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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 

José Adriano, além de ser meu avô, era um artesão de eleição. Aquilo que os seus olhos viam as suas mãos construíam. Nasceu quando o século XIX já andava de bengala e morreu, quando o século XX já viajava no espaço. Assistiu, ainda moço, à implantação da República, foi mobilizado, jovem inconsciente, para combater nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Desertou do exército, viveu clandestino até a guerra terminar. Voltou à vida militar, ao serviço da República, como GNR, para expiar a sua fuga das fileiras.

Casou, teve filhos e cumprida a missão ao serviço da lei e da grei republicana voltou a ser o paisano que sempre teve dentro de si. Regressou à pacatez da sua aldeia. Aí gozou a sua liberdade, pelos trilhos ásperos dos montes e pelos vales verdejantes das ribeiras.

 Republicano e laico, espírito independente e crítico, sempre obedeceu à sua consciência. Apesar das parcas habilitações literárias, era um leitor viciado em leitura. Lia todos os livros que lhe chegavam às mãos, ávido de saber sobre qualquer assunto. No dia mundial do livro e da morte de dois grandes mestres  da literatura e dos  dois espíritos livres que foram Cervantes e Shakespeare , aqui lembro o  homem rebelde e generoso que foi o cidadão anónimo José Adriano.