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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

bibo-porto-carago.blogspot.com

 

Hoje fui ao salão de beleza tratar dos meus escassos pelos capilares. Mas o que é isso interessa, dirão habituais ou ocasionais leitores. Não interessa absolutamente nada. Melhor é um não assunto, diria o primeiro se acaso me visitasse. Mas não me visita e ainda bem. Antes só que mal acompanhado. Por outro lado vou falar do quê? Da badalada e estafada crise? Já enjoa até um marinheiro. Do fenómeno Relvas? Para quê bater mais no ceguinho? No bosão de higgs? É coisa de curiosos enxeridos.

Interessante ou não, está decidido. Um não assunto também tem direito à vida. Por isso vou dar uns minutinhos à rapariguinha do salão de beleza.  E digo com toda a sinceridade: independentemente da sua competência profissional é um daqueles exemplares (no bom sentido) que faz um homem desejar acampar permanentemente em frente da cadeira de penteados. Não é que seja muito bonita, mas tem cá um corpinho que faz inveja ao corpinho danone. (depois mando a factura da publicidade)Nem quando uma voz de outra mocinha me perguntou "faz as unhas?" consegui desligar os sentidos da sua presença.

  Quando aqueles dedos que só podem ser de anjo, quando aquela voz tão melodiosa como a quinta sinfonia me perguntou como queria o corte, quando o seu odor a flores campestres me envolveu como uma nuvem, quando luz do  seu olhar reflectido no espelho me cegou o raciocínio, senti que só podia estar no céu.

Mas não. No céu não podiam admitir uma dondoca sentada a meu lado (agora os salões de beleza são unissexo) e que vomitava à velocidade do som um discurso que só podia sair da TLEBS. E num sítio puro e original nunca poderá entrar essa coisa demoníaca. Procurei exorcizar esses demónios e refugiei-me na imaginação especulativa. Imaginei então a rapariguinha no tempo em que se abriam e valorizavam maternidades; vi-a crescer na época em que a pré-escola era um passo importante na formação e em que a escola tinha turmas que cabiam nas salas, apenas na horizontal; bateu-me até que se calhar tirou o curso nas extintas novas oportunidades. Que bem que aplicava o champô. Sempre na dose certa. E que bem que ela manejava a tesoura. Nem uma tesourada fora do sítio. E mesmo sem ter ido à Universidade que útil serviço presta à comunidade. Estive quase tentado a sugerir-lhe que apresentasse o currículo numa faculdade de tecnologias talvez lhe dessem um diploma de engenharia em química. Queria sugerir, mas não sugeri.  Podia ser mal interpretado. E sei lá se tem um pai desconfiado ou um namorado ciumento? E sei lá se depois os clientes ficam invejosos e começam a considerá-la desonesta e oportunista? É que não me importo de perder um ministro ou até um governo inteiro. Mas não quero perder a minha rapariguinha do salão de beleza.

E quem teve a pachorra de chegar aqui talvez tenha aprendido que mesmo um não assunto pode dar vida "prái"  a 2500 ignorados caracteres. E daí a uma licenciatura em pouca vergonha...

 

cronista sem assunto

 

 

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