de se unir para ultrapassar as dificuldades. A união pelo desenvolvimento e pela independência é um imperativo nacional.  Sem um compromisso que mobilize todos os portugueses, é impossível vencer a crise. Esta unidade é fundamental para "contra os mercados marchar, marchar."

 

MG

 

 

Pelo São Martinho, mata o porquinho, prova o teu vinho e não te esqueças do teu vizinho.

 

 

Este provérbio transporta-nos para um tempo quase mítico de um Portugal desaparecido. Para o tempo em que pelas aldeias do país se matava o porco criado com carinhosa familiaridade durante um ano inteiro. A matança do porco garantia de "conduto" ( chouriço, toucinho, presunto)até à próxima matança era uma festa na qual participava a família alargada, a vizinhança e muitos amigos. E esta cerimónia multiplicava-se como um ritual iniciático desde Novembro até Janeiro, perpassando por todas as casas da povoação.

 

A prova do vinho novo que acontecia nesta altura, tinha âmbito mais limitado, pois nem todos os camponeses se podiam dar ao luxo de produzir vinho para consumo próprio. Podia, no entanto,  encontrar-se nas tabernas dos meios rurais

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No dia em que se matava o porco, fazia-se um banquete onde se devorava uma caçoila da melhor carne do bicho. E depois de feitos os enchidos, sempre sobravam uns restos, que eram distribuídos pelos vizinhos. Na vida pobre dos pequenos proprietários rurais não faltava o sentido de entreajuda. Vivia-se modestamente mas com dignidade e solidariedade. Vivia-se com parcos recursos e com sentido de realismo. 

O progresso no bom e no mau sentido, pôs fim a esta prática milenar. Resta a sua lembrança cada vez mais diluída na poeira dos tempos. Resta a lembrança de tempos duros e difíceis, mas onde os valores não eram uma mera retórica embrulhada na deificação dos mercados, do salve-se quem puder. 

 

MG   

 

"Poema Segundo"

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

 

 

José Sócrates tem defeitos? com certeza. José Sócrates comete erros? certamente. Mas José Sócrates também possui algumas virtudes. E uma delas que quero aqui acentuar é a sua capacidade para  procurar saídas para o conservadorismo económico de Portugal. Tem-mo-lo visto a meter lanças em África...na América, na Ásia...

Os recentes acordos com a poderosa China, os acordos feitos na  ou a fazer na América latina, a cooperação com o Magreb e com os países do antigo império são na minha modesta opinião um caminho na direcção certa.

Portugal só se viabilizou como nação independente quando saiu do apertado espaço que ocupa no contexto europeu. A sobrevivência de Portugal sempre esteve no mar em sentido lato e sentido restrito. Em sentido lato quando rasgou horizontes e se instalou em todos os continentes do planeta, onde explorou as riquezas que escasseavam no claustrofóbico espaço interno. Em sentido restrito porque a grande zona marítima do pais possui recursos , inexplorados, que vão desde a pesca até às novas tecnologias.

O virar de costas ao mar nas últimas décadas foi um erro de palmatória. Por isso, assumir de novo uma vocação marítima, adormecida pelos cantos de sereia do continentalidade, é regressar às origens, é assumir, mais uma vez, uma centralidade de que nos temos afastado. É recusar a triste sina de país periférico a que o eixo Bona/ Paris nos quer remeter.

 

MG

07 Nov, 2010

Sonho e lucidez

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser. 

  

Fernando Pessoa

 via blogue Origens

 

Antes de fazer é preciso crer, antes de realizar é preciso sonhar,. O progresso da humanidade é uma constante realização do impossível. A viabilização da nação portuguesa é uma continuada concretização de utopias. Lucidez e sonho são faces da mesma moeda.

 

MG

 

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O "eu" que nós somos é composto ao longo da vida por muitos pequenos "eus". Em tempos, trabalhei nos Caminhos de Ferro. Depois saí dessa empresa e segui outros caminhos. Mas dentro de mim ficou sempre o bichinho dos comboios. Além disto, tive a honra e o privilégio de na minha infância viajar nos velhos comboios a vapor que "pouca terra...pouca terra" cruzavam Portugal de lés a lés. Por tudo isso cada vez que se encerra uma linha, que se doa à comunidade da rataria mais uma estação, se entrega os reluzentes carris à voragem do bicho da ferrugem,que se deixa degradar mais um pouco do património arquitectónico deste país morre em mim mais uma parcela do meu "eu" ferroviário.

Hoje soube, que na há muita desactivada linha que ao longo do frondoso rio Minho, ligava Valença a Monção foi construída uma ciclovia e restauradas algumas estações desse percurso. A reabilitação deste troço da ferrovia, para benefício da população do alto Minho, merece todos os louvores e é para mim motivo de alegria e esperança. Esperança de que este exemplo frutifique e que desta ou de outra maneira, se recupere o tristemente abandonado acervo ferroviário da nação portuguesa. Pelo passado, pelo presente e pelo futuro. A história exige-o.

