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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Quando ouço falar em navegadores lembro-me dos bravos marinheiros de quinhentos que enfrentaram com  arcaicos e reduzidos meios o terrível e desconhecido oceano. Lembro-me de Gil Eanes a aventurar-se no mar encapelado, lembro-me de Diogo Cão a enfrentar tempestades, lembro-me de Bartolomeu Dias, com a sua corajosa tripulação a enfrentar o medonho Adamastor. Lembro-me de portugueses anónimos, rudes marinheiros movidos pela ambição, pela aventura, pela necessidade de sobreviver.  Navegaram à bolina contra ventos e tempestades. Navegaram por mares nunca dantes navegados, para destinos nunca dantes visitados. Trouxeram riquezas e conhecimentos. Deixaram marca duradoura nos cinco continentes.

 

Quando ouço chamar navegadores a um grupo de vedetas na arte de pontapear uma bola. Quando ouço chamar navegadores a cidadãos privilegiados e profissionais do espectáculo pagos a peso de ouro para distrair as massas da dura realidade quotidiana, inquieto-me com a banalização de conceitos nobres, na sociedade desresponsabilizada em que vivemos. 

 

Podem até ser tugas, ou ter muitos outros epítetos similares, mas navegadores? navegadores de quê? de ferrraris, de porches, de auto-estradas? navegadores de onde? de destinos exóticos? Podem ganhar o campeonato do mundo e encher o ego da nação, mas tudo se esvairá num dia, numa semana, como o nevoeiro em manhã de verão.

MG

 

Ps - Também gosto de futebol e fico satisfeito com os resultados da selecção do meu país, mas não confundo um espectáculo desportivo com uma epopeia.