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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Não sou fundamentalista em coisa nenhuma. Confesso que ajudei a eleger este governo, mas não me identifico com todas as suas políticas. Admito que tenha tomado medidas certas nalgumas áreas, mas também reconheço que errou em muitas outras. A educação foi um sector onde tem predominado o disparate. Na legislatura anterior conseguiu unir uma classe tradicionalmente desunida. Forçou a implementação de uma avaliação inaplicável, elegeu os professores como um inimigo público, desestabilizou o o normal funcionamento das escolas. Com prejuízo para as aprendizagens. A nova ministra procurou restabelecer a paz nas escolas e estabilizar o ensino. Corrigiu alguns erros de palmatória e criou uma onda de esperança. Sol de pouca dura. Passados poucos meses no cargo deslizou para a asneira.

 

A monstruosidade chegou com pezinhos de lã no final do ano lectivo. Decidiu encerrar escolas tendo como único critério o facto de terem menos de vinte alunos. Não se estudou, não se programou, não se perspectivou. Decidiu-se com a arrogância e o desrespeito próprio dos imbecis. Mas a maior imbecibilidade estava para chegar e chegou repentinamente como um furação não detectado e em forma de ultimato. Tratou-se da constituição dos chamados mega agrupamentos. De um dia para o outro cem escolas, escolhidas ao que parece aleatoriamente foram  obrigadas a unir os trapinhos por deliberação por deliberação do grande chefe. Mais uma vez sem estudos, sem consulta, infringindo toda a legislação existente. Encontro um único critério: poupar uns centavos no sector educativo, não com redução de desperdícios, moderação da burocracia ministerial, mas à custa da qualidade do ensino. reduzem-se uns cargos directivos, fundem-se umas secretarias e elah, grande poupança. Pura ilusão. Por este processo não se elimina um único vencimento, Por este processo constituem-se escolas quase ingovernáveis com quase três mil alunos. Por este processo prejudica-se a qualidade do ensino e perturba-se a normalidade escolar. Os principais prejudicados mais uma vez são os alunos.

 

A cereja foi colocada em cima do bolo no início de mais um ano lectivo. Decreta-se o fim do ensino recorrente. Para quem não sabe o Ensino Recorrente e digo-o com conhecimento de causa é há muitos anos uma oportunidade para que jovens ou adultos  possam fazer os seus estudos em horário pós- laboral. Eu próprio beneficiei, em tempos, dessa oportunidade para fazer grande parte da minha formação escolar, enquanto trabalhador e estudante. Destruir o ensino nocturno é um crime de lesa cultura, é um fechar de portas de formação profissional para milhares de cidadãos. Mais que uma imbecibilidade é uma estupidez. Sei, com conhecimento de causa , que vão alegar que criaram as Novas Oportunidades. Só que estas não são novas nem são oportunidades. Trata-se de um sistema de emissão de diplomas de duvidosa credibilidade. Para isto não são precisas escolas, nem professores. Basta abrir uma secção nas lojas do cidadão.

 

A nova ministra não tem projecto, nem objectivos para o ensino. Não se lhe conhece uma medida para melhorar as aprendizagens ou estabelecer o rigor e a disciplina. Limita-se a governar aos repelões e de acordo com circunstâncias aleatórias. Creio até que é uma espécie de genérica ou melhor uma "frankensteina" governamental: um bocadinho das finanças, um bocadinho da economia, um bocadão do grande chefe...Estamos mesmo num filme de terror.

MG

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