 

MG 

05 Nov, 2010

Mercados

Os malditos juros da dívida continuam a subir. Mas porque razão, interroga-se estupefacto o  comum cidadão. O Orçamento foi aprovado, a crise política está em stand bye e os juros parecem cegos e surdos! Ouvi um economista insuspeito afirmar na Tv que esta subida é geral e decorre das intenção de agravar os castigos aos países incumpridores ppropostas no Conselho Europeu pela fraulein Merkel com o beneplácito do monsieur Sarkozy.

 Pouco preocupados com a situação real dos povos mais frágeis da União , estão a concretizar um velho plano que consiste em assumirem o controle do velho continente. Num texto que escrevi em Maio deste ano e que hoje vou recuperar, alertava para esta situação. À boleia da crise a  estratégia  passa por colocar de joelhos os paises pequenos e depois colocar-lhe a canga com toda a naturalidade.

 

 Hitler e Merkel estão separados por um abismo. Abismo temporal, abismo posicional, abismo conceptual, abismo ideológico. Mas numa coisa estão unidos, diria até quase plasmados: no desejo de construir uma Alemanha poderosa e dominadora em termos europeus. Uma Alemanha que extravase as suas fronteiras tradicionais e as prolongue por todo o velho continente. Hitler tentou concretizar esse projecto, utilizando uma ideologia rácica e musculada. Merkel , utiliza tácticas e métodos diferentes. A Alemanha aprendeu com as derrotas que em vez de utilizar a  razão da força pura e dura, tinha que, com mais subtileza e inteligência, usar a força da razão . E está paulatinamente a concretizar os seus objectivos, de certa maneira aliando-se à única e velha inimiga, que como sempre o fez lhe podia tolher os passos. Em resultado dessa estratégia, o verdadeiro governo da Europa encontra-se cada vez mais centrado no eixo franco-germânico. É verdade que muitos países se foram pondo a jeito, mas estou convicto que mais tarde ou mais cedo, duma maneira ou de outra ,isso acabaria por acontecer. A tendência será o centro económico e financeiro transformar-se no centro político à volta do qual girarão como satélites os países da periferia. E isto, vendo bem, ainda é melhor que ficarmos fora de órbita em autêntica roda livre.

 

Portugal foi, em tempos, quando havia ambição, coragem e gente   valorosa  o país que procurou encontrar alternativas ao eurocentrismo. E aproveitando a sua vocação marítima criou oportunidades de verdadeira independência que depois não teve engenho para manter. É certo que construiu pontes que hoje constituem uma mais valia, mas o certo é que no contexto actual, a sua sobrevivência passa por perder autonomia em detrimemto  do núcleo dominante no espaço europeu. E isto é que é a realidade. Se governa o "incompetente, mentiroso e mau-carácter" Sócrates ou o já proclamado salvador da pátria Coelho, é apenas politiquice barata.

 

MG

 

03 Nov, 2010

Cinema saudade

Pierre Etaix é um cineasta francês pouco conhecido em Portugal. Realizou nos anos setenta vários filmes que constituem hoje uma cinematografia inédita e original no contexto do cinema europeu. Os filmes de Etaix, várias vezes premiados, são uma recuperação do burlesco dos tempos áureos  do cinema.

Os filmes de Pierre Etaix foram recentemente restaurados e estão agora disponíveis em DVD. Para os amantes de bom cinema faço aqui a divulgação, como a recebi por email, dos filmes disponíveis deste cineasta.

 

MG

 

Chers amis bonjour,

 


Ca y est !!  L'intégrale de l'œuvre cinématographique de Pierre Étaix
est enfin disponible en DVD !!


Pour remercier celles et ceux qui, comme vous, ont soutenu Pierre Étaix et Jean-Claude Carrière dans leur combat juridique pour récupérer leurs droits et leurs films, Barkal Shop, en accord avec Arte et Studio 37, propose pour les fêtes
 :


" L'Intégrale Pierre Étaix "
Coffret 5 DVD + 1 livre
au prix exceptionnel de 48 euros !

 

Plus d'infos sur le site www.barkalshop.com
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Vous allez bientôt pouvoir revoir (ou découvrir) après plus de vingt ans d'absence, ces huit chefs-d’oeuvre poétiques et burlesques entièrement restaurés ! *, soit :  5 longs métrages (Le Soupirant, Yoyo, Tant qu'on a la Santé, le Grand Amour, Pays de Cocagne), 3 courts métrages (dont un inédit), mais aussi un magnifique documentaire sur l'homme et l'artiste, réalisé en 2010 par Odile Etaix. Ce luxueux coffret enferme aussi des bonus, un livre (La Grosse Tête) conçu par Pierre & Marc Étaix (116 pages qui retracent avec simplicité et humour le parcours de Pierre Étaix au travers de nombreux documents inédits) et une collection de 6 cartes postales des affiches des films signées Pierre Étaix et André François.


Cette offre limitée est accessible jusqu'à Noël uniquement sur le site www.barkalshop.com

 

Espectáculo deprimente o primeiro debate sobre o Orçamento. Retórica, demagogia, populismo, eleitoralismo. É o retrato de um país sem bússola, é uma jangada à deriva, perdida no labirinto que inventou. É uma nau sem comandante, um país dos pequeninos brincando à democracia.

 

É ser e não ser, estar e não estar, aprovar e não aprovar. Ai Portugal, Portugal, enquanto ficares à espera ninguém te pode ajudar...

 

MG

 

  

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