Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

16 Jun, 2010

Mulher em órbita

"Oriunda de uma família proletária, Valentina começou a trabalhar com dezoito anos, em uma fábrica têxtil. Na mesma época, ela entrou para um clube de pára-quotistas amadores. Aos 24 anos, em 1961, começou a estudar para se transformar em cosmonauta, no mesmo ano em que o director do programa espacial soviético, Sergei Korolev, considerou enviar mulheres ao espaço, numa forma de colocar a primeira mulher em órbita na frente dos Estados Unidos, que ao mandar ao espaço os primeiros astronautas, dava início à corrida espacial."

Wikipédia

 

Aqui está o exemplo que mostra que mulher não é biombo de sala...

MG

A comunidade europeia nasceu há 25 anos. É ainda uma criança titubeante e  a dar os primeiros passos.É natural que tenha algumas hesitações próprias de qualquer processo de crescimento.

 Portugal nasceu de um parto difícil e teve uma infância conturbada. Teve até um começo algo enfezado e poucos lhe auguravam muito tempo de vida. Já na adolescência teve a vida em risco, várias vezes, mas resistiu.Resistiu porque acreditou, resistiu porque lutou, resistiu porque ousou e quis viver. Quando já não cabia no corpo que possuía, rasgou horizontes, ultrapassou mares desconhecidos e projectou-se até onde o levou a imaginação. Contra todos os prognósticos atingiu a maioridade e tem hoje a invejável idade de 800 anos.

A Europa, se quer sair da infância e tornar-se um corpo adulto e saudável deve seguir o exemplo  português na sua determinação e vontade de existir. Os países que estão no projecto europeu, tem por seu lado que integrar-se de corpo e alma na sua concretização, o que implica prescindirem de soberanias bacocas e de nacionalismos obsoletos. A Europa para ser um espaço unido e solidário tem de ser mais que uma soma de partes .Tem de ser um corpo unido económica e politicamente. Isto sem pôr em causa as diversidades e idiossincrasias próprias. Responsabilidade, inteligência e determinação, exige-se à mão que embala o berço.

MG

11 Jun, 2010

Combatentes

Imagem do blog, Luís

Graça, Combatentes da Guiné.

Nas cerimónias do dia 10 de Junho vimos pela primeira vez desfilar veteranos da guerra colonial. Foi uma homenagem justa àqueles que deram o seu melhor ao serviço da nação. E não interessa para o caso a discussão política sobre a justeza dessa  ou de outras guerras. Só mais tarde me apercebi da teimosia do regime, em não negociar e não querer encontrar uma solução política para a situação.

Não  estive presente na guerra nas colónias mas servi, com muita honra, o exército do meu país entre os anos de 1967 e 1970, onde aprendi valores  . Como outros jovens que cumpriram o serviço militar nessa época, pouco sabia de política e não tinha condições para questionar a opção do Estado português. Limitámo-nos, como cidadãos, a defender aquilo que nos diziam ser o interesse nacional. E fizemos-lo com o entusiasmo e a generosidade própria da juventude. Bem ou mal servimos o país. É justo que, independentemente das ideologias, se reconheça o valor desses cidadãos. O seu amor ao país fê-los dar mais do que aquilo que receberam.

Hoje os jovens são diferentes. Exigem tudo do Estado mas pouco ou nada estão dispostos a dar. Passeiam-se pelas escolas, como se fossem os donos daqueles espaços de convívio e "lazer"... Geração "rasca"? Não, geração hedonista. Que assiste impávida, de cadeirão, ao fim dos gloriosos tempos do capitalismo que alimentou o estado social.

MG Dos Combatentes da Guerra do Ultramar

No dia em que se comemora a diáspora portuguesa, veio-me à mente  uma imagem esquecida no arquivo mais recôndito das minhas memórias da infância.

Recordei-me de, ainda moço imberbe, ir cortar o cabelo à barbearia do Zé Filipe. Da minha visita a essa casa rural adaptada a local de tosquia capilar, continua viva na minha lembrança uma cadeira de madeira giratória. E sobretudo, dois automóveis feitos de vidro transparente que me causavam curiosidade e prazer pela sua beleza e raridade.

O Zé Filipe, na altura um jovem em início de vida, acabou por fechar a sua barbearia e migrar, como muitos outros para os arredores da grande capital. Aí foi operário em construção e encontrou o modus vivendus de sobrevivência que a sua barbearia, perdida numa aldeia da serra de Caldeirão e Mu não lhe garantia.

