Postal ilustrado: Galícia
Viajei mais uma vez pela Galiza. A minha visita a esta região autónoma tornou-se nos últimos anos mais que um hábito , quase um vício. Na Galiza não me sinto num país estrangeiro. Depois de passar a fronteira agora virtual, mas para mim sempre artificial sinto que continuo em casa, pelas suas paisagens , pela simpatia das suas gentes. Por mero acidente histórico a região galega ficou integrada na nação espanhola. Do ponto de vista económico e da qualidade de vida da sua população esta integração pode ter sido benéfica, mas continuo a vê-la do ponto de vista geográfico, como um prolongamento natural da grande faixa atlântica que vai de Sagres a Finisterra. Vejo-a por outro lado mais próxima da cultura portuguesa que da castelhana, até porque faz parte do grupo linguístico conhecido como galaico-português. Nota-se nos dias de hoje uma aproximação, a todos os níveis, entre Portugal e a Galiza e uma vontade de cooperação que pode aproveitar experiências e valências que beneficiem dois povos que a geopolítica algumas vezes pôs de costas voltadas. Nesta viagem por terras galegas descobri a poesia de Rosalía de Castro. Se não a conhece pode lê-la no livro Cantares Gallegos (versão na língua original).
MG
Castellanos de Castilla, | ||
tratade ben ós gallegos,
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cando van, van como rosas; | ||
cando véná vén como negros. | ||
-Cando foi, iba sorrindo; | ||
cando veu, viña morrendo | ||
a luciña dos meus ollos, | ||
o amantiño do meu peito. | ||
Aquel máis que neve branco, | ||
aquel de dozuras cheio, | ||
aquel por quen en vivía | ||
e sin quen vivir non quero. | ||
Foi a Castilla por pan, | ||
e saramagos lle deron; | ||
déronlle fel por bebida, | ||
peniñas por alimento. | ||
Déronlle, en fin, canto amargo | ||
ten a vida no seu seo... | ||
¡Castellanos, castellanos, | ||
tendes corazón de ferro! |