Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 

 

Qualquer semelhança é mera coincidência.

 

Conheceram-se no bas-fond da luta pela vida. Chegaram por caminhos separados e tiveram princípios diferentes. O Pedro começou como menino de coro. Teve até nota alta como barítono. Diz-se que se envolveu, às duas da manhã, no bem bom, com uma cantora Doce. Adquiriu assim a alcunha de BOM. O Paulo fez-se gente nas feiras de ciganos, antes de se render às maravilhas da lavoura e ainda antes de se auto-intitular o robin dos contribuintes. A sua semelhança com Van Lee Cleef valia-lhe a alcunha de Feio, mas o seu percurso sinuoso acabou por lhe fixar o nome do MAU  da fita. O Miguel não se lhe conhece passado digno de nota. Possui vagas referências como imberbe deputado. Terá sido aluno de  Universidades onde não era visto. Exibe um diploma universitário sem cadeiras feitas. Não admira que lhe chamassem o Vilão mal encarado.  

Onde se conheceram? Nas catacumbas do oportunismo. Onde se inspiraram? Consta que num filme de Sergio Leone  intitulado, IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO. O que os uniu? Dinheiro e poder. O que os motivou? Um pretenso pote de moedas de ouro. E logo bolaram um plano para o assaltar. Mas o pote tinha  um guardião terrível, conhecido como Animal Feroz. Sem afastar o guardião era impossível lá chegar. O BOM Vivant sabia que não podia ser só com cantorias. Tinha convicção que era preciso fazer uma longa travessia do deserto. E dizia, sem rebuço, que não se podia ir com muita sede para o pote, pois corria-se o risco de desidratar antes de lá chegar. Já o MAU da Fita, tinha a missão de desacreditar o guardião, acusando-o de desbaratar, em benefício próprio, as riquezas do cofre. O VILÃO era o mais ansioso. Percebeu que o guardião estava cercado e cada vez mais frágil. Cercado por pistoleiros externos, organizados em bandos de assaltantes institucionais. Alvo do franco atiradores multiplicados por milhares de ecrãs televisivos. Atacado pelo  Xerife, caricatura esfíngica de um Presidente da nação.

O VILÃO com o seu ar cínico, disse:-temos que ir ao dito. É agora ou nunca. Tudo está a nosso favor. Até o povo ingénuo já engoliu a peta de que o homem vai fugir com o pote. Avançaram armados de mentiras, promessas vãs e cobardia. Atacaram pelas costas perante os aplausos da turba ululante. Agarraram-se ao pote com sofreguidão. Abriram-no. Nem uma moeda para amostra. Contas e mais contas para pagar: auto-estradas, hospitais, escolas, alguns estádios em excesso, submarinos, subsídios, imobiliário...

Ficaram aterrorizados. Inventaram outra peta. A culpa é do Animal Feroz. Ele vai fugir com o pote. E também tem na mira levar o de Espanha,  e o da Itália. E só não leva o da Grécia porque já não existe. Só resta uma solução disse o BOM Vivant: " Contratamos três pistoleiros internacionais para dar cobertura, mandamos vir um bobo da estranja para distrair o povo, ressuscitamos o Arséne Lupin disfarçado de rei mago e começamos a sacar tudo o que pudermos à canalha. Eu, disse o VILÃO, estou em pulgas para pôr a mão nas empresas públicas e tenho muitos mãos a apoiar-me. Pois eu, disse o MAU da Fita, prefiro ir fazendo umas viagens para me distrair enquanto  vocês enchem o pote. Lavo daí as minhas mãos.

Arsène Lupin saíu melhor que a encomenda. Já não lhe chega tirar os anéis está ainda a levar os dedos. Sempre com falinhas mansas e monocórdicas para adormecer a vítima. A sua máxima favorita é: temos o melhor povo do mundo para vigarizar. O MAU da fita enredou-se na sua própria maldade. Sacou da verborreia e disse: se me perguntarem se estou de acordo estou; se me perguntarem se não estou de acordo não estou. Perante o olhar atónito de Arsène Lupin amarrou o machinho. O BOM vivant e o Vilão  mal encarado, riam a bandeiras despregadas. Afinal riem de quê? A verdade é que as hienas também riem e quando chegar a palavra FIM já nem pote existe.

 

MG

 

 

 

2 comentários

Comentar post