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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 

"Beber vinho dá de comer a um milhão de portugueses"

                                                Salazar

 

 

 

 

Portugal é um pais com tradição na produção vinícola. Os vinhos portugueses tem há séculos mercado, quer pelas suas características quer pela sua especificidade. Mais recentemente  produção vitivinícola tem acertado o passo com os novos tempos. Casou-se com a ciência para melhorar a qualidade. Melhoraram-se castas, aperfeiçoaram-se processos de produção e de vinificação, inovou-se na diversificação.

 

Os vinhos portugueses conquistam hoje os  mercados pelo seu valor e ombreiam com os melhores do mundo. É um sector em franca expansão que se impõe graças à inovação. Isto prova que  em Portugal sabemos fazer bem e é por aí que temos que nos impor. Isto prova que os portugueses, como ficou demonstrado ao longo da história, são capazes de rasgar horizontes com criatividade.

 

Retomando o velho chavão, do velho ditador, beber vinho ajuda a produção do país. E sabe-se também que beber vinho com moderação faz bem à saúde. Queremos dar aqui e agora o nosso modesto contributo para a divulgação dos vinhos nacionais. Vamos assim passar a recomendar na coluna da direita vinhos portugueses sem qualquer intuito publicitário. Trata-se de uma opinião de um consumidor comum. A análise da bondade dos vinhos deixo-a para os especialistas. 

 

MG

19 Out, 2010

Ar de rock

Vivemos tempos de incerteza. O mundo quase perfeito de prosperidade e bem estar que se julgava intocável  parece querer desabar. Haverá muitas e complexas razões para explicar esta mudança. Há uma que me parece evidente e colho-a na lição da evolução histórica. Ao longo dos séculos nasceram e desapareceram civilizações que se consideravam inexpugnáveis. Mas como a actual só o eram na aparência porque os sistemas sobrevivem enquanto se auto-sustentam na suas dinâmicas próprias. Quando estas deixam de dar resposta às necessidades dos cidadãos acabam por colapsar. Podemos estar à beira de uma mudança de paradigma. Cabe-nos fazê-lo de uma forma inteligente e progressiva.

 

E enquanto nos consumimos na incerteza do nosso dia a dia, achei interessante refugiar-me nos fantasmas do passado, recuar até aos oitenta e encontrar na música um pouco de elixir para as tristezas presentes. Lembrei-me do rock ( como bom patriota) em versão nacional e pus-me a ouvir este som:

E então?

 

MG

 

 

Ai que bem xeiras, que bem xeiras dos sovacos
As meias rotas e os sapatos descascados
Nas avenidas ainda fazes os teus engates
E tudo graças ao perfume patchouli

o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho

Essas miúdas das escolas secundárias
Com cheiro a leite e o soquete pelo artelho
Ficam maradas com o teu charme perfumado, Yeah
O teu perfume patchouli

o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho

Essas miúdas das escolas secundárias
Já fumam ganzas na paragem do eléctrico
Conversas parvas com mais buço que pintelho
Não dizem duas quando estão ao pé de ti

o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho
o-ho, o-ho, o-ho

O que elas gostam de te ver e de cheirar, o teu perfume patchouli
O que elas gostam de te ver e de cheirar, o teu perfume patchouli
O que elas gostam...

 

18 Out, 2010

Metrópoles

 

Numa reportagem televisiva foram entrevistados alguns jovens médicos que exercem a sua actividade no Nordeste transmontano. Os seus testemunhos foram unânimes em reconhecer que vale a pena viver nestas zonas do interior. Apresentaram como justificação uma série de benefícios que não existem nas grandes metrópoles do litoral. Salientaram a tranquilidade, o espaço natural, a proximidade humana entre outras vantagens.

 

Sempre tenho defendido que o interior de Portugal tem potencialidades. Sempre acreditei que a zona fronteiriça, de Bragança a Alcoutim é viável. Trás-os- montes, as Beiras, o Alentejo, o Algarve serrano podem recuperar a vitalidade que tiveram outrora. Temos que ser um país, há muito virado para fora, também virado para dentro. As novas vias de comunicação encurtaram distâncias e as modernas unfra-estruturas acrescentaram qualidade de vida. Tem-se, assim, reduzido o isolamento da interioridade.

 

As cidades e vilas do interior tem contudo enormes vantagens em relação às grandes metrópoles: Um ritmo de vida mais calmo e mais saudável; uma mobilidade mais fácil, sem os grandes engarrafamentos de trânsito; uma relação humana menos desumana, um ambiente natural menos saturado. Espero que o caminho que a partir dos anos sessenta deu origem às grandes megápolis comece a ser invertido, como um regresso às origens.

 

 MG

PS: A propósito, recomendo o filme Metrópolis de Fritz Lang. Como aperitivo veja este extracto na versão musicada por Freddie Mercury.

 

15 Out, 2010

A pen

 

Às 23:30 horas foi entregue na Assembleia da República o esperado Orçamento. A comunicação social transmitiu em directo a a cerimónia. A pen transportada religiosamente no bolso do ministro das finanças chegou às mãos do presidente da Assembleia da República .A vida numa pen, Aleluia, o país está salvo. Este é o acto salvador, o resto, o que se vai seguir é pura retórica. Os deuses modernos, leia-se Mercados Financeiros, podem dormir descansados. E nós?

