O que é o Bloco
Acabei de ler o excelente texto João de Almeida Santos no SIMplex. É uma análise lúcida sobre uma espécie de albergue espanhol que resolveu chamar-se Bloco de Esquerda, onde militam pequenos partidos extremistas, que nunca tiveram qualquer expressão eleitoral significativa.
Este Bloco conseguiu ultrapassar essa limitação corporizando-se numa figura de retórica fácil ,num discurso demagógico e num contexto de grave crise económica, que cavalgou magistralmente.(e não faltam , na história recente exemplos similares, que infelizmente acabaram em tragédias humanitárias).
Como tenho escrito no meu blog Nação Valente, considero o Bloco um embuste que poderia ser um potencial perigo para a democracia se a conjuntura histórica o permitisse.
Sinceramente, não o vejo a servir de muleta a qualquer governo, por que isso significaria a sua auto-destruição.De facto este Bloco alimenta-se de protestos, vive de casos, (mais ou menos desenquadrados do seu contexto) assume-se sem pecado original. Diaboliza os ricos, abomina o capitalismo(?) mas goza da sua luxúria e senta-se à mesa do seu orçamento. Procura preencher os desencantos de certa classe média a quem faz promessas vãs. Abre os braços ao funcionalimo que perdeu algumas pequenas regalias e quer vingança.Aproveita o divórcio já consumado ( mas inútil e desnecessário e creio que evitável) entre Ministério da Educação e os professores para se apoderar deste vasto capital eleitoral.
Quando se esfumar este caldo de cultura, este Bloco esfumar-se-à naturalmente, como epifenómeno ocasional. Sem programa político coerente, sem rumo ideológico claro(apenas pragmatismo quase vampiresco) sem estragégia consistente de poder, sem a noção do interesse geral sobre os interessses particulares, o que é este Bloco?
Tudo e nada. A grande âncora dos desiludidos, a espada dos revoltados, a vingança do ressabiados, a esperança dos ingénuos, mas também a grande desilusão de todos aqueles que continuam a acreditar nas miragens dos mágicos de ocasião.
Oxalá me engane, mas este Bloco pode com o seu crescimento artificial, mas concreto e com a sua irresponsabilidade, contribuir para o agravamento dos interesses nacionais, que o mesmo é dizer do bem estar de todos nós.
José Mateus, professor e socialista. Nação Valente
Publicado no Blog SIMplex, como comentário