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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Portugal é uma farpa cravada no lombo da Espanha. Farpa cravada por D. Afonso Henriques no longínquo século XII. Este país  nasceu de uma conjugação de vontades e de outros acasos circunstanciais. Foi traçado a golpes de espada e desenhado a traços de pena. Foi estado antes de ser país, foi país antes de ser nação. Ao mesmo tempo que se desenhou o território com sangue e lágrimas garantiu-se a sua jurisdição com papel e tinta.  E se Deus ajudou os bravos conquistadores na sua acção guerreira, o seu representante na terra passou-lhes carta de alforria. Não foi fácil consegui-la, mas o papado acabou por se render a tanta coragem e determinação. Claro que as onças de ouro entregues por Afonso Henriques a Roma também ajudaram. A bula Manifestis Probatum foi conseguida, apesar de muitas oposições,  com muito engenho diplomático. Desde então Portugal foi considerado nação fidelíssima da cristandade.

Em dia de visita papal convem lembrar que a  cristandade, foi juntamente com o direito romano o cimento unificador do fragmentado mundo europeu da Idade Média. Na construção e manutenção da  matriz  europeia, caldeada na herança greco-latina e no humanismo cristão, Portugal desempenhou um papel fundamental. Desempenhou e continua a desempenhar, mesmo em tempos de "religiosidades" mais prosaicas e materialistas. E estou convicto que a sobrevivência  da Europa como espaço civilizacional progressista, está sobretudo dependente deste velho paradigma.

Portugal é espaço integrante da Europa e a sua antiguidade torna-o numa peça fundamental da identidade europeia. Não partilho a visão dos talibans que vêem o determinismo económicio e financeiro como factor agregador. Acredito que as nações imortais são aquelas que têm alma. A nação portuguesa é disso exemplo.

Parafraseando o comercial do momento: podia-se viver sem ela? Não! Ainda que fosse a mesma coisa...

MG