Muitos anos depois,  quando a juventude de mestre Filipe já se esvaía, os cabelos rareavam e embranqueciam ,regressou à sua aldeia e reabriu a barbearia. Em boa hora o fez, pois já que não havia no local quem tratasse  das escassas cabeleiras de outros retornados, que como ele, quiseram acabar os seus dias no lugar onde tinham aprendido a identificar-se com um país.

 

Nas minhas visitas temporárias a esse lugar, vejo mestre Filipe envelhecer feliz e tão ou mais excêntrico do que quando foi forçado a partir. Nunca mais voltei a entrar na sua barbearia, talvez com receio de já não encontrar os objectos que encantaram a criança que ainda hoje guardo dentro de mim.

MG

 

09 Jun, 2010

Donald

  

 

"O livro Para ler o Pato Donald: comunicação em massa e colonialismo (Paz e Terra, 1980, 3ª edição, 135 p.) do chileno Ariel Dorfman e do belga Armand Mattelart com tradução e prefácio de Álvaro de Moya, escrito em 1971, analisa o fenômeno das comunicações em massa, fazendo uma severa crítica ao teor político da ideologia Disney de conformismo, autoritarismo, consumismo, moralismo e puritanismo divulgados através dos personagens infantis criados pela empresa norte-americana. Os autores mostram que, através desse produto cultural, pode-se enviar mensagens ideológicas que estimulam a dependência cultural e reforçam valores típicos da economia capitalista.(...)

Talvez o calcanhar de Aquiles desse livro esteja em não reconhecer em momento algum a importância das produções de Walt Disney para a humanidade. Nenhuma empresa, seja ela de qual for a linha de comércio, sobreviveria a tantas transformações políticas e econômicas, tornando-se atemporal, se não tivesse também um valor cultural, educacional e politizante que agradasse a muitos, e não só a uma camada privilegiada. Muitas gerações foram construídas e formadas a partir da fantasia de Disney e muitos órfãos viram-se aparados nestas “histórias encantadas”, cobertas ou não de ideologia hegemônica.
A vantagem dessa obra é que ela nos faz repensar a importância desses veículos de comunicação em massa, sua dimensão e capacidade de persuasão do povo. Porém, aceitá-las como verdade absoluta, sem discordar ou consultar variadas fontes, nos torna inertes às mudanças de nossa sociedade.

Extracto da análise do livro " para ler o Pato Donald: Comunicação em massa e colonialismo" Por FÁBIO CARNEIRO SOUZA.

 

 O Pato Donald foi criado no Estados Unidos da América em 1934. O desenho A Galinha Esperta foi estreado à 75 anos no dia 9 de Junho. Donald como outros desenhos Walt Disney divertiram e divertem gerações de jovens e adultos, desempenhando um papel importante na necessidade de evasão da realidade que todos precisamos para suportar as agruras do quotidiano. Como espectador nunca senti que esta ou outras ficções me alienassem ou me afastassem da observação da realidade das coisas. Veja-se, por exemplo, este vídeo de crítica ao nazismo.

 

MG

http://www.tu.tv/videos/el-pato-donald-nazi

  música para crianças
Robert Alexander Schuman, nasceu há duzentos anos, no dia 8 de Junho de 1810. Filósofo e músico acabou por encontrar na arte dos sons a sua verdadeira vocação e a forma perfeita de expressar, harmoniosamente, os seus pensamentos.Delicie-se com estes dois pequenos excertos da obra musical deste compositor que através da beleza da  linguagem universal, ganhou um lugar eterno e permanente na galeria da imortalidade.
MG
 

Quando ouço falar em navegadores lembro-me dos bravos marinheiros de quinhentos que enfrentaram com  arcaicos e reduzidos meios o terrível e desconhecido oceano. Lembro-me de Gil Eanes a aventurar-se no mar encapelado, lembro-me de Diogo Cão a enfrentar tempestades, lembro-me de Bartolomeu Dias, com a sua corajosa tripulação a enfrentar o medonho Adamastor. Lembro-me de portugueses anónimos, rudes marinheiros movidos pela ambição, pela aventura, pela necessidade de sobreviver.  Navegaram à bolina contra ventos e tempestades. Navegaram por mares nunca dantes navegados, para destinos nunca dantes visitados. Trouxeram riquezas e conhecimentos. Deixaram marca duradoura nos cinco continentes.

 

Quando ouço chamar navegadores a um grupo de vedetas na arte de pontapear uma bola. Quando ouço chamar navegadores a cidadãos privilegiados e profissionais do espectáculo pagos a peso de ouro para distrair as massas da dura realidade quotidiana, inquieto-me com a banalização de conceitos nobres, na sociedade desresponsabilizada em que vivemos. 

