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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Viajei mais uma vez pela Galiza. A minha visita a esta região autónoma tornou-se nos últimos anos mais que um hábito , quase um vício. Na Galiza não me sinto num país estrangeiro. Depois de passar a fronteira agora virtual, mas para mim sempre artificial sinto que continuo em casa, pelas suas paisagens , pela simpatia das suas gentes. Por mero acidente histórico a região galega ficou integrada na nação espanhola. Do ponto de vista económico e da qualidade de vida da sua população esta integração pode ter sido benéfica, mas continuo a vê-la do ponto de vista geográfico, como um prolongamento natural da grande faixa atlântica que vai de Sagres a Finisterra. Vejo-a por outro lado mais próxima da cultura portuguesa que da castelhana, até porque faz parte do grupo linguístico conhecido como galaico-português. Nota-se nos dias de hoje uma aproximação, a todos os níveis, entre Portugal e a Galiza e uma vontade de cooperação que pode aproveitar experiências e valências que beneficiem dois povos que a geopolítica algumas vezes pôs de costas voltadas. Nesta viagem por terras galegas descobri a poesia de Rosalía de Castro. Se não a conhece  pode lê-la no livro Cantares Gallegos (versão na língua original).

MG

 

    ArribaAbajoCastellanos de Castilla,                                  
 

tratade ben ós gallegos,                        

 

cando van, van como rosas;
cando véná vén como negros. 
   
    -Cando foi, iba sorrindo; 
 cando veu, viña morrendo 
 a luciña dos meus ollos, 
 o amantiño do meu peito. 
   
    Aquel máis que neve branco, 
 aquel de dozuras cheio, 
 aquel por quen en vivía 
 e sin quen vivir non quero. 
   
    Foi a Castilla por pan, 
 e saramagos lle deron; 
 déronlle fel por bebida, 
 peniñas por alimento. 
   
    Déronlle, en fin, canto amargo 
 ten a vida no seu seo... 
 ¡Castellanos, castellanos, 
 tendes corazón de ferro!

 

"todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros" George Orwell

 

A avaliação rigorosa e ponderada nas escolas ou em qualquer sector da sociedade é um sinónimo de progresso e de responsabilização. Uma sociedade em que não se premeia o mérito é uma sociedade em decadência.  A afirmação da ministra da educação de que os alunos passariam a progredir no seu percurso escolar sem reprovações é um atentado à qualidade do ensino e revela total ignorância sobre a função da avaliação escolar. Ignora que a avaliação serve para distinguir conhecimentos e capacidades, mas também esforço, dedicação, trabalho, responsabilidade. Ignora que há alunos que reprovam porque nada fazem para ser aprovados. Ignora que há alunos que não tiram proveito de apoios porque não querem tirar. Ignora que há alunos que estão na escola apenas para ocuparem tempos livres. A ideia peregrina que basta dar apoios suplementares para todos progredirem não colhe na realidade das nossas escolas.

 

O sucesso no ensino como na vida depende em primeiro lugar de vontades e em segundo lugar de oportunidades. A escola de sucesso constrói-se com exigência e não com facilitismo. A escola de sucesso faz-se em escolas com pequena dimensão, com turmas pequenas, com organização, com disciplina, com respeito . Não há sucesso sem objectivos, com mega agrupamentos, com mega turmas. Se a ministra quer acabar com as reprovações não o pode fazer pelo caminho da nivelação por baixo.Comece por criar condições para mudar mentalidades,para combater a preguiça, o desleixo, a irresponsabilidade.   Exigir, responsabilizar, premiar, eis o caminho.

MG

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