Hitler e Merkel
Hitler e Merkel estão separados por um abismo. Abismo temporal, abismo posicional, abismo conceptual, abismo ideológico. Mas numa coisa estão unidos, diria até quase plasmados: no desejo de construir uma Alemanha poderosa e dominadora em termos europeus. Uma Alemanha que extravase as suas fronteiras tradicionais e as prolongue por todo o velho continente. Hitler tentou concretizar esse projecto, utilizando uma ideologia rácica e musculada. Merkel , utiliza tácticas e métodos diferentes. A Alemanha aprendeu com as derrotas que em vez de utilizar a razão da força pura e dura, tinha que, com mais subtileza e inteligência, usar a força da razão . E está paulatinamente a concretizar os seus objectivos, de certa maneira aliando-se à única e velha inimiga, que como sempre o fez lhe podia tolher os passos. Em resultado dessa estratégia, o verdadeiro governo da Europa encontra-se cada vez mais centrado no eixo franco-germânico. É verdade que muitos países se foram pondo a jeito, mas estou convicto que mais tarde ou mais cedo, duma maneira ou de outra ,isso acabaria por acontecer. A tendência será o centro económico e financeiro transformar-se no centro político à volta do qual girarão como satélites os países da periferia. E isto, vendo bem, ainda é melhor que ficarmos fora de órbita em autêntica roda livre.
Portugal foi, em tempos, quando havia ambição, coragem e gente valorosa o país que procurou encontrar alternativas ao eurocentrismo. E aproveitando a sua vocação marítima criou oportunidades de verdadeira independência que depois não teve engenho para manter. É certo que construiu pontes que hoje constituem uma mais valia, mas o certo é que no contexto actual, a sua sobrevivência passa por perder autonomia em detrimemto do núcleo dominante no espaço europeu. E isto é que é a realidade. Se governa o "incompetente, mentiroso e mau-carácter" Sócrates ou o já proclamado salvador da pátria Coelho, é apenas politiquice barata.
MG