 

Podem até ser tugas, ou ter muitos outros epítetos similares, mas navegadores? navegadores de quê? de ferrraris, de porches, de auto-estradas? navegadores de onde? de destinos exóticos? Podem ganhar o campeonato do mundo e encher o ego da nação, mas tudo se esvairá num dia, numa semana, como o nevoeiro em manhã de verão.

MG

 

Ps - Também gosto de futebol e fico satisfeito com os resultados da selecção do meu país, mas não confundo um espectáculo desportivo com uma epopeia.

 

 

  LA COGIDA Y LA MUERTE

A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.

El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones de bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
¡Y el toro solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en Punto de la tarde.

Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído

 

 

 

 

Francisco Garcia Lorca nasceu em  no dia 5 de Junho de 1898 em Fuentesvaqueros (Granada) e foi executado pelos nacionalistas em no dia 19 de Agosto de 1936. Ao contrário dos que, sem memória, calaram a sua voz, Garcia Lorca está vivo, como grande mestre da literatura. E estará para sempre na galeria daqueles " que se vão da lei da morte libertando". Aproveito para saudar a poesia em tempos de tanta e má prosa.

 

MG

 

Os responsáveis europeus deram passos importantes para estabelecer as bases de uma recuperação", afirmou Dominique Strauss-Kahn, numa entrevista à agência de notícias sul-coreana Yonhap, divulgada hoje.

"Mas é importante que se concentrem em estimular o crescimento", acrescentou. Sem crescimento, os problemas da dívida serão mais difíceis de resolver", afirmou o director-geral do FMI, sublinhando que será igualmente "essencial encorajar as reformas para apoiar este crescimento". (DE)

 

Estimular o investimento? Foi o que sempre, modéstia à parte, defendi. Mas afinal em que ficamos? Por um lado dizem " é preciso parar o investimento-não há dinheiro". Por outrod izem: para  recuperar é preciso investir. Como? Decidam-se...

MG 

"Durante os debates ficou claro que a crise na Europa resulta, em grande medida, de razões endógenas. Enumero algumas. A falta de coordenação das políticas económicas e sociais. A indisciplina orçamental de certos governos. O peso excessivo do sector público nas contas nacionais. A perda de competitividade em relação a economias concorrentes. O adiamento das reformas estruturais mais urgentes. Um sistema financeiro artificial, construído no ar, especulativo e sem correspondência com a economia real. Um tipo de consumo, em países como Portugal, que leva ao endividamento crónico das famílias e à instabilidade financeira. Uma crise que tem sido agravada pela opção por um euro forte, sobrevalorizado. E por uma liderança política incapaz de apontar o dedo, nas diferentes cimeiras da União, aos governos prevaricadores, que não respeitam as regras estabelecidas"(1)

 

Estas palavras, que aqui transcrevo, com a devida vénia, foram escritas por Vítor Ângelo num lúcido artigo publicado, esta semana na revista Visão.(1) Comungo do diagnóstico apresentado. Tenho no entanto algumas dúvidas sobre as terapias propostas. Não sou politólogo, nem macro economista e faço a minha análise apenas de forma empírica.E reportando o assunto ao funcionamento da minha contabilidade doméstica concluo uma coisa simples. O haver precisa de superar o deve para que haja sustentabilidade em qualquer tipo de economia ou seja o consumo não pode ser superior à procura. Criou-se a ideia , nestes ultimos anos, que podemos consumir indefinidamente, desde que não faltem os meios financeiros. Puro engano. Os meios financeiros são riqueza fictícia e só existem se corresponderem a riqueza real. Este paradigma não é já sustentável. É preciso mudá-lo ou melhor voltar ao paradigma assente no  equilíbrio entre produção e consumo, bem aplicado por Roosevelt no New Deal.

 

A Europa já passou por momentos difíceis e ultrapassou-os. Acredito que ultrapassará também este. Até porque a sobrevivência das civilizações não está apenas dependente dos valores materiais. Há outros valores que as cimentam e que desempenham um papel fundamental na sua unidade. No espaço europeu já nasceram e morreram sistemas económicos. Já se criaram e destruíram países. Isso é normal, porque os povos constituem organismos vivos em constante mutação e adaptabilidade. Não dependem de mais ou menos optimismos ou pessimismos. Dependem de realismo e bom senso.Dependem de encontrar o modelo adequado aos novos tempos. Uma das grandes mudanças que prevejo, como essenciais passa por uma mais equitativa distribuição da riqueza .

MG

1 Ler artigo completo em: http://aeiou.visao.pt/a-europa-da-divida-e-da-duvida=f561153