Um dia não
Há dias não. quem não os teve? um tipo acorda bem disposto. até estava a ter um sonho bom, mas que acabou mesmo no momento em que lhe ia acontecer uma daquelas coisas que só acontecem nos sonhos. terriiiim. maldito despertador. liga o Lcd 3D e continua a ver a duas dimensões. aí começa a desconfiar que o mundo está contra si. que raio de sorte se nem sequer fez qualquer mal ao mundo. ainda por cima o Coelho está em todos os canais. e afinal só para dizer que não disse o que disseram que tinha dito. essa falsa percepção nada tem a ver com a sua comunicação, mas com a capacidade dos indígenas em entender. mas podia ter dito o não dito e ter ido à sua vida. mas não. ia e vinha, ia e vinha. de tal maneira que comecei a duvidar da minha sanidade mental. só vejo coelho, coelho e mais coelho. nem sei se vivo num país de nome Portugal ou se numa terra chamada Coelhândia, onde a língua é o coelhês. às vezes viro-me para a esquerda para ver se vejo porto Seguro. Nein. vejo uma Patetice inSípida e mole( quando há eleições partidárias ? ) vejo uma Petulância Cretina a querer fazer querer que vai governar contra tudo e contra todos. (porca míséria) vejo uma Barafunda Errática, tipo hidra de duas cabeças a gesticular. Mas, chega de siglas misteriosas ou ainda acabo por tirar protagonismo as romances de José Rodrigues dos Santos.
Não há mal que sempre dure, pensei. afinal hoje é odia em que vou entregar-me nas mãos de fada da estilista capilar. desligo o equipamento e mando-me resoluto para o salão de beleza. quando entro apanho a primeira desilusão. nem ali me livro dos lcds. isto já parece o bigbrother. mas do mal o menos, fico mais descansado, no ecrã não há coelhos. há coisas estranhas debaixo da sigla tv record, mas nem um coelho para amostra. as coisas estavam a melhorar, mas não há bem que sempre dure. quem me veio atender não foi a menina corpinho de yorgute magro, que estava a atender uma cidadã de origem brasileira (né?) . quem me veio tratar dos pelos capilares foi a patroa da menina que parece torneada à mão. não entraria seguramente no concurso peso pesado, mas para chegar aos calcanhares da minha (já nem sei se o é?) estilista anda tem de comer muito yogurte sem gordura. e nem está em causa a sua destreza profissional . o cabelo foi aparado sem espinhas, agora que não é a mesma coisa não é.
É definitivo. este não iria ser o meu dia. saí sem aquele contentamento descontente que faz o a respiração acelerar. para esquecer pus-me a caminhar sem rumo. foi assim que por entre gentes indiferentes, comecei a limpar a mente. esqueci coelhos, meninas ingratas e outros animais e dei asas à imaginação. a cada passo, a cada olhar transitório fui construindo o que aqui está relatado. e não garanto que isto tenha qualquer fundo de verdade. o que garanto é que a imaginação não tem limites quando a deixamos à solta. o que garanto é que não há coelhos a não ser à caçador. qual dias não, qual carapuça. na imaginação a menina corpinho yogurte dança só para mim. ou para si. a imaginação não tem ciúmes.
MG