Donald
"O livro Para ler o Pato Donald: comunicação em massa e colonialismo (Paz e Terra, 1980, 3ª edição, 135 p.) do chileno Ariel Dorfman e do belga Armand Mattelart com tradução e prefácio de Álvaro de Moya, escrito em 1971, analisa o fenômeno das comunicações em massa, fazendo uma severa crítica ao teor político da ideologia Disney de conformismo, autoritarismo, consumismo, moralismo e puritanismo divulgados através dos personagens infantis criados pela empresa norte-americana. Os autores mostram que, através desse produto cultural, pode-se enviar mensagens ideológicas que estimulam a dependência cultural e reforçam valores típicos da economia capitalista.(...)
Talvez o calcanhar de Aquiles desse livro esteja em não reconhecer em momento algum a importância das produções de Walt Disney para a humanidade. Nenhuma empresa, seja ela de qual for a linha de comércio, sobreviveria a tantas transformações políticas e econômicas, tornando-se atemporal, se não tivesse também um valor cultural, educacional e politizante que agradasse a muitos, e não só a uma camada privilegiada. Muitas gerações foram construídas e formadas a partir da fantasia de Disney e muitos órfãos viram-se aparados nestas “histórias encantadas”, cobertas ou não de ideologia hegemônica.
A vantagem dessa obra é que ela nos faz repensar a importância desses veículos de comunicação em massa, sua dimensão e capacidade de persuasão do povo. Porém, aceitá-las como verdade absoluta, sem discordar ou consultar variadas fontes, nos torna inertes às mudanças de nossa sociedade.
Extracto da análise do livro " para ler o Pato Donald: Comunicação em massa e colonialismo" Por FÁBIO CARNEIRO SOUZA.
O Pato Donald foi criado no Estados Unidos da América em 1934. O desenho A Galinha Esperta foi estreado à 75 anos no dia 9 de Junho. Donald como outros desenhos Walt Disney divertiram e divertem gerações de jovens e adultos, desempenhando um papel importante na necessidade de evasão da realidade que todos precisamos para suportar as agruras do quotidiano. Como espectador nunca senti que esta ou outras ficções me alienassem ou me afastassem da observação da realidade das coisas. Veja-se, por exemplo, este vídeo de crítica ao nazismo.
MG