O vento mudou: oiçam
1967 festival Eurovisão da canção. Eduardo Nascimento, um angolano genuíno, representa as cores lusas com " o vento mudou e ela não voltou, sei que mentiu pr`a sempre partiu".
O festival da canção mobilizava o patriotismo dos portugueses. O ditador caíra da cadeira mas a ditadura continuava. Repirava-se cinzentismo: a pobreza era endémica, a emigração um desígnio, a repressão um costume, a guerra um destino, a educação um luxo, a reforma um privilégio, a velhice um pesadelo, a liberdade uma utopia.
O pesadelo acabou, a esperança renasceu. A liberdade vulgarizou-se, o ensino democratizou-se, a saúde gratuitificou-se, o consumo generalizou-se, a segurança social popularizou-se ,a contestação tornou-se um direito, a alternância política uma prática. O que querem mais? A Lua?
Ainda existem injustiças? Ainda existe pobreza? Ainda existe exploração? Concerteza. Mas entre um mundo e outro há um abismo de dignidade. Podemos melhorá-lo? Sim, com trabalho, com rigor, com realismo, com a convicção de que somos capazes de positivamente dar as mãos num projecto solidário.
Posso não ser politicamente correcto, mas a verdade é que não vos posso dar a Lua. Por isso e porque nos anos sessenta nem tudo era mau , aqui vos deixo esta bonita canção, recuperada, numa outra voz. Oiçam: