O liquidador
Era uma vez um homem que queria ser ministro da educação. Toda a sua vida se preparou. Libertou-se do percurso de anónimo professor. conseguiu ascender a presidente de uma corporação disciplinar. Daí a comentador televisivo foi um pequeno grande passo. Especializou-se em criticar a educação do seu país. Para da crítica quase sempre destrutiva não se lhe ouvia uma ideia sobre como melhorar a prática lectiva, resolver o problema da democratização/massificação do ensino, atacar a chaga da indisciplina com raízes profundas fora da escola. Do seu pensamento salienta-se um vago reportório de princípios gerais, como mais rigor, mais exigência, mais disciplina tudo embrulhado em mais exames.
Era um uma vez um homem que queria ser ministro da educação. E foi! Foi? Ministro certamente. Na educação será recordado como o liquidador. Liquidador da qualidade do ensino público. Com aumento do número de alunos por turmas para além do limite dos próprios espaços disponíveis. Com a diminuição do número de professores. Com a superlotação que são os mega-agrupamentos. Com as medidas avulsas com que está a comprometer o verdadeiro trabalho das direcções.
Independentemente do que sabe ou não de educação não tem consciência da negatividade destas medidas. Tem e isso é que é mais grave. Sabe que foi contratado para liquidador. Mas antes ministro por um dia que anónimo para toda a vida. Cumpriu o seu sonho: foi nomeado ministro da educação. Quando era comentador costumava dizer que o Ministério da educação, precisava de ser implodido. O ME vai continuar de pé. O que implodirá será um ensino público de qualidade.
MG