 

MG

 

Esclarecimento: o que atrás escrevi, em tom algo irónico, não significa que sou contra ou a favor deste Orçamento. Sei que me vão ao bolso, mas como dizem os entendidos não há alternativa. Espero que o despesismo do estado e do país tenha um ponto final. É preciso cair na real.

 

 

A tecnologia acompanhada de muita fortuna trouxe os mineiros chilenos das  profundezas da terra para a superfície. Um milagre para quem quiser acreditar. Os resgatados do abismo antes de serem  mineiros são homens, com os seus defeitos, as suas virtudes, os seus dramas, os seus segredos. Da escuridão da mina começam a vir à luz do dia estórias, umas alegres, outras tristes, algumas caricatas.

 Uma das mais "badaladas" na comunicação social, foi a do homem que tem duas mulheres a legítima e a amante, a matriz e a sucursal. E ao pedir a presença das duas na recepção pôs à frente da legalidade o sentimento. Pôs acima da lei e da moral esse estado irracional que se chama paixão. Pode objectar-se se é um caso de infidelidade. Mas a qual delas? No fundo este caso mais comum do que se pensa mostra a leveza da natureza humana.

A propósito veio-me à memória uma canção dos anos setenta chamada "Eu tenho dois amores". E embora não faça parte das minhas preferências musicais vou reproduzí-la aqui em honra de todos os bígamos do amor.

 

 

14 Out, 2010

A pureza do Bloco

Pureza?

 

José Manuel Pureza disse que a eleição de Portugal como membro não permanente do conselho de Segurança da ONU pode ser uma excelente notícia se...ou pode ser uma péssima notícia se...!

 

A eleição de Portugal como segundo país da Europa só pode ser uma boa notícia independentemente do papel que vier a desempenhar. A eleição vale por si. Demonstra o reconhecimento da comunidade internacional por um país que se construiu num  contexto universal. Demonstra que a dimensão de Portugal é maior que o seu espaço territorial.

 

O facto do Bloco resumir a valoração desta eleição a eventuais atitudes futuras no seio da ONU, revela grosseira má fé. Consiste em desvalorizar  a posição de cento e cinquenta países, em nome de mera politiquice. A baixa política é uma arma dos fracos. O Bloco pretensamente revolucionário acaba de dar uma lição do mais patético conservadorismo. Ao fim e ao cabo este Bloco que se apresenta como campeão da moral, não tem moral nenhuma.

 

Mg  

 

13 Out, 2010

Levantados do chão

 

O resgate dos mineiros chilenos das profundezas da terra é o acontecimento mediático do dia. Depois de sessenta e nove dias de enterramento forçado a operação de salvamento está a ser um êxito. Mais que um êxito pode considerar-se um milagre. Um milagre da tecnologia, do rigor , da vontade, mas creio também de uma energia fortemente positiva. Só isso explica  a antecipação de todos os prazos nas diversas fases do processo. À margem do acidente resolvido com sucesso é agora preciso  fazer uma reflexão sobre a questão da segurança no trabalho, neste e noutros sectores , para que não voltem a repetir-se desastres idênticos. Aprender com a experiência é uma das principais características da racionalidade.

 

MG

 

Portugal foi hoje eleito membro não permanente no Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2011-2012. Esta eleição conseguida contra a maioria das previsões vem provar que Portugal apesar de não ser um país de grande dimensão territorial é um país grande. É uma grandeza quase milenar. Essa grandeza está bem patente na sua história.

 

O que a história nos mostra é que a nação portuguesa foi talhada a golpes de espada a partir de um pequeno núcleo situado Entre -Douro e Minho. E só passou de um condado enfeudado a Aragão e Castela a uma nação de dimensão universal  pela vontade, persistência, coragem e inteligência de uma elite constituída por segundas linhas da nobreza, na interpretação de José Matoso. Como foi com base num pequena nobreza, apoiada pela chamada arraia-miúda que afastou em 1383-85 a integração no reino de Castela. Como foi com a visão da geração saída da revolução de 1383 que se iniciou a expansão marítima.

 A classe dirigente da dinastia e Avis teve o condão de perceber que Portugal para resistir à hegemonia castelhana precisava de alargar horizontes. Com esse espírito aventurou-se por "mares  nunca dantes navegados" e estendeu raízes por todos os continentes. Rompeu fronteiras fechadas, inventou rotas desconhecidas, alargou convivências entre povos e culturas, iniciou um processo que hoje se chama globalização.

 

Portugal viveu da pimenta da Índia, do açúcar das ilhas, do ouro do Brasil, do mercado africano. Perdido o império, regressou às origens ao seu território original, onde não há riquezas naturais para explorar. Mas com a capacidade inventiva da sua gente está a encontrar novas índias na inovação  e pioneirismo tecnológico. É aí que se encontra o futuro de um país territorialmente periférico, mas com a mesma dimensão universal da nação que deu novos mundos ao mundo. Precisamos que a actual classe política se liberte dos pequenos interesses, da mesquinhez e dê as mãos, mau grado as suas diferenças ideológicas legítimas, na defesa do interesse geral. E que perceba de uma vez, que a grandeza de Portugal está para além da discussão do pormenores da pequena política caseira. A grandeza de Portugal é bem maior que as suas fronteiras naturais. Foi esse reconhecimento internacional que a eleição para ONU veio comprovar.

 

MG 

 

PS Para além do que escrevi tem que se valorizar, também, o papel desempenhado pela diplomacia nesta vitória.