O grito
Grito, de Munch
O grito saiu amedrontado da escuridão
Mal parida,
Abriu os olhos cegos de indiferença
Viu a luz e gostou,
Ocupou praças abandonadas
Calcorreou avenidas deprimidas, sem crença
Deu cor a fachadas tristes de melancolia
Sorriu e gostou!
O grito soltou amarras no peito oprimido
Fez-se verbo, fez-se sangue ,fez-se gente
Abriu bocas cerradas por cândidos demónios
Exorcizou medos, enfrentou adamastores de ignorância
E gritou contra metas de ganância.
Gitou o grito da raiva amordaçada
Gritou o grito da força das consciências
Do tudo e do nada.
O grito está livre,
O grito voou, voou no querer ser, ser
Dançou nas nuvens com anjos de algodão
Beijou o céu embriagado de libertação
Até onde irá?
O céu é o limite?
O limite é a justiça, o limite é razão
O limite é a revolução!
Ou não?
MG